OPINIÃO

Pax americana

Publicado em 13 de maio de 2002

Enquanto a mídia local da Venezuela se omitia de divulgar que a população mais pobre, diga-se de passagem a maioria, saía às ruas reivindicando a restauração da democracia, a agência de notícias Reuters divulgava o seguinte texto, publicado em português pela Folha On Line: : “Apesar de a mídia local ignorar a reação da maioria pobre da Venezuela, na periferia de Caracas Chávez é considerado mais herói do que nunca”. Simultaneamente a revista Época, pertencente ao grupo Globo, praticamente comemorava o golpe que derrubara Chávez, mesmo já tendo o mesmo voltado para sua cadeira presidencial. Golpe se comemora?

Independente das notícias, o fato é que fica muito difícil prever o que vem por aí, tanto na Venezuela, como na Argentina e quem sabe no próprio Brasil. O descontentamento norte-americano com Chávez ficou evidente com o reconhecimento instantâneo e suspeito do presidente golpista. Os EUA também não andam nada contentes com o Brasil. Portanto nossos quintal pode não estar tão seguro quanto se imagina. Vejam o que diz Kenneth Maxwell, historiador inglês radicado nos EUA, e autor de vários estudos sobre a realidade brasileira, em seu recente artigo publicado pelo suplemento Mais! (Folha de S.Paulo, 7/4/2002) : “Haverá discussões intransigentes, decisões difíceis e pouca tolerância para com os sofismas já tradicionais vindos do lado latino-americano e com as expressões de solidariedade vazias de significado proferidas pelo lado americano. E, como as tendências parecem estar indicando, essa mudança vai ajudar o México a fortalecer seu papel de interlocutor latino mais destacado em Washington, ao passo que o Brasil será relegado à margem ou, o que é pior, a um isolamento hostil, dentro de um conjunto reconfigurado de prioridades americanas no hemisfério Ocidental”. A afirmação é de Kenneth Maxwell, historiador inglês radicado nos EUA, e autor de vários estudos sobre a realidade brasileira, em seu recente artigo publicado pelo suplemento Mais! (Folha de S.Paulo, 7/4/2002). Fica a pergunta: a quem pertence nosso futuro?

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