ECONOMIA

Desenvolvimento local: caminhos e descaminhos

José Antônio Alonso / Publicado em 23 de setembro de 2008

A proximidade das eleições municipais traz à tona questões que envolvem todas as comunidades locais. É tempo de se fazer um balanço dos resultados obtidos nos últimos anos e de projetar o futuro. Além dos problemas gerados pela deficiente oferta dos serviços básicos como educação, saneamento, saúde e segurança, há o tema do desenvolvimento local que é, na verdade, o mais abrangente de todos.

O debate sobre o desenvolvimento local é centrado nas questões que envolvem o emprego, a renda (massa de salários) e os efeitos fiscais para o governo municipal. Neste sentido, a busca de novos empreendimentos ou a manutenção dos existentes passa a receber atenção especial, particularmente, nas pequenas comunidades. É grande o número de municípios que têm sua economia sustentada por um ou dois empreendimentos industriais, em torno dos quais gravitam as demais atividades. Não há nada de errado nisso, mas há riscos que devem ser avaliados previamente, se possível, para evitar dificuldades futuras.

Em tempos de globalização assimétrica e reestruturação produtiva, mudanças súbitas poderão ocorrer em alguns setores, determinando expansão, redução ou fechamento de estabelecimentos, combinados ou não, com relocalização de fábricas, especialmente firmas que operam multiplantas. Os municípios que forem privilegiados com aumento das escalas industriais já existentes ou que recebem novos empreendimentos terão a oportunidade de elevar o nível de emprego e das rendas locais.

Por outro lado, algumas localidades são penalizadas com a redução ou encerramento de atividades que já faziam parte do cotidiano da comunidade, jogando milhares de pessoas na situação constrangedora de pobreza e de limitações de toda a ordem. No Rio Grande do Sul há vários casos de municípios que enfrentam crises com estas características. O caso do município de Turuçu, localizado na zona Sul do estado, é emblemático. Além da agropecuária, a economia local estava centrada no funcionamento de um curtume (Arthur Lange), que provia empregos para 430 pessoas e contribuía com 18% da arrecadação municipal, numa população de 3,8 mil habitantes. Sobre o encerramento das atividades, um diretor do grupo proprietário do empreendimento declarou à imprensa: “é uma planta moderna, tecnologicamente atualizada e pronta para produzir couro da melhor qualidade”. A este senhor, cabe uma pergunta: se a planta tem todos esses atributos, por que então fechou as portas?

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