GERAL

Solidariedade na prática

Stella Máris Valenzuela / Publicado em 29 de outubro de 1998

Solidariedade para a professora de inglês e artista, Joice de Brito e Cunha não é apenas uma palavra, mas uma forma de agir. Ela sempre gostou muito de lidar com as pessoas. Assim tem sido nas suas aulas de inglês e no Clube de Teatro, projeto criado desde 89, para que os alunos possam praticar o idioma, através da arte. “Sempre me chamou a atenção o trabalho voluntário. Nos Estados Unidos é uma prática comum. Não só as donas de casa desocupadas, como também profissionais e estudantes. Ouvi falar no Centro de Valorização da Vida (CVV) e achei uma boa idéia”.

Joice passou por um curso preparatório e se tornou voluntária do CVV, a partir de 96. A filosofia é ouvir e não aconselhar. Não se trata de terapia e, tampouco doutrina religiosa. “As pessoas precisam de alguém que as ouça sem julgamentos. E desta forma trabalhamos – aceitando quem nos procura, compreendendo seus desabafos e não emitindo críticas. A intenção é a de que elas próprias elaborarem as saídas”.

Os voluntários são uma espécie de amigo-neutro. São pessoas de todas as idades, de diferentes profissões e variadas experiências culturais. Mas predominam os aposentados. Os plantões são de 4h30min semanais. Chegam até o CVV seres depressivos, solitários, idosos, pessoas das mais variadas faixas etárias. “Recebemos também aqueles que perderam um bichinho, enfim estamos abertos a todos”. O pico se dá em épocas de festas de Natal e Ano Novo. Funciona 24horas por telefone e, o atendimento pessoal é de segundas a sextas-feiras, das 8h às 19h.

A prevenção ao suicídio é a meta. Os primeiros centros surgiram há 30 anos, na Inglaterra, como Os Samaritanos. Mas nem toda a Europa oferece este serviço. Enquanto lá, o trabalho recebe apoio de empresas, aqui só se mantém pela contribuição espontânea dos próprios voluntários. “O prédio é cedido pelo governo estadual, mas vira e mexe vêm ameaças de retirar este apoio”.

Para contribuir no CVV é preciso ter idade superior a 18 anos. Os voluntários passam por uma entrevista seletiva e aprendem técnicas de dinâmica de grupo. Caso se afastem, no retorno passam, outra vez pelo mesmo processo de capacitação. “O CVV é um aprendizado. Lidar com o ser humano me acresce como professora. É um constante dar e receber. O pagamento não é medido em dinheiro, mas na alegria de poder ajudar um amigo necessitado. O telefone é 224.61.11”.

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