GERAL

Lobão versus Suassuna

Publicado em 4 de setembro de 2005

A passagem do roqueiro e agitador cultural Lobão pela 11ª Jornada Nacional de Literatura não decepcionou quem aprendeu a admirar a irreverência do cantor. Momentos antes de Ariano Suassuna iniciar sua conferência, no Circo da Cultura, o cantor não poupou críticas ao dramaturgo e escritor, que pela manhã havia se recusado a admitir o rock como parte da diversidade cultural brasileira. “Nasci e vivo no Leblon, no Rio de Janeiro. Meu pai não andava a cavalo no sertão. Nem por isso sou menos brasileiro”, afirmou Lobão. “Suassuna é um grande escritor, mas como pensador é um ‘m…’. Ele é de um provincianismo inaceitável”, acrescentou. Na terça-feira à noite, Lobão subiu ao palco do Circo da Cultura para apresentar o show de lançamento de seu mais recente álbum, que começou lotado, mas não segurou parte do público até o final.

Fraldas pintadas

Manifestantes promoveram um ato público em frente ao Congresso Nacional, em Brasília, intitulado “Fraldas Pintadas”. Eles defendem a inclusão de creches no Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e Valorização dos Profissionais de Educação). O Fundeb substituirá o atual fundo, o Fundef, que financia a Educação Fundamental pública. Atualmente, o Fundef (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental) redistribui os recursos de estados e municípios de acordo com o número de alunos matriculados de 1ª à 8ª séries da rede pública. Vale lembrar que o Fundeb é promessa de campanha de Lula, e inclui estudantes da educação infantil (quatro a seis anos), média e de jovens e adultos. Mas a proposta deixa de fora os alunos de creche (zero a três anos) e não definiu a proporção de investimentos em Pré-escola e Ensino Médio.

Fora da Lei

Segundo a Folha de S. Paulo, apenas 15 das 84 universidades particulares existentes no país cumpriam a determinação legal de ter ao menos um terço de seu corpo docente trabalhando em regime integral, a um ano de terminar o prazo dado pela LDB (Lei de Diretrizes e Bases), em 2003. Dados preliminares atuais, obtidos por meio do cadastro do Ministério da Educação, apontam também que, de 86 universidades privadas existentes hoje, 21 continuam sem cumprir a meta. A exigência do regime integral é fundamental para garantir pesquisa nas universidades, já que prevê uma jornada de 40 horas semanais para os professores, sendo metade destinada a estudos e trabalhos de extensão.
CUT desgasta Rigotto – Começou, em 1° de setembro, a terceira fase da campanha Acorda Rio Grande – a farsa acabou, lançada pela CUT-RS. Os sindicalistas que fazem parte da Central começaram suas ações discutindo a maneira como o governo Rigotto vem tratando a saúde pública no seminário “Os trabalhadores e o Sistema Único de Saúde (SUS)”, em debate ocorrido em Porto Alegre para o lançamento da atual etapa da campanha. Iniciada no dia 1° de abril, a campanha da CUT surgiu com o objetivo de destacar o crescimento no número de impostos no Rio Grande do Sul. Na primeira fase foi debatido o aumento de 30% sobre serviços de telefonia, energia elétrica e combustíveis. Já a segunda, discutiu a segurança pública, condenando a omissão do governo do Estado na área.
Grito dos EXCLUÍDOS – Atividades serão realizadas em várias cidades gaúchas. Na Capital ocorrerá caminhada e ato político no dia 7 de setembro.

O rei só

Em outubro de 1999, a crise de popularidade de FHC era bem maior do que a de Lula hoje – apesar dos escândalos envolvendo o partido do presidente em corrupção –, e provocava o esfacelamento da base de apoio do governo, gerando uma corrida precoce pela sucessão presidencial que ocorreria em 2002. Fernando Henrique Cardoso, o sociólogo que virou presidente, cada vez mais lembrava os velhos coronéis da política brasileira. A comparação feita na épocaé de autoria do cientista político Eduardo Corsetti, mas poderia muito bem ter sido dita por qualquer um dos mais de 88 milhões de eleitores que consideraram o governo dele, em setembro daquele ano, péssimo, ruim ou simplesmente regular. A comparação, além da insatisfação, definia também a personalidade contraditória do então presidente da República. FHC foi, em seu governo, um político tradicional e agiu como tal. Por fim, isolou-se politicamente ao assistir sua base de sustentação se fragmentar e não apontar soluções para os problemas mais graves do país: desemprego, saúde e segurança. Para completar, o isolamento gerou um fato inédito na história política do país até aquele momento. Ainda faltando três anos para a eleição presidencial, cresciam as candidaturas prematuras e o debate em torno da sucessão. Havia se passado apenas um ano da sua reeleição, e Fernando Henrique não mostrava sinais de que poderia apresentar alguma alternativa de governabilidade no longo tempo que lhe restava pela frente. O número de pesquisados que consideravam a gestão de FHC ruim ou péssima, segundo o instituto Datafolha, chegava a 56%, eram 64% os que o achavam preguiçoso, 62% que ele era falso e 56% que era indeciso. Além disso, 78% julgavam que Fernando Henrique respeitava mais os ricos do que os pobres. Leia sobre o assunto em (www.sinprors.org.br/extra/out99/index.html).

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