Mobilização alerta sobre desmonte da Previdência

Trabalhadores protestam contra extinção do Ministério da Previdência e mudanças nas regras da aposentadoria
por Gilson Camargo / Publicado em 10 de junho de 2016
Trabalhadores de diversas categorias denunciaram desmonte do sistema previdenciário

Foto: Igor Sperotto

Trabalhadores de diversas categorias denunciaram desmonte do sistema previdenciário

Foto: Igor Sperotto

A Jornada Nacional de Lutas contra o golpe e pela democracia, organizada pelas centrais sindicais em todo o país nesta sexta-feira, 10 de junho, começou em Porto Alegre às 8h, com concentração em frente ao prédio do INSS, no centro da capital. Participaram trabalhadores e lideranças de federações e sindicatos de diversas categorias. Ao meio-dia teve caminhada com os servidores públicos e concentração em frente ao Palácio Piratini e, às 17h, concentração e ato na Esquina Democrática.

“Neste momento já não existe mais o Ministério da Previdência e o próximo passo será de abertura do sistema para as empresas de previdência privada. Querem mudar profundamente as regras da aposentadoria. O ataque ainda está por vir, mas o desmonte já está acontecendo”, advertiu o presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo. Além da extinção do Ministério, incorporado à Fazenda, o projeto de reforma da Previdência Social acena com idade mínima de 65 anos para homens e 60 para mulheres aposentadoria e o fim da vinculação dos benefícios da previdência aos reajustes dos salários mínimos – atualmente feitos com base no crescimento da economia nos dois últimos anos e pela inflação do ano anterior. “Os 70% de beneficiários passariam a receber menos que um salário mínimo”, explica Nespolo.

Nespolo, da CUT-RS: "O ataque ainda está por vir, mas o desmonte já está acontecendo"

Foto: Igor Sperotto/ Sinpro/RS

Nespolo, da CUT-RS: “O ataque ainda está por vir, mas o desmonte já está acontecendo”

Foto: Igor Sperotto/ Sinpro/RS

O diretor do Sinpro/RS e secretário geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee), Cássio Bessa, lembrou a mobilização da classe artística que reverteu a extinção do Ministério da Cultura para convocar os trabalhadores a resistirem à tentativa de desmonte da Previdência. “O sistema previdenciário representa 21% do orçamento da União. Por menos que 1%, que é o orçamento da Cultura, os artistas foram às ruas e impediram o desmonte do MinC”, comparou. Para o dirigente, o projeto de “estado mínimo” do governo interino desvaloriza os serviços públicos com o objetivo de concentrar o lucro nas mãos da iniciativa privada enquanto corta direitos dos trabalhadores. Bessa lembrou que foi no governo FHC a aprovação do fator previdenciário, que faz com que os trabalhadores se aposentem ganhando menos do que quando estavam na ativa. “Se os trabalhadores não acordarem, eles revogarão todos os direitos”, alertou.

Para o presidente da Federação dos Sapateiros e vice-presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Vestuário, João Batista Xavier da Silva, elevar a idade mínima para a aposentadoria independente do tempo de contribuição equivale a decidir que “as novas gerações, os nossos filhos não tenham direito à aposentadoria”. Para Jairo Carneiro, presidente da Federação dos Metalúrgicos do RS, nem todos entenderam o significado do desmonte da Previdência e as consequências que as eventuais mudanças nas regras da aposentadoria representam para as diversas categorias de trabalhadores. “Por acaso já pensaram o que representa trabalhar 65 anos na boca de um forno ou cumprir tripla jornada como fazem milhares de trabalhadores?”, questiona. “Nossa tarefa é de esclarecimento do trabalhador e da sociedade, porque esse desmonte da Previdência atinge a todas as categorias”, ressaltou. Já o líder do MST, Cedenir de Oliveira, afirma que milhares de agricultores seriam atingidos negativamente por uma mudança na idade mínima para a aposentadoria, já que os agricultores são segurados especiais com aposentadoria assegurada aos 60 anos para homens e 55 para mulheres.

Militantes do MST apresentaram coreografia para alertar sobre prejuízos que a reforma representa para os agricultores

Igor Sperotto/ Sinpro/RS

Igor Sperotto/ Sinpro/RS

Militantes do MST fizeram coreografia para alertar sobre prejuízos que a reforma da Previdência representa para agricultores e denunciaram ganância da iniciativa privada: “o teu anel brilha mais do que o sol”

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