OPINIÃO

Música nas escolas em ritmo lento

Edilacir Larruscain* / Publicado em 24 de agosto de 2011

Um assunto que ainda não pegou o “embalo” nas escolas do Brasil: o ensino obrigatório de música. A Lei 11769/2008 fez uma pequena, porém importante alteração à LDBEN de 1996, implementando a obrigatoriedade da música nas escolas. O que se vê, por enquanto, são tímidas e isoladas iniciativas de escolas e de alguns municípios.

O tema não é novo. Muitas escolas, geralmente privadas, continuaram investindo na música como diferencial de ensino, mesmo não sendo obrigatório. Rodas cantadas, corais, bandas marciais, conjuntos musicais, festivais de canções, constituem a resistência ao vazio deixado pelas leis de ensino das últimas décadas. E é comum ainda ouvir de gerações anteriores sobre o entusiasmo que tinham com o ensino de música na escola.

Demorou alguns anos para a música voltar ao currículo de maneira oficial. Mas o movimento global das indústrias culturais e dos sistemas de ensino nunca deixou de acreditar no poder da música como produtora de significados, como um recurso da cidadania, ou como simples objeto de consumo. E as nações interessadas no desenvolvimento social e econômico têm a música como inseparável e indispensável na educação dos seus cidadãos.

É uma opção pedagógica-cultural que visa à formação social e política diferenciada, com sujeitos mais sensíveis no cuidado de si e no entorno social. As artes neste contexto têm um significado específico num projeto de desenvolvimento, de qualificação e de cidadania.

É necessário o engajamento maior do poder público, a contratação de licenciados em música e a valorização da multiculturalidade brasileira e mundial para caminhar junto aos novos significados das práticas musicais contemporâneas.

Desejo de coração que todos os professores e principalmente as instituições ampliem o olhar sobre as necessidades de trabalho e que possamos receber de todas as escolas aquilo que é necessário para realizar com qualidade o nosso trabalho. Mais do que isso, devemos exigir segurança para que tenhamos tranquilidade, harmonia e paz de espírito para poder trabalhar e nos preocupar com o que deve ser o nosso principal foco na escola: a convivência digna, a educação e a construção dos saberes.

palavra de professor

Arte: Rodrigo Vizzotto / D3 Comunicação

Arte: Rodrigo Vizzotto / D3 Comunicação

*Professor no Colégio Santa Teresa de Jesus − Livramento
Mestrando em Educação − UFSM

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