GERAL

Sem brincadeira, agora é sério!

Publicado em 8 de setembro de 1997

Acabo de completar 60 anos. Faz muita diferença. Os olhos passam por metamorfoses. Tudo fica com corescrepusculares. Não se pode mais brincar com o tempo. “Tempus Fugit“. O que significa que é preciso brincar com a vida. “Carpe Diem“.
(Rubem Alves)

Do livro Teologia do Cotidiano – Meditações sobre o momento e a eternidade, editora Olho d’água. Rubem Alves é educador, escritor e psicanalista, doutor em filosofia pela Universidade de Princeton (EUA), professor emérito da Unicamp e articulista da Folha de S. Paulo. É também autor de outras obras, entre elas A Alegria de Ensinar, Conversas com quem gosta de ensinar e O que é religião.

Existe para todos, comprida ou curta – dependendo do lugar que se ocupa na pirâmide social – uma época em que o mundo parece generoso, inteiro, sem a fragmentação perversa da vida adulta, digamos assim. Inclusive, houve um tempo em que as crianças jogavam pião, soltavam pandorga, pulavam sapata. Na roda de castelos imaginários, bruxas malvadas, princesas encantadoras, versos ritmados numa musicalidade ancestral. Mamãe posso ir era uma ladainha irresistível. O trava-língua quase sempre terminava num burburinho de gargalhadas em que se morria de rir. E o mundo parecia uma coisa só e boa.

“Quando eu era criança, como meus pais não tinham muitos recursos, eu mesmo confeccionava os meus brinquedos na marcenaria do meu tio. É claro que eles ficavam com alguns defeitos, mas eu os completava com a imaginação. Aprendi a trabalhar com ferramentas e, sobretudo, usar a imaginação.” Assim o escritor gaúcho Moacyr Scliar começou a construir a vida.

Simples, fácil, de ação integradora, porém ultrapassada, principalmente aos olhos das crianças da atual geração, consumida pelo fascínio ao insípido mundo virtual? Talvez, mas o fato é que para a criança, o brinquedo tem a mesma função que o trabalho para o adulto. Ou seja: é sério. Tanto que, nas palavras de Scliar “a disposição lúdica é parte integrante da natureza humana e também do nosso equipamento de sobrevivência. No ser humano, como em outras criaturas, o brinquedo é um treinamento para enfrentar situações mais sérias”. E o que é mais sério do que a vida real?

A educadora Adriana Friedmann, uruguaia de nascimento, mas já há 18 anos vivendo em São Paulo, diz que, de acordo com muitos estudos, a socialização é tão necessária no desenvolvimento infantil quanto a nutrição, cuidados e outros fatores que satisfazem as necessidades vitais. “A brincadeira tem um papel especial e significativo na interação criança-adulto e criança-criança. Através da brincadeira, as formas de comportamento são experimentadas e socializadas”, especifica. As relações, cotidianamente criadas no mundo, se apóiam na capacidade humana de expressar e interagir com os outros e com o meio. Há muito a humanidade consolidou várias conquistas. Uma delas é a linguagem falada e escrita e, mesmo hoje, às portas do terceiro milênio, o brincar ainda não deixou de ser a principal maneira da criança se expressar. “Ela se comunica das formas mais expressivas e nós (adultos) não conseguimos ter a visualização disso”, alerta a psicóloga Simone Faoro Bertoni. “Uma criança brincando me diz muito dela, do seu contexto, da sua família, do que pensa da vida, de tudo”.

MATEMÁTICA – O professor de matemática Djalma Oliveira da Silva define o brincar como uma experiência criativa no contínuo e espaço tempo e como uma forma básica de viver. “Através do brinquedo, a criança consegue desenvolver a sua parte física, a afetiva, a intelectual e a social. Isso tudo somado vai fazer com que esta criança cognitivamente ou na sua forma de aprendizado, consiga formar conceitos e, a partir deles, relacionar idéias, estabelecer relações lógicas, desenvolver sua parte de expressão e, principalmente, aquele contato com o outro”, expõe.

Pais, professores, pedagogos, psicólogos, enfim, adultos, são capazes de colher essas informações demonstradas, estudá-las e decifrá-las, em prol da saúde física, mental e social das crianças. Simone diz que há uma engrenagem adulta que funciona por etapas, “a pessoa pensa: eu fui criança, fui adolescente, jovem e agora amadureci, sou adulto”. Ela avalia que esse “maduro” emperra que a pessoa acione a sua criança. “Não é voltar a ser criança, mas poder acionar o “devir” infantil, aquele mesmo que eu fazia quando brincava”, explica. Então, se o brincar é a principal forma de expressão infantil, as brincadeiras estão carregadas de mensagens, protestos, desgostos, raivas, alegrias, saudades, tédios, ansiedades, patologias, medos, curiosidades… Porém, nunca vêm na forma do significado original, desafiando a compreensão humana.

GESSO – “Tem uma crônica da Clarice Lispector que fala das baratas. Ela espalha pela casa um veneno, feito de giz e açúcar, que quando as baratas comem ficam engessadas por dentro. Por fora permanecem iguais. Só que se fez uma engessadura tão forte que as asfixiou, morreram engessadas”, compara Simone. “Se a gente bobear, isso acontece com o adulto”, adverte. “Ele vai engolindo gesso até que não aciona mais o seu “devir” infantil, adolescente, para poder se relacionar com a criança”.

Se as crianças se comunicam brincando – o que também lhes dá prazer -, os adultos não têm escolha. Ou valorizam este fato, se dispondo a ficar atentos ao brincar e, principalmente, se esforçar para se tornarem capazes de desvendá-los, ou deixam os pequenos com os seus monólogos, até que cresçam. “O brincar está no mundo desde que o mundo é mundo. Ele até mesmo antecede a humanidade, por que se diz que os animais também brincam”, acrescenta Santa Marli dos Santos, presidente da Associação Gaúcha de Brinquedotecas (Agab). “Porém, o brincar, assim como a criança, foi bastante diferenciado na socie-dade. Num primeiro momento, a criança não tinha existência social, era uma miniatura de adulto. Ninguém dava importância para o seu desenvolvimento, tinham de crescer para depois servir para alguma coisa.”

Aprender brincando
Muitas variáveis podem afetar no aprendizado de uma criança. A psicóloga Simone Bertoni exemplifica uma delas, que é a competição das mães, quando sobrecarregam os filhos de atividades. “Aos 30 anos o rapaz já tem pós-graduação, mestrado, doutorado, e aí, um dia a esposa chega em casa mais cedo e ele está trancado no quarto brincando de trenzinho. Cadê a infância? Se foi, porque não pôde ser exercida no tempo que tinha de ser e acaba aprisionando”.

Glória Maria dos Santos, professora da pré-escola há 12 anos, fez, no ano passado, o curso oferecido pela Agab (Associação Gaúcha de Brinquedotecas). Ela fala que antes, apesar de já utilizar, “a gente trabalha com brinquedo mas sem saber mesmo o porquê”. E acrescenta que neste processo se consegue enxergar a construção do conhecimento da criança.

Adriana Friedmann, coordenadora de um centro de formação de educadores em São Paulo, a Escola Oficina Lúdica, acredita que, apesar de haver um movimento mundial em prol do brincar, ainda é um pouco prematuro, e que o acadêmico, muitas vezes, deixa a universidade com uma bagagem compartimentalizada. Porém, diz ela “a própria prática mostra para ele caminhos para procurar caminhos e também se procurar”. E, salienta, que fora do espaço acadêmico existem muitas alternativas, como cursos e muita bibliografia. A educadora acha que este movimento específico da valorização do brincar é fenômeno da última década, principalmente nos últimos cinco, seis anos. “Hoje está muito forte porque estamos sendo bombardeados por tantos estímulos, que o homem acaba se voltando para questões mais simples, para se voltar para si”, observa. “Há também, uma tendência holística mundial de repensar o ser humano. Movimento prematuro, mas importante, que vê a percepção de que somos pessoas inteiras.”

Cristo brincava

“Jesus Cristo, aos 5 anos de idade, se divertia, certo dia, junto com outras crianças, à beira de um riacho, fazendo figurinhas em argila. Alegremente brincavam em torno de doze passarinhos que tinham acabado de moldar, quando um judeu religioso, ao passar por eles, deu-se conta de que estavam cometendo um grande pecado, produzindo brinquedos naquele dia – um sábado – dia considerado sagrado pela religião judaica. Correu assustado para José, o pai, advertindo-o de que Jesus estava violando as leis da religião. José foi até as crianças e, confirmando a cena, dirigiu-se a Jesus: “Então você não sabe que é pecado fazer estas coisas no sábado?” Jesus, batendo palmas, gritou, então, aos passarinhos de barro: “Ide!”

Gorgogeando alegremente, os passarinhos puseram-se a voar.”

Este é um relato de São Tomás de Aquino citado por Raquel Zumbano Altman, para ilustrar como, em todos os tempos, as crianças dão vida a seus brinquedos, às suas brincadeiras.

Já que a brincadeira é atemporal, quem lembra da amarelinha, ou então de pular sapata? Nela a criança pode testar a sua pontaria, afinal deve acertar a pedra na casa que precisa; treinar o equilíbrio, pois precisa pular em uma perna só e ainda não pode “queimar”, ou seja, pisar na linha divisória de cada casa. Certo, mas o que mais se pode trabalhar com ela? Segundo Adriana Fried-mann, muita coisa: os números (matemática), cores, utilizar outras motivações nas casas, o uso de palavras… “Vai muito da criatividade do adulto”, diz Raquel Zumbano Altman. “Além do prazer de brincar, que o brinquedo seja uma boa lembrança”.

O que mais somos além de incorporadores e eternos admiradores das sensações, posseiros do passado e seres em constante insatisfação, sempre em busca de “algo como” ou “parecido com”.

A trajetória das brinquedotecas

Nos anos da grande depres-são econômica norte-americana, por volta de 1934, em Los Angeles, o dono de uma loja de brinquedos queixou-se ao diretor da Escola Municipal, de que as crianças estavam roubando brinquedos. O diretor chegou à conclusão de que isto estava acontecendo porque as crianças não tinham com o que brincar. Assim, iniciou um serviço de empréstimo de brinquedos como recurso comunitário. O chamado Los Angeles Toy Loan existe até hoje. Porém, foi na Suécia, em 1963, que esta idéia foi mais desenvolvida. Com o objetivo de emprestar brinquedos e dar orientação às famílias de excepcionais sobre como poderiam brincar com seus filhos, para melhor estimulá-los, duas professoras, mães de excepcionais, fundaram a Lekotek (ludoteca, em sueco), em Estocolmo.

No Brasil também começou a ser desenvolvido a partir da necessidade de ajudar a estimular crianças deficientes. Em 1971, por ocasião da inauguração do Centro de Habilitação da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de São Paulo, aconteceu uma exposição de brinquedos pedagógicos. O interesse despertado pelo evento foi tanto que fez com que ele fosse transformado em um Setor de Recursos Pedagógicos dentro da APAE, que em 1973 implantou o Sistema de Rodízios de Brinquedos e Materiais Pedagógicos, a Ludoteca. Todos os brinquedos do Setor Educacional da APAE foram centralizados e passaram a ser utilizados nos moldes de uma biblioteca circulante. Apenas em 1981 foi montada a primeira brinquedoteca do país, em São Paulo. A partir de 1984, o Rio Grande do Sul, através do Núcleo de Desenvolvimento Infantil da Universidade Federal de Santa Maria, começou a estudar este tema e quatro anos depois montava a sua brinquedoteca. “Com ela e mais os projetos, por que nós sempre trabalhamos com a criança, fomos descobrindo que o brincar é um canal importantíssimo para o desenvolvimento infantil, do jovem e do adulto, embora a sua essência esteja na infância”, revela Santa Marli dos Santos, presidente da Associação Gaúcha de Brinquedotecas.

Em 1995, grupos emergentes que estavam pesquisando sobre o brinquedo e brinquedotecas já existentes, se reuniram e fundaram a Associação Gaúcha de Brinquedotecas (Agab), que tem sede em Santa Maria. “Aí é que iniciou o movimento mais forte no estado e os professores começaram a se dar conta de que este brincar poderia se transformar numa estratégia para o desenvolvimento da aprendizagem infantil”, afirma Santa Marli, assinalando também que “o brincar sempre foi visto como coisa pejorativa, e embora hoje já esteja bem diferente, as escolas têm muito o que estudar e o que pensar.”

Raquel Zumbano Altman trabalha com os brinquedos há 30 anos, sendo que vinte como industrial. Já foi diretora da Abrinq e hoje é coordenadora de multiplicação de brinquedotecas, em São Paulo, trabalho independente de um grupo de interessados, além de prestar assessoria para Abrinq, aos empresários, sobre a importância do brinquedo. Atualmente está realizando a implantação de uma brinquedoteca terapêutica, em um hospital para crianças e adolescentes com câncer, com auxílio financeiro do Instituto Airton Senna. A brinquedoteca terapêutica tem como objetivo, além do efeito psicológico, propiciar que a criança continue em contato com a realidade. “Mostrar que ela está viva. E o brincar faz a auto-estima voltar”, explica. “Através do brincar, tanto as crianças como os adultos se envolvem entre si e se conhecem melhor”, completa.

A respeito de brinquedoteca, Adriana Friedmann define um fator como fundamental: o espírito lúdico. “O que é importante é que a vida da criança, do adolescente e do adulto esteja impregnada de espírito lúdico”. No caso da brinquedoteca escolar, pensa que esse espírito lúdico dentro da instituição deve superar a idéia de espaço específico. Porém, considera primordial o educador se trabalhar, se permitir descobrir seus canais criativos, “lidar com esse corpo que nos representa”. E salienta: “de repente o adulto acha que parou de crescer, de se desenvolver, e não é real”.

Reabilitando o lado criança

Cada vez mais o lúdico está mostrando o seu valor, tanto que, há dois semestres, o curso de Pedagogia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, oferece uma novidade aos alunos, a partir do quarto semestre. É a disciplina opcional intitulada O jogo e a Educação. A pedagoga Tânia Ramos Fortuna, especialista em Piaget e Mestre em Psicologia da Educação, é professora titular da cadeira. Ela conta que a procura é intensa e já há uma numerosa fila de espera. Os principais objetivos são promover o desenvolvimento da criança e aprender sobre o pensamento infantil através do brinquedo. Para isso realizam exercícios e vivências de sensibilização, por vezes muito emocionantes. “Sem reconciliar o adulto e seu lado criança, não tem como penetrar no mundo infantil”, relaciona Tânia, citando atividades como a turma visitar uma loja de brinquedos, pedir-lhes que lembrem uma brincadeira da infância, etc. “Nós vamos aprendendo a mostrar para a criança que brincar é aprender”, resume, enfatizando que se a criança não é também convocada a decidir, o processo é passivo, podendo, neste caso, ser apenas um brinquedo “isca”. Para ela não há nada mais sério de se ver do que uma criança brincando, a sua concentração.

Entre as muitas maneiras de fazer com que o engessamento, a negação do lado criança do adulto afrouxe, Simone ensina que “se nos lembrarmos de uma brincadeira de nossa infância e pudermos propô-la para um grupo de crianças, seja na escola, na Clínica, em qualquer lugar, saberemos o que tem de expressão ali, identificaremos o que há para ser trabalhado, porque estaremos acionando uma marca em nós e nos libertaremos do mundo adulto que tudo sabe, e assim poderemos descobrir quem é a criança de hoje, que, claro, não é a mesma de 20, 10 e nem de 5 anos atrás.”

“A criança não é um projeto de adulto. Ela vale pelo que já é”, insiste Tânia. “Não basta utilizar o brinquedo para estar fazendo uma educação progressista”.

Para provar que o brinquedo não deixa nunca de ser importante, nem para “os grandes”, a psicóloga Simone conta que é interessante quando se propõe para adultos o brinquedo, “e eu tenho trabalhado muito isso na Clínica. O adulto sai do lugar de adulto e se pega competindo, buscando, mudando a estratégia. Assim, se pode trabalhar o que é a linguagem infantil, o que a criança sente quando está brincando, jogando”, compara. Para ela, amenizar essa distância que há entre adultos e crianças faz com o adulto saia um pouco do papel de motorista, de condutor, que só pára onde quer, que determina a hora de ir ao banheiro, a hora que está com sede, que tem que dormir, comer. “A criança tem vontade própria”, lembra Simone. “A gente, porque cresceu, se sente autorizado a interditar tudo”.

Lúdico é parceiro do professor

Beatriz Kulisz, professora do curso de Pedagogia da PUC – habilitação em Educação Infantil, afirma que as universidades, há um bom tempo, dão o devido valor ao brincar. Valorizar, neste caso, significa cada vez mais levar o brinquedo para salas-de-aula e também munir os profissionais de conhecimentos para que possam entender e interpretar o brincar, assim como utilizá-lo para que auxilie na construção do aprendizado da criança. Para que isso aconteça, o adulto deve estar muito presente e participante nos momentos lúdicos. “Nós trabalhamos com as alunas para que elas reaprendam a brincar”, conta Beatriz. Vale a pena citar o escritor Rubem Alves: “Quando a gente é moço tem a ilusão de Prometeu, acha que será capaz de transformar o mundo. No crepúsculo, entretanto, percebe que é uma criança. Não só isso: percebe que é voltando a ser criança que se torna verdadeiramente sábio”.

Os adultos podem pecar por entenderem mal o brincar/brinquedo. Podem achar que muitos objetos, de vários tipos, cores e nacionalidades, servem para rechear a vida de uma criança, quando não for, embora sem nenhuma intenção consciente, para suprir a constante ausência de um adulto ou diretamente responsável. “Algumas mães compram os brinquedos, mas guardam até o filho ‘saber’ brincar. Eu sempre digo: então não compra”, previne a psicóloga. “Dizer para uma criança que ela só vai brincar quando aprender, pode passar a idéia de que ela não é nada”.

Beatriz Kulisz entende que além do prazer, brincar é uma forma de exacerbar a angústia. Segundo ela, “quando essa angústia é muito grande, a brincadeira pode ser pura compulsão de obter prazer”, caracteriza. “Àquela criança que pede três, quatro vezes, o mesmo jogo, o professor tem que poder ajudá-la, incentivá-la a brincar com outro jogo ou, no caso de persistir, ver o que há”.

CATARSE – “As crianças que não brincam estão a sinalizar alguma coisa”, chama a atenção o psiquiatra Airton Negrini, dizendo ainda que as com problemas, em geral, não têm rotatividade de brincadeiras. Ele explica que a criança troca de brincadeira quando se esgota o que sabe sobre aquilo. Negrini lembra também, que toda atividade lúdica tem efeito catártico.

“Nós, na realidade, acabamos monitorando as crianças, fazendo com que elas dêem asas à sua imaginação, criatividade, e, através disso, elas vão nos trazendo coisas enriquecedoras”, diz o professor Djalma. Ele considera também, que o maior prazer nessa troca que a criança tem com o objeto, é ela poder criar em cima disso.”

Encontro estadual discute função do lúdico

Porto Alegre teve um espaço para refletir sobre o brincar, aprender, ensinar, trocar. O Colégio Cruzeiro do Sul e a Associação Gaúcha de Brinquedotecas promoveram, nos dias 12 e 13 de setembro, o 1º Encontro estadual sobre brinquedos, jogo e educação.

Cerca de 250 pessoas da capital, região metropolitana e interior do estado participaram do evento.

Segundo o professor Djalma Oliveira da Silva, o encontro pretendia, através do intercâmbio com o Núcleo de Desen-volvimento Infantil de Santa Maria e com a Agab, reunir pesquisadores, psicólogos e educadores, para refletir sobre a importância das atividades lúdicas no desenvolvimento do ser humano. Também propiciar situações concretas de experiências lúdicas com jogos infantis e adultos (também nas oficinas realizadas na manhãs do dia 13), e ainda discutir e analisar a brinquedoteca em diferentes contextos.

Na ocasião, também comemorando os 85 anos do Colégio Cruzeiro do Sul, aconteceu a inauguração Brinquedoteca Escolar – Segmento do Centro Pedagógico Professora Ilka S. Appell. Djalma define o local como um espaço físico organizado, onde o brinquedo facilita o ato de brincar. “Além disso, a brinquedoteca deve proporcionar a essa criança estímulos para brincar, para a experimentação, iniciativa, socialização, desenvolvimento da criatividade, do pensamento e, o que culmina, no desenvolvimento do seu próprio pensamento”. O professor lembra que, na sala-de-aula, o brinquedo continua normal.

Os organizadores têm uma avaliação muito boa do encontro e contam que muitas pessoas e também instituições estão entrando em contato com eles, para visitarem a brinquedoteca, pedir informações e até solicitar orientação para a formação de uma brinquedoteca.

Foram tantos os incentivos, que estão prevendo para 1998 um outro encontro, porém mais abrangente, envolvendo profis-sionais não só do Rio Grande do Sul, como do Brasil todo. “Acredito que o pessoal saiu satisfeito”, finaliza Djalma. O 1º Encontro Estadual sobre brinquedos, jogos e educação também teve apoio do Núcleo de Desenvolvimento Infantil/ UFSM e do Sesc.

 

 

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