ECONOMIA

As sombras da crise continuam apavorando o mundo

José Antônio Alonso / Publicado em 23 de novembro de 2008

No artigo anterior publicado neste espaço, concluímos que ninguém sabia em que fase da crise nos encontrávamos. Passadas aproximadamente quatro semanas, o espectro da crise financeira manifestou-se com muita força nos países da Comunidade Européia levando os governos dos países membros a um esforço gigantesco, no sentido de evitar que a crise financeira se amplie, contaminando de forma sistêmica o setor real da economia, o que seria uma verdadeira catástrofe, do ponto de vista social e econômico.

A terapêutica adotada na Europa e nos EUA foi patrocinada pelos Bancos Centrais que buscavam prover liquidez nos mercados ao comprar, com recursos públicos, grandes quantidades de títulos “podres” dos bancos em dificuldades. Esperavam com isto introduzir expectativas que reduzissem a ansiedade dos investidores. A reação dos mesmos, todavia, tem sido ambígua, sendo manifestada nos movimentos das Bolsas de Valores que apresentam grande volatilidade em seus movimentos diários. A incerteza que tem dominado a formação das expectativas destes agentes tem revelado que os mesmos não acreditam que as medidas adotadas até então sejam suficientes para devolver aos mercados um mínimo de estabilidade.

Diante desta conjuntura, novas medidas foram implementadas nos últimos dias. Quinze países da zona do euro decidiram injetar mais recursos nos bancos em troca de participação acionária. Esta estratégia foi prontamente seguida pelo governo norte-americano. Qual foi a resposta dos investidores a este novo esforço dos governos para estabilizar os mercados financeiros? Euforia efêmera num primeiro momento, quando as bolsas registraram valorização elevada seguida de quedas bruscas nos preços das ações, revelando, inequivocamente, incerteza nas expectativas dos investidores. Em outras palavras, eles não acreditam que as medidas adotadas até agora sejam suficientes para devolver a confiança aos mercados, daí a volatilidade.

Toda esta instabilidade no campo das finanças já contamina diretamente o setor real da economia em termos globais, desenhando-se uma recessão de dimensão planetária, com prazo de duração incerto, aumento do desemprego, queda nas rendas dos estratos mais baixos da população e das classes médias. Evitar o colapso financeiro e encurtar o período de recessão é a palavra de ordem. Oxalá o espólio de tudo isto seja partilhado entre aqueles (agentes e países) que causaram todo este imbróglio!

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