OPINIÃO

Educando os educadores para o século 21

Kátia Madruga / Publicado em 25 de agosto de 1999

Com a chegada de um novo milênio, aparece o desafio de olharmos para o “espelho” que reflete a imagem do educador e observarmos atentamente todos os acertos e defeitos. Surgem, então, algumas perguntas: Onde é possível melhorar? Que pontos positivos podemos ressaltar?

Particularmente, preocupo-me muito com um dos defeitos: a não inclusão, durante as aulas, de assuntos ligados aos problemas e maravilhas ambientais. Pergunto-me, então: como estou educando meus alunos em relação às questões ecológicas? Como fazê-los entender que muitos dos recursos não são renováveis? Como proporcionar discussões em torno dos custos ambientais (material desperdiçado, meio ambiente destruído)? Como orientar o diálogo para o reconhecimento e a proteção das riquezas naturais que este país possui? Como fazer os alunos observarem os ciclos dos produtos, que não se trata apenas de pegar o produto final na prateleira do supermercado? Como fazê-los entender que somos privilegiados, vivendo num país de uma beleza natural imensa e que precisamos aprender a respeita-la? Como falar de ética ambiental num país em que as pessoas derrubam árvores para ganhar dinheiro?

Reconheço vários pontos positivos: a preocupação está me levando a “procurar espaço” para incluir os assuntos ambientais nas aulas. Sei respeitar a criatividade dos alunos, percebo que os alunos brasileiros são bastante flexíveis e abertos a mudanças.

Estas preocupações e reconhecimentos não surgiram por acaso. Nos últimos anos, tenho lido muito e participado de vários cursos sobre Educação e Gestão Ambiental. Mais recentemente estive participando de um curso em Lund, na Suécia (29 de maio a 18 de junho de 1999) sobre a implementação da Gestão para Prevenção da Poluição nos currículos universitários. Éramos 32 participantes de 25 países em desenvolvimento.

O curso deixou claro que na Europa, nos Estados Unidos e Canadá crescem o número de disciplinas que discutem as questões ambientais, tanto nas séries primárias quanto no nível superior. Com certeza, os países de economias menos privilegiadas também têm que se preocupar com a maneira como estão educando seus alunos e preparando o profissional do próximo século em relação à utilização dos recursos naturais.

Como educadora de um país que enfrenta uma série de problemas sociais, penso que os assuntos ambientais estão diretamente ligados às questões sociais, políticas e econômicas. E que precisamos inclui-los nas agendas de discussões, aproveitando que trabalhamos com alunos que culturalmente estão aptos a mudanças e a desafios.

* Kátia Madruga é professora da Administração de Empresas da Ufrgs e da Fates Lajeado

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