GERAL

O xadrez imperial

Publicado em 13 de maio de 2002

E os EUA seguem com sua estratégia de escantear o Brasil no âmbito das decisões internacionais. Segundo o brasilianista Keneth Maxwell, o México foi escolhido pelos assessores de Bush para ser “o grande líder dos países latinos”, pois dá amparo aos interesses americanos no Alca, o que não é o caso do Brasil. Também não foi preciso fazer muita força para mandar o Mercosul para o espaço já que a falência generalizada de órgãos da Argentina se encarregou disso; bastou dar corda para o auto enforcamento e retirar os dólares. Também houve pequenas crises comerciais entre Brasil e EUA, que ao mesmo tempo, foram conseqüência e motivo para os desconfortos entre os dois países. Mais recentes, foram as manobras americanas para demitir o diplomata brasileiro José Maurício Bustani, do cargo de diretor-geral da Organização para a Proscrição das Armas Químicas, Opaq. O evento abre um precedente grave e desmoralizador das organizações multilaterais. Ou seja, todo dirigente que contrariar os interesses dos norte-americanos nessas instituições pode estar com seu bilhetinho azul assinado. No caso do diplomata brasileiro, isso ocorreu com a cumplicidade de 91 dos 98 países que integraram a sessão que avalizou a decisão, o que não exime a incompetência do Itamaraty no episódio, afinal, Washington perpetrou um verdadeiro golpe, quebrando os trâmites normais da organização e os bons costumes internacionais, ficando tudo por isso mesmo. Na prática, utilizou seu poderio econômico para chantagear os países-membros e promover a queda de Bustani. O motivo se deve à atuação “independente” do brasileiro, que dificultava o desejo americano de levar seus mísseis até Sadam Hussein. O próximo passo dos EUA é minar a credibilidade do sueco Hans Blix, diretor da missão da ONU responsável pela inspeção de armas no Iraque. Se conseguirem, o caminho estará aberto para uma nova guerra do Império contra o mal.

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