OPINIÃO

Aprendizagem ubíqu@

Por Jerusa Alves Cuty* / Publicado em 13 de junho de 2016

O estranhamento inicial ao ser mencionada a palavra “ubíqua” pode trazer uma lacuna na comunicação entre os indivíduos que têm o primeiro contato com esse vocábulo. A aprendizagem ubíqua vem da expressão ubiquitous learning, a qual se refere ao processo de aprendizagem onipresente, em que é possível estar em todos os lugares ao mesmo tempo para aprender. Dessa forma, a ubiquidade está inerente ao deslocamento. No entanto, como o professor pode se desdobrar para dar conta desse novo desafio?

Cada envolvido com essa possibilidade não precisará se recriar em muitos clones, mas terá que agregar ao seu ofício os dispositivos móveis, os quais trazem a capacidade de produzir e de buscar mensagens. As formas de aprendizagem mediadas por esses aparelhos, como relata Lúcia Santaella em sua obra Comunicação Ubíqua acontecem com atividades simultâneas, com ações em plataformas diversas e com a interatividade a todo o momento.

Percebemos, então, que vivemos uma nova realidade, de uma aprendizagem universal, em que as tecnologias digitais podem ser levadas para qualquer espaço onde se tenha sinal a partir de uma rede de dados. O ciberespaço, como cita Pierre Lévy, em Cibercultura, é ol novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial dos computadores.
A partir disso, o impacto dessa forma de aprendizagem, a qual nos é sinalizada, possibilita a construção de uma inteligência coletiva. Para a escola, portanto, surge o desafio de integrar o potencial que as novas mídias apresentam, somando a educação formal com a educação ubíqua.

Para os docentes, o processo dessa ubiquidade envolve um procedimento de filtragem da informação que é acessada pelos estudantes, para que se agregue valor ao que se está aprendendo. E não apenas os discentes estão incluídos nessa aprendizagem, mas todos nós, profissionais que mediamos a nova linguagem, também fazemos parte desse conjunto de fatos sociais.

Somado a isso, como em outros momentos da história da humanidade, não podemos abandonar o que já foi descoberto e desenvolvido, a exemplo das tecnologias eletromecânicas: fotografia e cinema, com as quais foram se transformando o conceito de arte, mas uma não acabou com a importância da precedente. Ou mesmo, entre o livro impresso e o e-book, em que o prazer sinestésico de folhear as páginas é maior do que a praticidade de carregar um tablet e ler o que agrada a cada leitor. O caminho para superar os problemas é longo e conforme Paulo Freire, “a ousadia precisa fazer parte do cotidiano do professor”.

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