OPINIÃO

Enquanto a guerra não vem

Publicado em 11 de maio de 2017

Prezado leitor, a presente edição sai da rotativa em meio às incertezas nacionais e mundiais. O planeta fervilha, principalmente diante de conflitos surgidos dos interesses geopolíticos em torno do petróleo e das rotas de acesso a ele. Não  é à toa que as nações com desestabilização política são peças-chave no jogo de poder mundial. Entre elas, o Brasil. E no meio disso, uma greve, como ocorre no resto do mundo por questões muito parecidas. Os interesses dos grandes conglomerados financeiros contra o bem-estar do cidadão comum, o trabalhador. Aqui, o sucesso à adesão à Greve Geral do último dia 28 de abril foi emblemático no sentido de deixar o país em uma encruzilhada tanto rumo à redemocratização quanto do iminente retrocesso.

Fora das nossas fronteiras, outros países enfrentam dilemas semelhantes.  Mas um dos pontos mais nevrálgicos do planeta, a Síria, está no epicentro de um jogo político entre as principais potências mundiais, com reflexos na Coreia e na sempre instável relação EUA/Rússia. Curiosamente, a economia mais forte, a China, fala como liderança em nome da paz, mas os mísseis norte-coreanos seguem em desfiles e pompas e as frotas americanas prontas para o que dizem ser a cada vez mais possível terceira guerra mundial. Os países mais beligerantes medem quem tem a maior bomba, se é a mãe ou se é o pai. Mas enquanto isso, na Síria, no Brasil, e em diversos pontos do mundo a intolerância aumenta e com ela a violência. A palavra mais ouvida é instabilidade. Mas, a quem serve a instabilidade? Certo que não serve ao povo de nenhuma nação, mas sabemos quem lucra com a instabilidade dos países que deixam de crescer e de ameaçar os interesses das grandes e tradicionais potências.

O Brasil embarcou numa aventura de instabilidades a partir do eco midiático global que fez coro à moralidade paladina, seletiva e hipócrita da Lava Jato, que fingia ignorar o funcionamento da política nacional e promoveu em nome da caça à corrupção o desmonte do país, mas que em verdade atende a interesses bem específicos de setores do empresariado nacional e do departamento de estado norte-americano. Claro, são fortes indícios, mas não há provas. Mas os fatos estão aí para quem quiser analisar. O que está evidente é que a crise política, econômica e institucional em que o país está afundado apresenta a conta para o lado mais fraco pagá-la, mais uma vez os trabalhadores. Para que paguem essa conta, os grandes empresários e o governo querem também que esses trabalhadores tenham seu principal anteparo, os sindicatos, fragilizados. Mesmo com um terço dos parlamentares implicados em investigações de corrupção, a pauta da Reforma Trabalhista, no Legislativo, seguiu para aprovação do Senado para avaliação da casa. A reforma da Previdência, com rejeição entre 70% e 86% da população, tem vida difícil no Congresso, mas deverá seguir o mesmo rumo, já que existe uma espécie de ditadura legislativa que não escuta as ruas ou só escuta o que convém.  Tudo isso tocado por um presidente com popularidade entre 4 e 9% nas pesquisas, mais próximo a uma margem de erro do que de um índice de aprovação, cujos homens de confiança, assim como ele próprio, também são investigados pelo mesmo escândalo que eles utilizaram para derrubar o governo anterior.

Boa leitura!

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