OPINIÃO

Eu conto do mato

Publicado em 23 de setembro de 2006

Abriu o macio edredom para mim
como um zangão abre as asas para sua rainha abelha,
como um cavalheiro à sua donzela,
como um carneiro à sua quentinha ovelha,
como um cobertor de orelha ele me cobriu
e dormimos profundamente rendidos ao aconchego do outro,
como que de volta ao teto do nosso amor.

No meio da madrugada, no silêncio sofisticado
da sinfonia dos sapos e grilos,
componentes da orquestra da escuridão,
fomos acordados pelo desejo.
Foi ele.
Nos cutucou, nos convidou à nossa festa deliciosa e rara.
Topamos.
Era trote, era galope, era amor e era no mato.
Era na cama, mas era no mato!
Dormimos outra vez brotados de outra paz.

Outra vez o desejo, este galo cocorocó de nosso quintal,
nos desperta para a matinal cavalgada,
para o passeio no corpo do outro, na alma do outro…
o velho novo sol ardente invadindo a invernada!

Não sei se as palavras que eu disse aqui
traduzem a tamanheza e a iluminação
da intimidade do fato.
Ô , meu Deus,
não sei se explico exato…
eu sei que era na cama,
mas era no mato!

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