OPINIÃO

Editorial

Publicado em 8 de novembro de 2000

A aventura da democracia mais uma vez coloriu o Brasil nos últimos meses com a batalha eleitoral por prefeituras e postos de vereança. O saldo final de todo o processo é, mais uma vez, positivo em sua globalidade. Nada mais salutar que o exercício da cidadania livre de empecilhos e cabrestos. Nada mais educativo para um povo que o livre e soberano exercício da democracia. Num país de constantes desvios políticos com longos e obscuros períodos de olvidamento dos mais elementares princípios democráticos, a sensação que nos fica após cada eleição é de que nesse processo estamos aprendendo e, muitas vezes, praticamente começando de novo. O meritório nisso tudo é a capacidade crescente da população em discernir entre intenções políticas sérias e fundamentadas e candidatos “falcatruas”, sempre de plantão e afim de descolar uma “boquinha”. E não são poucos os que ainda vêem a carreira política como uma maneira de “se dar bem” e conseguir abocanhar uma parte, mínima que seja, do poder para advogar em causa própria ou exercitar um corporativismo escandaloso em vez de exercer seu mandato “para e pelo povo” como prevêem os fundamentos básicos das instituições democráicas. Felizmente, cada vez mais um número maior de pessoas tem aprendido a descartar oportunistas assim como vamos aprendendo a separar o lixo orgânico do reciclável, a exigir um mundo mais justo e humano, apesar da crescente violência, para nós e nossos pósteros. As poucas notas lamentáveis de algumas campanhas da última eleição, assim como em eleições anteriores, ficam ainda por conta de alguns candidatos anacrônicos e visivelmente despreparados para o jogo limpo e pleno da democracia. São nomes muitas vezes (mal) acostumados a um processo eleitoral hipócrita que perdurou no Brasil durante o último e massacrante período de exceção que o Brasil teve de suportar por 20 anos a partir de 1964. Felizmente, ainda, tais candidatos revelam-se, como os dinossauros, verdadeiros exemplares de uma raça em extinção. Devem, assim, ir sumindo aos poucos, ganhando votos de apenas alguns incautos ainda desavisados de sua condição de peças absolutamente inúteis no processo evolutivo da democracia. Espera-se que chegue o dia em que tais candidatos serão apenas uma pálida lembrança de tempos ruins. Bom será o dia em que pudermos dizer, sem qualquer ponta de saudade: “Lembra do tempo em que os parlamentos eram redutos de corruptos e oportunistas?”

Ao mestre, com carinho

O compositor baiano Tom Zé, um dos nomes que ajudaram a construir o movimento tropicalista no Brasil no final dos anos 60, sucesso entre a nova geração, como comprovou o Bar Opinião lotado em outubro, dedica seu novo disco, que será lançado neste mês de novembro, a seus professores. Não apenas mas coincidentemente também por isso ele será personagem principal das páginas centrais da próxima edição do Extra Classe em nossa habitual entrevista falando não só de música mas da cultura brasileira em geral.

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