MOVIMENTO

Manifestações preparam greve geral

Protestos contra as reformas da Previdência e trabalhista e em repúdio a lei da terceirização levaram milhares às ruas em 23 estados e no Distrito Federal
Por Gilson Camargo / Publicado em 31 de março de 2017
Ato contra as reformas e de organização da greve geral reuniu milhares na Esquina Democrática a partir das 17h

Foto: Igor Sperotto

Ato contra as reformas e de organização da greve geral reuniu milhares na Esquina Democrática a partir das 17h

Foto: Igor Sperotto

O Dia Nacional de Lutas organizado nesta sexta-feira, 31 de março, pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), demais centrais, sindicatos e movimentos sociais, mobilizou milhares de manifestantes em 23 estados e no Distrito Federal. Aos protestos contra as reformas da Previdência e trabalhista do governo federal, somaram-se palavras de ordem em repúdio à lei das terceirizações e pelo “Fora Temer”. O movimento, que coincidiu com a divulgação de pesquisa do Ibope que revela um índice de rejeição de 90% ao governo de Michel Temer (PMDB), prepara a greve geral de 28 de abril. Os protestos também mobilizaram trabalhadores de diversas categorias nas principais cidades do interior do Rio Grande do Sul. Os Tribunais Regionais do Trabalho aderiram às manifestações e organizaram atos contra a terceirização. Em Porto Alegre, a presidente do TRT4, desembargadora Beatriz Rencke, lembrou que mais da metade das demandas trabalhistas por violação de direitos tem origem na terceirização.

A partir das 17h, milhares de manifestantes se concentraram na Esquina Democrática, na capital gaúcha para o ato público contra as reformas, pela saída de Temer, e para “descomemorar” o golpe de 1964. O ato contou com a presença de representantes das principais centrais sindicais e das frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, que destacaram a necessidade de unificação do movimento sindical para a organização da greve geral de 28 de abril. “Criaram o mito do déficit da Previdência e o mito de que a CLT causa desemprego. Estão querendo passar a perna nos trabalhadores, porque se fizerem a contabilidade correta vão ter que admitir que a Previdência é superavitária. O outro mito é contra a CLT. Há menos de dois anos estávamos no pleno emprego e a CLT não impediu, ao contrário, ajudou a gerar e distribuir renda. Temos que pegar no pé dos parlamentares para impedir esse ataque ao patrimônio de direitos dos trabalhadores”, disse Claudir Nespolo, presidente da CUT-RS.

Manifestantes organizaram caminhada pela Borges até o Largo Zumbi dos Palmares: "Se você não lutar, não vai se aposentar"

Foto: Igor Sperotto

Manifestantes organizaram caminhada pela Borges até o Largo Zumbi dos Palmares: “Se você não lutar, não vai se aposentar”

Foto: Igor Sperotto

“Hoje estamos acumulando forças para a greve geral de abril, quando seremos bilhões para impedir que continuem saqueando o país”, afirma Neiva Lazarotto, da Intersindical. A maioria da população não se deu conta do significado das reformas, alertou Oniro Camilo, da Nova Central Sindical. “As reformas abrem as portas da senzala e colocam o chicote na mão dos patrões”, comparou. “Estamos aqui hoje por aqueles que foram mortos, torturados e exilados pela ditadura, a exemplo do jornalista Vladimir Herzog. Além de lutar para que esse período obscuro não seja esquecido, lutamos contra os diversos golpes que estão aplicando na atualidade”, lembrou Vicente Selistre, da CTB. Para Hélio Corrêa, da Conlutas, o dia 28 será marcado pela “maior greve que as novas gerações terão visto”. A representante da Frente Povo sem Medo, Claudia Favaro, disse que terá  muita luta até o dia 28 de abril. “Vamos ocupar as ruas e as praças. Responder com a nossa radicalidade a radicalidade do golpe”. Após a concentração, os manifestantes organizaram uma caminhada até o Largo Zumbi dos Palmares.

Servidores do Judiciário Trabalhista aderiram ao Dia Nacional de Lutas com ato do TRT4

Foto: Igor Sperotto

Servidores do Judiciário Trabalhista aderiram ao Dia Nacional de Lutas com ato do TRT4

Foto: Igor Sperotto

JUSTIÇA DO TRABALHO – O Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (RS) realizou Ato Público em Defesa da Justiça do Trabalho, às 11h de sexta-feira, no Foro Trabalhista de Porto Alegre, com a presença de magistrados, servidores, procuradores, advogados, peritos, representantes de entidades de classe, trabalhadores, empregadores e demais cidadãos que defendem a existência da Justiça Trabalhista no país. O ato foi realizado por todos os TRTs na mesma data. O objetivo foi chamar a atenção da sociedade para os serviços prestados pela Justiça do Trabalho, “instituição que pacifica greves e equilibra a relação entre capital e trabalho, garantindo direitos sociais em sintonia com a necessária preservação da atividade econômica”. A manifestação também alertou para a constante ameaça de fragilização da Justiça do Trabalho e dos direitos sociais, com o lançamento de uma campanha nacional idealizada pelo Colégio de Presidentes e Corregedores dos Tribunais Regionais do Trabalho (Coleprecor), que visa mostrar que os direitos de patrões e empregados só estão garantidos com uma Justiça do Trabalho forte e atuante. Com a adesão dos servidores do judiciário trabalhista ao Dia Nacional de Lutas e ao Ato Público em Defesa da Justiça do Trabalho, as varas do trabalho de Sapiranga, Taquara e Porto Alegre anunciaram alterações no atendimento na sexta-feira.

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