OPINIÃO

Temer isolado

Publicado em 9 de junho de 2017

Esta edição do Extra Classe circula em plena indefinição sobre os desdobramentos da crise política que capturou o país e instaurou um triste arremedo de democracia – com arroubos de totalitarismo – após o golpe parlamentar de maio de 2016.

Com uma “aprovação” que oscila abaixo dos 5% e colocado no centro das investigações da Operação Lava Jato após as delações do empresário Joesley Batista, o presidente Michel Temer está cada vez mais isolado.

Investigado no Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente e sua agenda de retrocessos têm sido alvo de gigantescas manifestações, a exemplo da greve de 28 de abril, dos protestos de 24 de maio, após o vazamento dos grampos da   Polícia Federal em que Temer é flagrado tramando a obstrução das investigações; do ato de 28 de maio pelas Diretas em Copacabana, no Rio; além do movimento em todos os estados contra as reformas. E deve se intensificar em junho, com a  organização de nova greve geral pelas centrais sindicais e os movimentos sociais.

Antes, porém, salvo eventuais manobras e acordões, Temer poderá ser “finalizado” pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no julgamento da chapa que o elegeu vice, pelos inúmeros pedidos de impeachment protocolados na Câmara, ou pelo STF, no desdobramento dos inquéritos por corrupção, organização criminosa e obstrução de justiça.

Frágil democracia
Esse contexto de apropriação do poder por políticos e empresários que se beneficiam das crises, sem compromisso com os eleitores e as demandas coletivas, denota a falta de representatividade, resultado de uma cultura de ódio à política fomentada pelos meios de comunicação, e desprezo aos princípios da democracia representativa. Daí o surgimento dos candidatos e plataformas políticas que se apresentam como “o novo”, com um discurso descolado da política, tema da reportagem de capa.

Na entrevista do mês, o especialista em Educação Especial e professor da Ufrgs, Claudio Baptista, aborda os entraves para a universalização da inclusão escolar de crianças com deficiência. O problema das drogas para além da criminalização e do preconceito racial e social que elas suscitam também merece destaque nesta edição, assim como o debate sobre os riscos da liberação do porte de armas para a população civil defendida por grupos conservadores e parlamentares a serviço dos interesses das indústrias de armamentos.

Boa leitura!

Correção: No texto de abertura da entrevista de Daniel Cara, à página 4 da edição 213, de maio de 2017, por um erro de redação publicamos a expressão “impeachment de Estado”, quando o correto é apenas “impeachment”.

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