GERAL

Polícia que mata

Publicado em 4 de outubro de 2005

Mais um cadáver foi parar nas mãos do secretário estadual de Justiça e Segurança, José Otávio Germano, por conta da violência de seus policiais militares. Na sexta-feira, 30, o sindicalista Jair Antônio da Costa, 31 anos, participava de uma manifestação de sapateiros na RS 239, em Sapiranga, quando foi imobilizado e teve o pescoço esmagado por um cassetete. A declaração de óbito assinada pelo médico Fernando Soares, do Posto Médico Legal de Novo Hamburgo, aponta homicídio por asfixia mecânica provocada por contusão de laringe e traumatismo cervical. Um tenente, um sargento e três soldados foram afastados pelo comando da BM, Ilson Pinto de Oliveira. O advogado contratado pelo Sindicato dos Sapateiros classificou a morte como “execução por força bruta”. Foi bem mais contundente que Germano, que limitou-se a lamentar o que viu como um simples “incidente”.

Força bruta

As gerais do estádio Beira-Rio viraram um inferno no final do empate de 2 a 2 entre Inter e Fluminense, no domingo, 02. Ao reagir à provocação de torcedores, PMs dispararam granadas de gás lacrimogênio e balas de borracha contra as arquibancadas antes de invadir e usar os cassetetes. Resultado: 22 feridos entre os quais um homem em estado de coma e uma criança com deslocamento de clavícula. A truculência já custou a cabeça do major Alexandre Menuzi, comandante do Batalhão de Operações Especiais, responsável pelo policiamento do estádio, que foi afastado pelo governo do Estado. Os “incidentes” são tantos que fazem pensar. Não foi esse governo que se elegeu usando a segurança como mote de sua campanha eleitoral? Até agora a Secretaria de Segurança só tem conseguido chegar atrasada na cena do crime. E sobre a Brigada, que é subordinada ao governo, das duas uma, ou está sendo orientada para o confronto ou está com sérios problemas de comando. Secretários já caíram por menos.

Nota Pública
A polêmica do curso de Medicina da Unisc

Uma campanha tem chamado a atenção da sociedade gaúcha. Uma campanha contrária a uma nova oferta de ensino, fato incomum numa sociedade que ainda busca consagrar a educação como um valor fundamental.

Trata-se da intensa campanha do Sindicato Médico e do Conselho Regional de Medicina do RS contra a abertura do curso de Medicina da Universidade de Santa Cruz do Sul – Unisc.

Para justificar seu posicionamento, as entidades representativas da corporação médica invocam o número já privilegiado de médicos no RS, o que dispensaria a criação de um novo curso.

O argumento tem o evidente princípio da reserva de mercado e deixa na sociedade a convicção de que as lideranças médicas, de fato, buscam garantir a limitação do número de profissionais, dispensando a análise da qualidade da oferta de ensino, a qualidade profissional dos futuros egressos e, é claro, limitando o direito de opção dos tomadores do serviço médico entre um número maior de profissionais.

Se sobram médicos, como afirmam os dirigentes da corporação, o que dizer dos professores, jornalistas, engenheiros, arquitetos que, infelizmente, também encontram esse mesmo mercado demasiadamente competitivo? E nem por isso suas entidades representativas movem campanhas contra novos cursos ou faculdades.

A atual campanha contra o curso da Unisc não constitui fato inédito no cenário educacional gaúcho. Há alguns anos, o mesmo já aconteceu por ocasião da tramitação do processo de autorização do curso de Medicina da Ulbra.

Para além da campanha publicitária e da polêmica instaurada, face ao parecer técnico do Ministério da Educação favorável ao curso de Medicina da Unisc, o Sinpro/RS espera agora que o Conselho Nacional de Educação, de forma autônoma e soberana, se paute pelo interesse maior da sociedade em detrimento de razões corporativistas e de mercado.

Diretoria Colegiada Sinpro/RS
Futebol

Em uma mesa-redonda na TV italiana, Franco Scoglio, de 64 anos, ex-treinador do Gênova, morreu de ataque cardíaco quando participava de um programa televisivo e mantinha uma acalorada discussão com o presidente do clube italiano, Enrico Preziosi. Logo após sentir-se mal, a transmissão foi suspensa e chamou-se uma equipe médica, que só pôde confirmar a morte do técnico.

No Brasil, o futebol está sendo levado cada vez menos a sério. A chamada máfia do apito está fazendo com que os árbitros desonestos honrem cada vez mais os adjetivos que lhes são historicamente atribuídos pelas torcidas.

CRISE – Parece que na crise do mensalão melaram os planos da oposição, pelo menos por enquanto. Os motivos principais são de um lado um grande número de denúncias e de outro a falta de provas que estabeleçam o nexo entre as acusações e o governo.

Arquivos secretos

Ao assinar o decreto 4.553 de 30 de dezembro de 2002, FHC multiplica os cadeados que guardavam documentos sobre a história da repressão durante os anos de chumbo. O último ato de FHC paralisa pesquisas acadêmicas e soa como uma cusparada na cara de entidades de direitos humanos. “O único presidente que até hoje tornou públicos arquivos que estavam em seu poder foi Collor”, lembra Suzana Lisboa, viúva de Luiz Eurico Lisboa, morto pelo regime militar em 1972. Collor a-briu documentos do Dops que estavam sob a guarda da Polícia Federal.

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