EDUCAÇÃO

Respeitos as diferenças

Publicado em 24 de outubro de 1999

Afinal, como o aluno aprende? Foi fazendo esse questionamento que 12 educadoras do Vale do Sinos se deram conta, a partir da linha de trabalho de vários estudiosos e pedagogos, que é preciso “ressignificar” o aprender. Com essa certeza, constatada a partir da organização da suas próprias práticas pedagógicas, decidiram compartilhar essa reflexão – que acreditam transformadora – e escrever um livro.

Saiu então Reinventando a escola, um caminho de aprendizagem pelo respeito às diferenças, lançado em março deste ano pela Instituição Evangélica de Novo Hamburgo. No livro lêem-se alguns pré-requisitos para que de fato possa ocorrer essa ressignificação do aprender. Entre eles o respeito pela individualidade de cada aluno, a compreensão de que o conhecimento partilhado se constrói por meio da atividade e do discurso conjunto e o entendimento de que a intervenção do professor deve ser no sentido de proporcionar situações educativas que promovam a autonomia do sujeito, valorizando o que ele já sabe.

As autoras afirmam que no seu trabalho procuraram visualizar as múltiplas diferenças dos alunos. “Pensar a diferença é ter em mente a mudança e flexibilidade. Nós aprendemos e concebemos o mundo de forma heterogênea, por isso conhecer e descobrir de que maneira o aluno aprende é essencial para o professor intervir nesse processo”, escrevem as autoras no livro. Para elas, como o conhecimento também é construído a partir das relações do indivíduo com o espaço natural, cultural e social, os educadores devem favorecer atividades em pequenos grupos, pois a interação é fundamental para o processo de ensino e aprendizagem.

Na obra, esta proposta de ensino-aprendizagem recebe a denominação de Atividades Diversificadas. Sinteticamente, ela recomenda trabalhos em pequenos grupos com atividades diferenciadas, desafios mais complexos para alguns alunos e mediação dos educadores, promovendo um laço singular com cada aluno.

Detalhe peculiar do livro é que cada capítulo inicia com uma frase, escrita em uma língua diferente. Na verdade, é sempre a mesma frase do psicanalista Jorge Visca que diz o seguinte: “a aprendizagem para uma pessoa abre o caminho da vida, do mundo, das possibilidades até de ser feliz”. Janete Teresinha Hugenthobler, supervisora pedagógica e uma das autoras, explica que a citação tem o objetivo de, justamente, evidenciar as diferenças. “Sem o domínio da língua e conhecimentos prévios, o significado do pensamento de Visca não seria compreendido. Portanto, é necessário que haja uma idéia, um saber relativo que se possa pensar a respeito e construir um conhecimento”, diz.

As autoras são Adriane Brévia, Ana Cristina Richter, Ana Paula dos Reis, Carina Saraiva, Cleunir Mendonça Eloi, Fernanda Gehlen Eckard, Flávia Gehlen, Janete Hugenthobler, Marga Muller Rodrigues, Maria Helena Bressler, Rosani Lunkes Ramm e Sabrina Ferreira.

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