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O que fazer quando a criança apresenta frequente sonolência ou até dorme em sala de aula?

Publicado em 23 de novembro de 1999

Segundo a neurologista Claudia da Cunha Godinho, alguns dos distúrbios do sono e vigília podem corresponder a uma das causas do mau desempenho escolar. Estes problemas levam a uma perda da atenção, acompanhada por sonolência e, na tentativa do aluno manter-se acordado, inquietação e agitação. “Essas crianças geralmente parecem desatentas, resistem a tarefas que requerem atividade mental contínua e acabam adormecendo em situações monótonas”, caracteriza.

A psiquiatra Márcia Ilha avalia que a primeira coisa a se fazer nesses casos é o professor conversar em particular com o aluno. “As crianças podem contar problemas relacionados a medos (terror noturno, pesadelos ou visões antes de adormecer) que fazem com se esforcem para não dormir à noite, ficando assim sonolentos durante o dia”, explica.

Ela alerta que também é preciso ser considerada a existência de problemas domésticos, assim como brigas entre os pais, violência de um dos pais com o cônjuge ou com os filhos, abuso sexual, etc. “A criança funciona como um radar, portanto sinaliza de alguma forma as instabilidades do seu ambiente”, ensina a médica.

Se a conversa com a criança for infrutífera, é necessária uma investigação junto aos pais na procura de alterações na rotina da família, abordando gentilmente os relacionamentos em casa, as formas de punição usadas pelos responsáveis, com quem as crianças ficam na ausência dos pais e se estas pessoas são confiáveis.

Caso esta abordagem também não apresente elementos suficientes, deve-se partir para a avaliação médica e, se for o caso, psicológica. Um neurologista ou psiquiatra pode averiguar transtornos do sono, como insônia a noite ou hipersonia (a criança dorme à noite mas tem sonolência diurna excessiva). Ambos os casos podem ter causas orgânicas ou não orgânicas.

A origem da hipersonia orgânica pode ser por problemas hormonais, infecções cerebrais, dificuldade de respirar durante o sono (à noite), ingestão de medicamentos (como anti-alérgicos, anti-convulsivantes e anti-depressivos), entre outras.

A psiquiatra ensina que além dos transtornos do sono, deve- se considerar os transtornos de humor. O transtorno depressivo maior, por exemplo, apresenta sintomas associados como humor deprimido ou irritável, perda do interesse e prazer nas atividades habituais, perda ou aumento de peso significativos, agitação ou lentificação, cansaço, dificuldade de pensar e se concentrar, sentimentos de culpa ou preocupações excessivas. Se o diagnóstico não for orgânico, uma consulta e acompanhamento psicológico são indicados.

A coluna Pergunta de Mestre é publicada mensalmente pelo Extra Classe. Suas questões podem ser encaminhadas pelo e-mail comunica@sinprors.org.br 

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