GERAL

O Raio de Bauru

Publicado em 28 de abril de 1999

Ninguém, mas ninguém mesmo gostou da piada de um raio na subestação de Bauru, interior de São Paulo, como explicação para o blecaute que deixou 55 milhões de pessoas às escuras no país no dia 12 de março. Entre elas dois terços dos gaúchos.

Na verdade, a apagão era mais que uma possibilidade. Era óbvio. Senão, vejamos:

1)Nos últimos oito anos, nem uma única usina de geração de energia foi construída no Rio Grande do Sul (apesar de o consumo ter se expandido em cerca de 22% no período). Com isso, o estado passou a “importar” 70% da energia que consome.

2)Na privatização da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), em 1998, 54% da receita da empresa passaram para as mãos da iniciativa privada e 88% das dívidas ficaram com a companhia. Em função disso, a empresa opera atualmente com um déficit mensal da ordem de R$ 20 milhões.

3)O verão mais quente dos últimos anos foi também o recordista em consumo de energia. Desde 18 de janeiro, nada menos que cinco recordes foram batidos no pico de consumo. O maior foi na primeira semana de março, que fechou com consumo de 3.456 megawatts.

Com essa equação perversa, considerar o blecaute um acidente é no mínimo piada de mau gosto

VERÃO 2000

Diante desse quadro, dá pra perguntar: teremos um verão 2000 igualzinho ao de 1999?

A atual direção da CEEE garante que não. Primeiro porque a companhia obteve autorização da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para ampliar, em caráter emergencial, a entrada de energia no estado em 300 megawatts. Isso somado à operação da primeira turbina da usina termelétrica de Uruguaiana, que funcionará em dezembro, aumentará a oferta de eletricidade no Rio Grande do Sul em 13% até o final deste ano.

Em segundo lugar, a estratégia de transmissão mudará. Dentro desse esforço de emergência, a CEEE vai aumentar a entrada de energia por Santo Ângelo e São Borja, desafogando a central de Gravataí. A estação ainda é o único ingresso de energia do estado e, só neste verão, foram registrados dois incêndios na unidade devido à sobrecarga. Isso, segundo a direção da empresa, vai “diminuir” os riscos de desabastecimento.

Depois, com o país em recessão, é provável que a demanda de energia não aumente ou, até, diminua. Mas é bom não esquecer que a megafábrica da GM estará funcionando a pleno vapor justamente no verão e na região metropolitana do estado, a que mais consome energia no Rio Grande do Sul.

Diante desse quadro, dá pra perguntar: teremos um verão 2000 igualzinho ao de 1999?

A atual direção da CEEE garante que não. Primeiro porque a companhia obteve autorização da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para ampliar, em caráter emergencial, a entrada de energia no estado em 300 megawatts. Isso somado à operação da primeira turbina da usina termelétrica de Uruguaiana, que funcionará em dezembro, aumentará a oferta de eletricidade no Rio Grande do Sul em 13% até o final deste ano.

Em segundo lugar, a estratégia de transmissão mudará. Dentro desse esforço de emergência, a CEEE vai aumentar a entrada de energia por Santo Ângelo e São Borja, desafogando a central de Gravataí. A estação ainda é o único ingresso de energia do estado e, só neste verão, foram registrados dois incêndios na unidade devido à sobrecarga. Isso, segundo a direção da empresa, vai “diminuir” os riscos de desabastecimento.

Depois, com o país em recessão, é provável que a demanda de energia não aumente ou, até, diminua. Mas é bom não esquecer que a megafábrica da GM estará funcionando a pleno vapor justamente no verão e na região metropolitana do estado, a que mais consome energia no Rio Grande do Sul.

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COTAÇÃO

Não é só o real que despenca ladeira abaixo nos primeiros meses do ano. A cotação do presidente Fernando Henrique Cardoso também caiu, nada menos que 40% de dezembro do ano passado até o início de março. Esse índice representa o número de pessoas que deixou de considerar o governo de FH “ótimo ou bom” segundo a maioria dos institutos de pesquisa do país. Desde fevereiro de 1997, pico da popularidade de FH, a cotação já desabou 68%. No momento de maior desvalorização, o real perdeu cerca de 90% de seu valor.

Na outra ponta da cotação de FH, a valorização do índice “ruim ou péssimo” subiu 53%.

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