OPINIÃO

Transição para uma cultura da paz

José Albino Rohr / Publicado em 5 de junho de 2005

No mundo conturbado em que vivemos, percebemos a presença cada vez mais intensa e intrigante da violência. Basta abrirmos as páginas de um jornal, prestarmos atenção à programação das emissoras de televisão e de rádio, às manifestações do temor dos cidadãos em relação à falta de segurança, atentarmos para o comportamento dos atletas na sua prática (muitas vezes pouco esportiva), observarmos a conduta agressiva e pouco respeitosa de muitas pessoas, aferirmos a sanha predatória com que se trata o meio ambiente, para constatarmos o quanto a violência permeia a vida moderna.

Por vezes essa violência se manifesta de forma explícita através de agressões físicas, sexuais, verbais, da pressão psicológica, da luta armada e outras tantas. Outras vezes, revela-se de forma mais sutil, mas não menos perversa, através do abandono e da negligência para com os mais desvalidos: crianças, indigentes, portadores de necessidades especiais, idosos.

É tal o grau de violência em nossa sociedade que podemos afirmar, sem qualquer exagero, que vivemos numa verdadeira cultura de violência. E a cultura, na concepção de Paulo Freire, “é a expressão do esforço criador do ser humano”; ou seja, não é inata, mas é construída no processo das relações sociais; assim sendo, é passível de mudança.

A sociedade de modo geral e o nosso educando, em particular, vivem no contexto dessa cultura, e por ela são influenciados. Se, como educadores, acreditamos que um outro mundo – um mundo de paz – é possível, somos chamados para a missão irrefutável e desafiadora de construí-lo.

A paz que queremos não significa meramente a ausência da guerra, da violência explícita. Significa, sim, harmonia, respeito pelos direitos e pela dignidade humana, desenvolvimento social e satisfação das necessidades básicas dos seres humanos em todos os níveis.

Tendo em vista a importância estratégica da educação e da qualificação dos educadores para a árdua e sublime tarefa de construção de um novo mundo de paz, o Departamento de Ciências Sociais – Campus Santa Rosa-Unijuí/RS, com o apoio da Pastoral Universitária Ecumênica e Sinpro/RS, programou um curso de extensão (o qual teve início no dia 13 de abril deste ano e término previsto para o dia 09 de novembro) com a temática Cultura de Violência e Paz. Este pretende ser uma contribuição da Universidade para a efetiva implantação de um mundo melhor que, temos certeza, é possível.

Formação de professores na vida da escola
Prof. Rafael Arenhaldt*

Quem vive e convive na escola, quem dali vê e pensa o mundo e a vida, percebe e sente as mazelas e as potencialidades de um jeito próprio de fazer escola e de um em-se-fazendo docente na escola. Quem faz e tece a escola, antes de tudo se faz e se tece na escola. Quem no estar-junto e de dentro da escola capta o mundo, percebe que a construção de uma escola com sentido e significado passa por uma teia complexa e interconectada, sendo que um de seus elos é a formação de professores no âmbito da escola.

Via de regra, os modelos e as propostas de formação de professores pouco têm levado em conta a vida, a experiência profissional e os saberes da própria docência, assim como muitos de nós professores e instituições escolares não temos respeitado as histórias de vida e saberes de nossos alunos. Trazer a vida em sua complexidade para a escola não é tarefa fácil, mas fundamental para a construção de uma escola com sentido.

Nesta perspectiva, os professores e a Coordenação Pedagógica da Escola Técnica Mesquita têm viabilizado um programa de formação pedagógica na vida da escola, uma formação de e para nós mesmos, uma formação que contemple os saberes da docência da Educação Profissional. O intuito é valorizar e respeitar os saberes e as experiências pedagógicas dos próprios professores, como protagonistas de sua formação, na perspectiva de uma proposta que subverte a ordem tradicional de formação docente. São eles os palestrantes, os formadores e não simples ouvintes e coadjuvantes. É a partir dos saberes e da vida da docência que viabilizamos a contínua construção do nosso Projeto Pedagógico, o que, tudo indica, reflete na melhoria da qualidade do trabalho docente na prática pedagógica, nas estratégias de ensino-aprendizagem, na didática e na relação com o aluno na vida da escola.

Comentários