ECONOMIA

IBGE registra maior inflação do período dos últimos quatro anos

O aumento dos preços dos alimentos que integram a cesta básica  dos brasileiros fez crescer  a percepção do aumento da inflação e atinge os mais pobres
Por César Fraga / Publicado em 9 de setembro de 2020

Foto: Helena Pontes/Agência IBGE Notícias

Foto: Helena Pontes/Agência IBGE Notícias

O aumento dos preços dos alimentos que integram a cesta básica  dos brasileiros fez crescer  a percepção do aumento da inflação.

O arroz com feijão foi o que mais  acumulou reajustes nos preços, conforme o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do País, e que teve os percentuais divulgados nesta quarta-feira, 9, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísitica (IBGE).

O arroz, que em agosto subiu mais 3,08%, acumula alta de 19,25% no ano e o feijão, dependendo do tipo e da região, já tem inflação acima dos 30%. O feijão preto, muito consumido no Rio de Janeiro, acumula alta de 28,92% no ano e o feijão carioca, de 12,12%.

Segundo o IBGE, a inflação de agosto (0,24%), puxada pelos preços dos alimentos e da gasolina foi a mais alta para o período de agosto desde 2016, apesar da desaceleração em relação a julho (0,36%).

A gasolina subiu pelo terceiro mês seguido. Os alimentos que chegaram a registrar certa estabilidade de preços em julho voltaram a subir em agosto.  As famílias de menor renda são as mais afetadas.

O IPCA, que se refere a famílias com rendimento de um a 40 salários mínimos, acumula alta de 0,70% até agosto e, em 12 meses, de 2,44%.

“Enquanto a taxa de inflação acumulada no ano [8 meses] é de 0,70%, o grupo de despesas relacionado à Alimentação subiu 4,91%. E o grupo Alimentação no Domicílio subiu 6,10%. O arroz subiu quase 20%. O feijão preto subiu quase 30% no ano. Para as famílias de baixa renda, essa é a ‘verdadeira’ inflação”, destaca o economista Sérgio Mendonça,  diretor do grupo de economistas especializados em bancos e contas públicas Reconta Aí.

Comida

Os alimentos para consumo no domicílio tiveram alta de 1,15%, influenciados principalmente pela elevação nos preços do tomate (12,98%), do leite longa vida (4,84%), das frutas (3,37%) e das carnes (3,33%). Destacam-se, ainda, as variações do óleo de soja (9,48%) e do arroz (3,08%), que acumula alta de 19,25% no ano. Por outro lado, verificou-se recuo nos preços da cebola (-17,18%), do alho (-14,16%), da batata-inglesa (-12,40%) e do feijão-carioca (-5,85%).

A alimentação fora do domicílio (-0,11%) segue em queda, embora menos intensa que a do mês anterior (-0,29%). Enquanto a refeição passou de -0,06% em julho para -0,56% em agosto, o lanche passou de queda de 0,86% para alta de 0,78%, contribuindo com 0,01 p.p. no índice do mês.

Habitação e energia

No grupo Habitação (0,36%), os maiores impactos em agosto vieram do aluguel residencial (0,32%) e da energia elétrica (0,27%), ambos com 0,01 p.p. As variações do item energia elétrica foram desde os -2,06% de Fortaleza até os 3,17% de São Luís. Houve reajustes tarifários em duas áreas, ambos a partir de 7 de agosto: em Belém (0,13%), o reajuste foi de 2,86% e, em Vitória (0,09%), de 5,93%.

Vale ressaltar que as variações apuradas no item em questão levam em consideração, além das tarifas praticadas, as alíquotas de PIS/COFINS, a contribuição de iluminação pública e a bandeira tarifária. No dia 26 de maio, a ANEEL anunciou a manutenção da bandeira verde, em que não há cobrança adicional na conta de luz, até dezembro deste ano.

Gás 

Ainda em Habitação, o subitem gás encanado (-1,67%) apresentou variação negativa por conta das reduções de 5,16% no Rio de Janeiro (-4,64%), a partir de 1ª de agosto, e de 8,88% em Curitiba (-2,68%), a partir de 19 de agosto.

Esgoto e construção 

Já a taxa de água e esgoto (0,43%) subiu por conta do reajuste de 3,40% observado em São Paulo (1,47%), válido desde 15 de agosto. Por fim, cabe destacar as altas nos preços de alguns materiais de construção, como o tijolo (9,32%) e o cimento (5,42%), que já haviam subido em julho (4,13% e 4,04%, respectivamente).

Pobres sentem mais

Já o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que se refere às famílias com rendimento de um a cinco salários mínimos, apresentou alta de 0,36% em agosto, sendo o maior resultado para o mês desde 2012 (0,45%). No ano, o INPC acumula alta de 1,16% e, nos últimos doze meses, de 2,94%.

IPCA – Variação por regiões – mensal e acumulada no ano e 12 meses
Região Peso Regional (%) Variação (%) Variação Acumulada (%)
Julho Agosto Ano 12 meses
Campo Grande 1,57 0,73 1,04 2,13 4,43
Goiânia 4,17 0,25 0,66 -0,25 2,35
Brasília 4,06 0,34 0,58 0,50 2,27
Rio Branco 0,51 0,75 0,54 0,94 2,44
Recife 3,92 0,40 0,46 1,98 2,94
São Luís 1,62 0,57 0,38 0,30 2,24
Porto Alegre 8,61 0,37 0,33 0,21 1,79
São Paulo 32,28 0,24 0,31 0,86 2,60
Belo Horizonte 9,69 0,39 0,21 0,58 2,08
Curitiba 8,09 0,39 0,20 -0,09 1,81
Salvador 5,99 0,62 0,13 1,48 3,23
Vitória 1,86 0,21 -0,03 0,92 2,45
Belém 3,94 0,72 -0,04 0,42 3,47
Rio de Janeiro 9,43 0,24 -0,13 0,51 2,02
Fortaleza 3,23 0,56 -0,23 1,32 2,80
Aracaju 1,03 0,31 -0,30 1,15 2,48
Brasil 100,00 0,36 0,24 0,70 2,44

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