CULTURA

Laboratório de arte-educação

Primeira exposição da galeria Ecarta que contou com financiamento público pelo edital do Fundo de Apoio à Cultura
Publicado em 12 de maio de 2014

A exposição Chico Machado: Aparelhos que fazem Zóing!, inaugurada no dia 13 de março na Fundação Ecarta, em Porto Alegre, recebeu a visita de dez escolas, que trouxeram mais de 230 estudantes para interagir com as obras por meio de visitas guiadas e mediadas. Resultado de extensa pesquisa do artista Chico Machado, a exposição explorou luz, som, cor e imagem com peças interativas, que atraiu o interesse das instituições de ensino para oferecer uma aula diferente aos alunos. ”O fazer zóing não se refere apenas a uma forma onomatopeica de tradução do som, mas também ao fato de que os aparelhos fazem algo, têm movimento, ação e som”, explica Chico.

Visitas guiadas e mediadas para mais de 230 estudantes na exposição Chico Machado: Aparelhos que fazem Zóing!

Foto: Igor Sperotto

Visitas guiadas e mediadas para mais de 230 estudantes na exposição Chico Machado: Aparelhos que fazem Zóing!

Foto: Igor Sperotto

Dentre as escolas que visitaram a galeria com crianças e adolescentes de 5 a 20 anos, algumas delas nunca haviam levado os estudantes a um espaço artístico. A exposição também permitiu que os alunos com necessidades especiais interagissem e aprendessem. A Escola Elyseu Paglioli trouxe três turmas com jovens de 15 a 20 anos com alguma necessidade especial. “A obra é para todos e ela se torna mais completa quando as pessoas estão em contato com ela, dando seus significados”, destaca Ezequiel Carvalho Viapiano, mediador que orientou os grupos.

Esta foi a primeira exposição da galeria Ecarta que contou com financiamento público pelo edital do Fundo de Apoio à Cultura (Pró-Cultura/RS FAC), além de ser também o primeiro trabalho com projeto educativo, o que reforçou o papel formativo da instituição. “É uma conquista muito grande instituir um projeto educativo na Ecarta, e um caminho natural da Fundação, instituída pelo Sindicato dos professores (Sinpro/RS). O Chico é um artista que transita muito bem entre o ateliê e a sala de aula e essa exposição permitiu abordar
diversas áreas do conhecimento”, destaca Leo Felipe, gerente artístico da galeria e curador da exposição.

O caráter pedagógico do projeto também foi reforçado com encontros de formação, oficinas que exploraram o som e um workshop com o artista sobre o processo de criação. Participaram dessas atividades 56 pessoas entre professores, músicos e público interessado. Para Chico, o projeto educativo foi um acréscimo importante para o conceito do projeto. “Interessa-me muito este tipo de público, pois ele costuma ter uma postura mais aberta à experiência”, acrescenta. O ambiente virtual também foi explorado – por meio de hashtag#zoing o público podia compartilhar sua visão da obra nas redes sociais.

Para Claudia Hamerski, coordenadora do projeto educativo da exposição, a galeria de arte deve ser encarada como um laboratório. “Assim como existe o laboratório de Química e Biologia, a galeria é o espaço para o desenvolvimento cognitivo da criança em relação à arte. Estudos comprovam que quando se desenvolve a parte artística desde cedo isso se reflete em outras áreas da vida”, afirma. Ainda, faz parte do projeto da exposição um catálogo
(foto ao lado), lançado no dia 29 de abril, que fará um registro do trabalho exposto e poderá ser obtido gratuitamente na galeria.

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