EDUCAÇÃO

Educadores discutem um novo milênio

Publicado em 25 de junho de 1999

O IV Fórum Estadual de Educação e o I Simpósio Nacional de Educação, realizado de 20 a 22 de maio, em Lajeado, mostrou que os professores realmente acreditam que a educação é o caminho para a cidadania. Foram 1.101 participantes, oriundos de 21 municípios gaúchos, interessados no tema do evento: O Renascer da humanidade no despertar do novo milênio – Educar é humanizar. E isso não passou despercebido. Autoridades presentes na noite de abertura manifestaram seu entusiasmo frente a tamanha disposição, comentando, inclusive, o movimento que a categoria vem fazendo nesse sentido. Os educadores estavam lá, munidos de muitas cuias de chimarrão e sortidos pacotes de balas e guloseimas. Interessante isso. Era mais que um investimento profissional. Era prazer.

O palestrante da noite foi economista. Não dá pra negar que antes dele começar a falar havia uma certa apreensão no ar. É consensual achar difícil entender o que eles dizem. Mas foi uma surpresa. O carioca César Benjamin não precisa de legendas. Ele é claro, crítico, analítico, compreensivo e otimista. Está certo que ele arrisca prever que o índice de desemprego deste ano vai a 25%, mas mesmo assim é otimista.

EC – O senhor disse que existe uma diferença entre uma crise econômica e uma crise de destino, que é a que o Brasil está vivendo. Por quê?

Benjamin – A crise econômica é a expressão imediata, mais visível e superficial, de uma crise mais profunda. É natural que as economias, no seu processo de desenvolvimento, vivam momentos de expansão e de contração. Mas agora trata-se de escolher entre trajetórias diferentes. Ou seja, destino.

EC – Já vivemos algum momento desses?

Benjamin – O último mais importante que vivemos foi em 1930, quando tínhamos uma economia de base agrário-exportadora que teve de optar entre dois caminhos completamente diferentes. Se o Brasil reafirmasse sua condição agrário-exportadora de 1930, hoje ele seria diferente do que é.

EC – Por quê?

Benjamin – Podemos dizer que a crise de 30 definiu a trajetória do século. A minha hipótese é que a crise atual definirá a trajetória do século 21: a de que o Brasil reconstrua no seu interior forças sociais e políticas que retomem um sentido de construção nacional. Se isso for feito, marca o próximo século.

EC – Pode transformar a crise em construção?

Benjamin – Exatamente, por que nós somo uma nação em construção. Não uma nação acabada. E essa construção foi interrompida na década de 90. Eu diria que o mais importante elemento de finalização da construção é a criação de um povo de cidadãos.

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