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Polícia Federal indicia Ruben Becker

Publicado em 4 de junho de 2010
Becker era o chefe da quadrilha, sustentam os federais

Foto: René Cabrales

Becker era o chefe da quadrilha,
sustentam os federais

Foto: René Cabrales

O ex-reitor da Ulbra e ex-pastor da Igreja Luterana, Ruben Eugen Becker, foi indiciado na Operação Kollektor, da Polícia Federal, por estelionato, fraude à execução, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro (artigos 171, 179 e 288). Becker foi o 11º indiciado no inquérito da PF que investiga desvio de recursos da Universidade. Identificado desde o início da operação pelos federais como possível “chefe da quadrilha”, o ex-reitor foi comunicado do indiciamento na manhã de 27 de maio e avisou que só se manifestará em juízo. Os outros indiciados não foram identificados para não atrapalhar as investigações, uma vez que o inquérito só será encerrado no final de junho. Em coletiva, o superintendente da PF, delegado Ildo Gasparetto, informou que “mais pessoas certamente serão indiciadas nos próximos dias”.

A farsa da Ford I

Bandeira dos partidos de oposição e estopim da maior disputa judicial enfrentada pelo governo do petista Olívio Dutra, a polêmica em torno da desistência da Ford de instalar uma planta no Rio Grande do Sul, em 1998, está perto de terminar. Uma ação ordinária ajuizada pelo Estado teve sentença favorável no final do ano passado, condenando a empresa a pagar uma indenização de R$ 134 milhões corrigidos. A sentença judicial também reconhece que foi a montadora e não o Estado o responsável pelo rompimento do contrato. Ainda que passível de recurso, a decisão esvazia ainda mais o discurso repetido à exaustão na última década pelo bloco de oposição ao PT, que acusa Olívio Dutra de ter “mandado a Ford embora do Rio Grande”.
A farsa da Ford II

De acordo com o site Sul21 (www.sul21.com.br), que noticiou no dia 1º de junho a decisão judicial, houve apelação por parte da empresa. No documento ao qual Sul 21 teve acesso, o Estado alega que havia celebrado com a Ford um contrato de implantação de indústria, acompanhado de 49 anexos, em 21 de março de 1998. Havia também um contrato de financiamento com o Banrisul, disponibilizando à Ford R$ 210 milhões em três parcelas. A primeira parcela foi liberada, mas as demais ficaram condicionadas à comprovação da vinculação dos gastos das parcelas anteriores à execução do projeto, o que não aconteceu. Antes da conclusão de uma auditoria do Estado, que considerou insuficiente a comprovação de gastos pela Ford, a montadora anunciou sua retirada do empreendimento e a ida para a Bahia. De acordo com a decisão judicial, a montadora tornou-se a responsável pela rescisão contratual ao notificar o Estado da sua desistência. O Estado estava amparado nas disposições contratuais quando negou o repasse da segunda parcela do financiamento, em face da pendência da prestação de contas pela Ford dos valores repassados, diz o documento.
A farsa da Ford III

Ainda é um mistério o custo da disputa para tirar a planta da Ford do RS e levá-la para a Bahia. Apesar das negociações terem sido secretas, em 2008 a revista Fórum, em matéria do jornalista Fredi Vasconcelos, revelou que o contrato original fechado pela Ford com o então governador Antonio Britto para a construção da fábrica previa o repasse de R$ 419 milhões, sendo R$ 234 milhões em obras de infraestrutura e R$ 185 milhões em financiamento de capital de giro e concessão de créditos de ICMS – nos mesmos moldes dos incentivos concedidos à unidade da General Motors em Gravataí. O Sul21 também faz referência à entrevista do então secretário de governo, José Luiz Moraes, ao Jornal Extra Classe. Na entrevista, Moraes, falecido em março de 2009, afirmava que a Ford fora intransigente desde o início das negociações com o governo Olívio e que, na proposta final, foram mantidos os incentivos fiscais e investimento de R$ 70 milhões em recursos e R$ 85 milhões em obras, o que totalizava cerca de R$ 255 milhões. Marques concluíra que o desinteresse da Ford pelo RS se explicava pela mudança do mercado brasileiro, pois a perspectiva de produzir e vender de 3,5 milhões a 4 milhões de carros, sumira com o fim do governo Britto.

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