OPINIÃO

Ser professor de professor

Por Rosi Ana Grégis / Publicado em 17 de abril de 2009

Desde que comecei a lecionar no Ensino Superior, tenho pensado seguidamente no papel dos professores dos cursos de licenciatura. Sem dúvida, a função de quem auxilia na formação de outros professores, principalmente aqueles que atuarão em escolas públicas e particulares de Ensino Fundamental e Médio, requer generosas doses de dedicação e otimismo. Mesmo sem consultarmos estatísticas, constatamos que grande parte dos acadêmicos das licenciaturas são provenientes de estratos sociais menos favorecidos. Sabemos também que muitos desses acadêmicos já atuam como professores em escolas infantis, cursos livres de idiomas, supletivos, escolas municipais, estaduais e particulares. Percebo, através de minha experiência em sala de aula, que somos bastante responsáveis por uma grande desmotivação que abate nossos alunos e também muitos colegas. E talvez por isso não discutimos suficientemente sobre a atuação do professor e sobre sua responsabilidade na formação de crianças e adolescentes.

Não podemos deixar de debater os problemas diários enfrentados em sala de aula somente porque nossa disciplina não contempla esses assuntos ou porque não finalizaremos tudo que foi proposto no plano de ensino. Sinto que os alunos se sentem recompensados por poderem conversar sobre questões as quais, muitas vezes, não encontram oportunidades de discutir nas instituições onde ensinam, principalmente com seus coordenadores e colegas de disciplinas diferentes das suas. Além disso, conversar com os acadêmicos sobre a importância da leitura diária de jornais, revistas e livros da área em que atuarão é imprescindível. E esse tipo de discussão não pode ser feito somente de vez em quando. O professor precisa levar livros, artigos e matérias de jornais para que os acadêmicos passem a ter a leitura e a busca por novos saberes como algo natural no seu dia-adia. Na minha opinião, não há nada mais compensador do que ver os acadêmicos melhorando sua autoestima durante o curso; ver que eles têm orgulho da carreira que escolheram, e observar que há muitos deles esperançosos quanto ao seu ofício como futuro profissional da Educação.

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