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Henry Sobel: “Esta guerra foi um desastre”

Por César Fraga / Publicado em 23 de setembro de 2006

Em depoimento exclusivo ao Extra Classe no último dia 21 de agosto, o rabino Henry Sobel, por telefone, de São Paulo comentou as afirmações polêmicas publicadas em nossa edição de agosto, em que o Nobel da Paz Adolfo Perez Esquivel, entre outras coisas, diz que os ataques de Israel ao Líbano configuram “terrorismo de Estado”, expressão que causou reações na comunidade judaica da Capital.

O rabino adjetiva a guerra como lamentável, “pois matou e feriu inocentes de ambos os lados. Uma coisa é certa, Israel jamais teria bombardeado o Líbano se não estivessem infiltrados no meio da população civil libanesa os militantes do Hezbollah, uma organização terrorista que há muitos anos vem usando o país como plataforma de lançamento de foguetes contra a população civil israelense e também como campo de treinamento de homens-bomba, que acham glorioso matar o maior número possível de homens, mulheres e crianças israelenses”. Para Sobel, porém, Israel agiu em defesa própria, mas adverte: “Nada justifica o sacrifício de vidas da população civil libanesa. Infelizmente, para cada ação há uma reação. E o Hezbollah aproveitou, usou e abusou das condições que o próprio governo do Líbano não conseguiu controlar”.

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Foto: Divulgação

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Indagado sobre as causas dos ataques, o rabino pondera: “Talvez tenha sido uma reação desproporcional, levando-se em consideração o seqüestro dos dois soldados de Israel. Mas é preciso observar o episódio tendo em vista a ameaça que o Hezbollah representa na região. O fator de desestabilização, que serve aos interesses do Irã, tornou a ação necessária, embora lamentável”.

Sobel comenta o artigo de Esquivel sem se deter muito. “Não se trata de terrorismo de Estado. O único terrorismo praticado é o do Hezbollah, e acabou prejudicando o próprio país que o apoiou.” Sobel diz, ainda, que do ponto de vista estratégico e político esta guerra foi “um desastre”, pois não conseguiu desmantelar o terrorismo, principal objetivo. Além disso, teria revelado que o Hezbollah está militarmente muito mais forte do que Israel imaginava. “Israel e Estados Unidos acabaram perdendo uma batalha na guerra maior entre os fundamentalistas islâmicos e os defensores da democracia. Foi uma lástima. Foi o maior erro militar de Israel desde sua fundação, em 1948. Oxalá o cessar fogo possa trazer bom senso para ambos os lados e que vidas humanas sejam poupadas no futuro”, conclui o rabino. (César Fraga)

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