CULTURA

Múltiplos olhares sobre Mário Röhnelt

Por César Fraga / Publicado em 10 de abril de 2018
Obras de Röhnelt ganham exposição itinerante com leitura de coletivo de curadores

Foto: Igor Sperotto

Obras de Röhnelt ganham exposição itinerante com leitura de coletivo de curadores

Foto: Igor Sperotto

A obra do artista plástico Mário Röhnelt será objeto de exposição itinerante ao longo do ano. Iniciativa da Galeria Ecarta, a exposição intitulada Seleção Ecarta – Mário Röhnelt se inicia em Porto Alegre no dia 26 de abril e vai até 18 de junho. Depois, deverá passar por mais cinco cidades do interior. “Será a primeira leitura mais ampla dos meus trabalhos e uma expansão pública extraordinária. Nesse contexto, beneficiam-se todos os artistas”, comemora Röhnelt.

De acordo com o curador e coordenador da galeria, André Venzon, trata-se de uma exposição que agrupa 20 obras do artista, todas elas em diversas técnicas e de períodos distintos entre si, selecionadas pelo próprio artista e apresentadas a um grupo de professores, curadores e gestores que assumiram o propósito de fazer, cada um, uma leitura crítica de uma obra da sua livre escolha.

“Este olhar dos curadores é bastante amplo e estamos convidando professores de diversas escolas de arte do Rio Grande do Sul e também gestores das principais instituições e fundações de artes visuais da capital e região metropolitana. São jovens curadores e curadores sênior, no sentido de ampliar ao máximo o olhar sobre a obra do artista. Com isso, garantimos que não haverá apenas uma visão crítica sobre a obra, mas vários pontos de vista”, explica Venzon.

Os curadores convidados são Ana Zavadil (Macrs), Bruna Fetter (IA – Ufrgs), Carlos Trevi (Santander Cultural), Carmen Capra (Uergs – Montenegro), Fernanda Soares da Rosa (FVCB), Henrique Menezes (FIC), José Francisco Alves (Ateliê Livre), Raquel Fonseca (CAL – UFSM), Lauer Santos (UFPel), Lurdi Blauth (Feevale), Mara Galvani (UCS), Neiva Bohns (UFPel), Paulo Amaral (Margs), Paulo Gomes (IA – Ufrgs), Richard John (ESPM), Sandra Ling (Instituto Ling), Sandra Rey (IA – Ufrgs), Maria Luisa de Leonardis (Braguay), Tania Aimi (MAVRS – UPF) e Carmen Lula Barros (Urcamp).

Para o coordenador, essa proposta foi preconcebida para subverter a ideia corrente de que só um ponto de vista curatorial pode ser decisivo para a concepção de uma mostra. “Ao contrário, esse ambicioso projeto da Fundação Ecarta, em caráter anual, ao promover a visibilidade de alguns dos nossos mais importantes artistas contemporâneos, pretende aportar múltiplos e significativos olhares a suas narrativas poéticas. O reflexo no público que visitará a exposição e que se interessará pela obra seja proporcional a essa estratégia que estamos lançando, já com interesse na itinerância dessa primeira exposição para outras cidades do estado.”

Já foi encaminhado um pedido para que a exposição também vá para o Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo, em Pelotas, cidade em que o artista nasceu e estudou. Juntamente com essa primeira exposição de 2018 será anunciada a programação da galeria para o ano, bem como o resultado do edital de mais duas exposições. “Será um momento para celebrar a obra do Mário e também destacar a própria galeria e os jovens artistas contemplados em 2018”, avalia.

TRAJETÓRIA – Mário Alberto Birnfeld Röhnelt nasceu em Pelotas, em 1950, estudou Arquitetura na Ufrgs, de 1970 a 1972. Iniciou sua vida profissional em 1974 como designer gráfico de capas de livros. Em 1977, juntamente com os desenhistas Milton Kurtz, Julio Viega e Paulo Haeser, formou o Grupo KVHR, que atuou até 1980. Também editou 13 folhetos impressos em off-set com obras do grupo e que foram distribuídos em galerias de arte e através do circuito de arte-postal, na época bastante ativo. Mário Röhnelt participou ainda do Espaço NO, marco cultural alternativo em Porto Alegre voltado a promoções e manifestações experimentais. Lá, trabalhou com Vera Chaves Barcellos, Carlos Wladimirsky, Rogério Nazari, Milton Kurtz, Ricardo Argemi, Heloisa Schneiders da Silva, entre outros. A partir de 1983, começou a expor individualmente. Foi premiado em diversos salões de arte, entre os quais o Salão Nacional, Funarte, Rio de Janeiro, em 1993 e 1995. Em 2010, trabalhou com o Grupo 3 X 4 (Laura Froes, Helena D’Ávila, Carlos Krauz e Nelson Wilbert) no projeto 3 X 4 Vis(I)ta Mário Röhnelt, e, a convite da Fundação Vera Chaves Barcellos, desenvolveu a curadoria da mostra Pintura: da matéria à representação, exposta na Sala dos Pomares, Viamão, RS. Em 2014, o Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli, sob a direção de Gaudêncio Fidelis, dedicou-lhe ampla mostra retrospectiva de cerca de 200 trabalhos, cuja curadoria foi feita por José Francisco Alves (Doutor e Mestre em História, Teoria e Crítica de Arte pela Ufrgs).

Röhnelt vive e trabalha em Porto Alegre. A sua produção abrange desenho, pintura, fotografia e instalação.

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