OPINIÃO

Amnésia coletiva

Publicado em 2 de outubro de 2011

Um país precisa olhar de frente para sua história para poder ficar em paz com o próprio passado. Porém, o Brasil se recusa a fazer isso no que se refere ao período de 1964 a 1984, quando o regime militar, com amplo apoio político e financeiro de setores da vida civil, comandou a nação. A recém criada Comissão da Verdade, a partir de um acordo com lideranças partidárias no Congresso Nacional, Secretaria de Direitos Humanos e Ministério da Justiça, a partir de uma proposta do governo, da forma como foi aprovada, pode não conseguir cumprir o papel para a qual foi concebida inicialmente. Sob forte influência conservadora teve seu objeto de investigação, a ditadura militar, tirada do foco principal. Além disso, composta por apenas sete membros, com parte deles representando os interesses de grupos conservadores e com o prazo de somente dois anos, pode ficar muito aquém de iniciativas semelhantes de outros países como Chile, Argentina e África do Sul, só para ficar em três exemplos. O entrevistado dessa edição, o filósofo Vladimir Safatle, argumenta que a necessidade de se investigar profundamente esse período tem razões muito além do direito das famílias dos desaparecidos. Segundo ele, o país precisa saber com todas as letras de onde vem a herança de autoritarismo, tortura e corrupção arraigadas na vida política nacional. Trata-se de um dever histórico, muito mais do que suposto revanchismo. A sociedade não pode sofrer de amnésia institucionalizada, sob pena de legitimar que um estado, suas instituições e seus representantes e até mesmo os cidadãos comuns atuem do lado de fora da lei.

Cartas

BEBIDA É ÁGUA
A reportagem de capa da edição de setembro de 2011 do Jornal Extra Classe, ao mostrar que o público-alvo das indústrias de bebidas e de cigarros são crianças e adolescentes, levanta um debate que a grande imprensa evita a qualquer custo ou, quando aborda, o faz de maneira superficial e com o viés dos interesses dos grandes grupos econômicos. A abordagem do Extra Classe é esclarecedora, isenta e corajosa, ainda mais quando vemos a Fifa tentando se imiscuir nos assuntos internos do país ao impor a venda de bebidas alcoólicas nos estádios brasileiros durante os jogos da Copa do Mundo de 2014, uma posição indefensável.

João Gilberto Rodrigues/Professor
Porto Alegre

ALCOOLISMO INFANTO-JUVENIL
O deputado estadual Cassiá Carpes (PTB) saúda e parabeniza o jornal Extra Classe de setembro, destacando principalmente a matéria Álcool e cigarros – Público-alvo é infanto-juvenil. O parlamentar apresentou projeto acerca desse tema a fim de ampliar o cerco ao álcool para menores de idade. O Projeto de Lei 265/2011 visa de forma objetiva estabelecer veto quanto à comercialização, à oferta ou à permissão de consumo de bebidas alcoólicas que envolvam menores de 18 anos de idade, conforme preconiza o Estatuto da Criança e do Adolescente. Recentemente, o deputado recebeu ligação do secretário-adjunto da Secretaria de Justiça e dos Direitos Humanos, Miguel Velásquez, informando sobre o aproveitamento do PL 265/2011 e o acoplamento com isto das demais ideias do Executivo.

Diego Carvalho – Jornalista/ Gabinete do Deputado Cassiá Carpes
Assembleia Legislativa do RS

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