EDUCAÇÃO

Sinpro/RS atinge marca histórica

Da Redação / Publicado em 6 de abril de 1998

A direção do Sinpro/RS comemorou no dia 1º de abril passado uma marca perseguida há pelo menos 12 anos: o cadastro da entidade alcançou os 10 mil sócios. Os dirigentes do Sindicato atribuem esta conquista à seriedade com que, junto com a categoria, estão levando a campanha de sindicalização, iniciada este ano em 1º de março. Como a campanha se estende 29 de maio, existe a expectativa de que este número seja superado – até porque, em 17 de abril, no fechamento desta edição, o número já estava em 10.202 associados.

“Nosso projeto é ampliar ainda mais. No último Congresso Estadual dos Professores das Escolas Particulares (5º Cepep), fizemos uma avaliação e definimos que a meta agora é atingir 55% do total da categoria”, explica Amarildo Cenci, secretário de Administração e Finanças da entidade e membro da executiva da Fetee-Sul. Atualmente, 44% dos professores particulares estão sindicalizados. Quando iniciou a campanha desse ano, o Sindicato contava com 9.300 sócios. Mas no ritmo implementado, Amarildo acredita que, até o seu final, se chegue aos 11 mil, o que representaria 50% da categoria.

Mas o que um professor ganha fazendo parte do sindicato? Muita coisa, responde o dirigente. Em primeiro lugar, enumera o professor, ingressa numa entidade reconhecida por seu trabalho no Estado e no Brasil, com respeito no meio sindical e visibilidade em toda a sociedade. O associado recebe todo o material produzido pelo Sinpro/RS, entre eles o jornal Extra Classe, um produto valorizado e elogiado nos diversos meios em que circula; uma carteira de sócio e um caderno com 1.500 convênios, inclusive médico, odontológico, mais atendimento jurídico gratuito em área trabalhista, previdenciária, aposentadoria e civil.

A exemplo da anterior, este ano a campanha de sindicalização também sorteará duas viagens internacionais, com direito a acompanhante. Roma e Grécia são os dois lugares escolhidos – da outra vez o ganhador decidia que país visitar – e não foi uma opção aleatória. Poderia até ser mais fácil sortear um carro popular ou fazer uma premiação em dinheiro. Mas a idéia foi trabalhar com elementos que a categoria valoriza, conta Amarildo, como viajar, conhecer outras países. “É um investimento cultural. Então, porque não dois centros culturais históricos?”

Para o professor, mais do que os números, é preciso analisar o significado político das conquistas com a campanha de sindicalização. Conforme ele, essa consciência se revela a partir do momento em que o Sindicato investe no reforço de sindicalizados, deixando cada vez mais de lado e até extinguindo taxas burocráticas e isentas de qualquer participação, como a contribuição assistencial.

“Vemos a gestão do sindicato como uma oportunidade de afirmação da cidadania. Tanto do Sindicato, que busca cada vez menos sobreviver dessas taxas, quanto do professor, que se reconhece como categoria e que procura, no seu coletivo, se afirmar como profissional”. Já que todos os elementos convergem para que um número cada vez maior de professores se associem, o resultado já pode ser visto na redução sistemática dessas taxas, incluindo a contribuição de dissídio.

Porém, não se pense que esse é um desprendimento fácil. Significa que a entidade abre mão de uma receita em torno de R$ 350 mil por ano. “Mas consideramos isso um investimento, porque a categoria se sindicaliza e sustenta seu sindicato com sua própria contribuição. Portanto, quanto mais sócios, mais se reduzem as taxas. É um gesto de consciência”. Este ano, além dos 2% reduzidos de 95 para 97, mais 0,5% será diminuído. Além disso, os associados não terão desconto das mensalidades nos meses em que as parcelas da contribuição assistencial serão cobradas (3% em abril e 2,5% em julho.

VIAGEM – O professor associado ao Sinpro, independente de apresentar um novo sócio, recebe em casa uma cartela com sete números e concorre ao primeiro sorteio no dia 6 de junho, à viagem à Grécia e Roma. A segunda premiação, em que participam os que apresentarem novos sócios, concorrem no sorteio do dia 13 de junho. Os números serão sorteados pela loteria federal.

Processo inédito na escola

Pela primeira vez um professor da categoria procurou a assessoria jurídica do Sinpro/ RS para processar um pai por danos morais. O fato aconteceu no dia 10 de dezembro do ano passado, quando a escola realizava sua olimpíada anual. O professor de Educação Física, Sani Cardon coordenava as atividades para crianças de 1ª a 4ª séries na quadra de esportes, considerada pequena para comportar alunos e alguns pais, que estavam presentes.

Como alguns professores reclamaram, Sani Cardon foi até o grupo de pais – cerca de 20 – e pediu que eles se retirassem. A maioria atendeu, mas um casal não gostou da solicitação. “Eles não aceitaram meu pedido e perguntaram se ali não era uma escola comunitária, que visa a participação dos pais. E saíram xingando. Dois professores viram quando ele disse vai…. Eu estava sendo educado, explicando a situação, mas o pai continuava: ô, Juca, vai… e a mulher dele dando força. Na frente de todo mundo, dos meus alunos, dos meus colegas, dos outros pais”, relata.

Cardon se sentiu humilhado. Trabalha há dez anos na escola e já fez parte de diversas de suas instâncias. Foi presidente da Associação dos Professores, representante dos docentes no Conselho Deliberativo e atualmente é coordenador do Departamento de Educação Física. Lembra que os pais são sempre bem-vindos e são chamados a participar de diversos momentos da vida escolar. Mas isso sempre mediante convite, o que não era o caso.

Casado, pai de uma filha, diante do ocorrido, Cardon não dormiu por uma semana. “Com esse fato, comecei a questionar valores: eu, no meu local de trabalho, procurando desempenhá-lo da melhor forma possível. E, de repente, me vejo surpreendido com uma coisa dessas”.

O professor diz que compreenderia se o pai mostrasse sua inconformidade. “Mas conversando, não daquela maneira”. Para reparar a humilhação sofrida e por conselho dos próprios colegas, ele resolveu entrar com uma ação na justiça visando reparos por danos morais. Cardon ressalta que o que aconteceu “foi um fato isolado e de forma alguma representa a opinião dos pais, com quem sempre tive abertura e uma relação de respeito mútuo”.

A assessora jurídica do Sinpro, Luciane Toss, considera cabível buscar as vias legais numa situação como essa. “A ação desse professor é inédita, mas não quer dizer que seja raro acontecer coisas como essa nas escolas”, informa.

Ação civil por dano moral, envolve uma indenização em dinheiro mensurável pelo juiz que irá julgá-la. Como a ação é recente ainda não há despacho do juiz. Cardon quer o reconhecimento judicial de que houve uma agressão verbal que o afetou no seu local de trabalho. O pai, que está sendo acionado, não foi encontrado pelo Extra Classe para apresentar a sua posição. Outras informações, como os nomes da escola e do pai processado, foram omitidas a pedido do professor.

Entidade prepara prêmio para valorizar a Educação

No aniversário de 60 anos, o Sinpro/RS lança o Prêmio Educação RS/1998, com a finalidade de homenagear indivíduos e instituições que se destacarem nesta área no Rio Grande do Sul, neste ano. É um prêmio anual, inédito no Estado, não envolvendo recompensa financeira, mas com o objetivo de retomar a valorização da Educação e reconhecer quem trabalha para este fim, através de um troféu e um certificado. Artistas plásticos estão sendo contatados para criarem o símbolo que distinguirá os cinco ganhadores do prêmio.

A entrega do prêmio acontecerá no dia 14 de outubro, véspera do Dia do Professor. Até essa data, há muito trabalho para ser feito, a fim de que a atividade seja um marco no calendário educacional. A comissão que indicará os participantes será formada por cerca 80 pessoas e representantes de entidades do meio educacional de todo o Estado.

“Estamos conversando com pessoas e entidades, como o presidente da Comissão de Educação da Assembléia Legislativa, da Câmara de Vereadores, direção do Cpers/ Sindicato, secretarias Estadual e Municipal da Educação, Fetee-Sul, representantes das universidades e faculdades de educação de todo o Estado, além das 15 delegacias do Sinpro/RS, para que indiquem nomes de pessoas e instituições para concorrer ao prêmio”, informa Celso Stefanoski, coordenador da Secretaria de Educação do Sinpro/RS.

Ele também explica que uma comissão julgadora será composta por pessoas reconhecidas, representantes das universidades e conhecedoras de projetos de educação no Estado. “Serão cinco ou oito pessoas, no máximo, que vão analisar os trabalhos e os participantes”. Como esse é o ano de estréia do Prêmio Educação, funcionará como uma espécie de ensaio, sendo modificado e aperfeiçoado nas próximas edições.

O trabalho está na fase da divulgação e contato com as pessoas que farão parte da comissão indicadora. Este grupo tem como prazo os meses de maio, junho e julho para indicar os participantes. Em agosto e setembro, entra em ação a comissão julgadora, que vai apreciar os trabalhos indicados. A primeira quinzena de outubro será dedicada aos preparativos finais.

Seis pessoas fazem parte da comissão organizadora do prêmio. Para elas, o importante é que esse evento se transforme em um incentivo à valorização da educação. “Sem dúvida, essa é mais uma iniciativa do Sinpro/RS, Sindicato Cidadão, que se preocupa em estender para a sociedade o trabalho que vem desenvolvendo junto à sua categoria”, enfatiza Stefanoski.

De olho

Outra vez

Mais uma da FR Empreendimentos Culturais Ltda (ex-Escola Maria Montessori e ex-Escola Patinho Feio, do bairro Menino Deus, de Porto Alegre): No final de dezembro passado, alguns professores da escola receberam o aviso de férias, que deveriam ser gozadas de janeiro a 3 de fevereiro. Estranhando a mudança – até então o mês de janeiro era determinado para o recesso escolar e as férias eram no mês de fevereiro, os docentes foram à direção buscar informações. A resposta do motivo foi curta: seriam demitidos no retorno das férias.

No dia 4 de fevereiro, os professores voltaram à escola para assinar o aviso prévio. A direção da escola pediu, então, que retornassem na primeira semana de março. E assim, foi feito. Mais uma surpresa. Na primeira semana de março, a direção solicitou que esperassem em casa um chamado para efetuarem a rescisão. No lugar de um chamado, na terceira semana de março, os professores foram surpreendidos em suas residências por uma carta da escola informando que havia entrado com uma ação na justiça porque os mesmos professores tinham se “recusado” a receber os valores da rescisão. Este tem sido o procedimento freqüente da escola nos últimos anos quando demite professores. Dá para entender?

Sentença

O Sinpro/RS ganhou, em primeira instância, a ação trabalhista contra a Fundação Educacional Machado de Assis, de Santa Rosa. A decisão da justiça saiu no último dia 6 de março. O sindicato entrou na justiça porque a escola não estava cumprindo o Acordo Coletivo da categoria, atrasando o pagamento dos salários e a remuneração de férias.

Condenada

A escola Santa Catarina, de Cachoerinha, também foi condenada pela justiça por atraso de pagamento de salários e décimo-terceiros (março de 93 a fevereiro de 95). Os valores devidos pelo estabelecimento de ensino é de R$ 70.328,01, entre multas pelos atrasos de salário e contribuições assistenciais. Ao todo, 88 profissionais (entre eles, ex-professores) são beneficiados com essa decisão judicial. Este não é o primeiro processo ganho pelo Sinpro/RS contra a escola Santa Catarina e, como continuam persistindo os atrasos, existem outros em andamento.

Notas 

Beppino Lodolo foi sucesso em Bento
Mais de 400 pessoas prestigiaram o espetáculo do tenor italiano, o friulano Beppino Lodolo, no último dia 5 de abril, em Bento Gonçalves. A vinda do cantor ao Brasil foi patrocinada pela 14ª Delegacia Sindical do Sinpro/RS (Regional Bento Gonçalves) e pelo Ente Friuli Nel Mondo, entidade com sede na cidade de Udine, Itália, para marcar as comemorações dos 60 anos do sindicato. Lodolo é considerado pela crítica italiana como um dos maiores shows-man e um grande divulgador da música e cultura italiana. No espetáculo em Bento, o cantor fez uma seleção das mais belas canções italianas, apresentando músicas do folclore friulano e árias famosas como Va Pensiero, de Verdi.

Fuhr ficará no CEEd
O professor Marcos Fuhr, diretor da Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer do Sinpro/RS, permanecerá integrando o Conselho Estadual de Educação (CEEd) por mais quatro anos. Fuhr foi indicado ao cargo na lista tríplice, aprovada pela última assembléia geral do Sinpro/RS do ano passado, e enviada ao governo do Estado. A decisão foi publicada no Diário Oficial do Estado, no dia 14 de abril. Fuhr já estava atuando junto ao CEEd num mandato tampão. Ele assumiu em 96, quando o Sindicato ampliou sua representação de uma para duas cadeiras no Conselho. A outra representante do Sinpro/RS é a professora Antonieta Mariante.

DR de Santa Rosa em novo endereço
A 8ª Delegacia Sindical (Regional Santa Rosa) está funcionando em novo endereço desde o dia 7 de março: Centro Profissional, rua Minas Gerais, 55, sala 1001, centro, Santa Rosa. Antes a delegacia atendia em uma sala locada junto ao núcleo do Cpers no município.

Atuadores da paixão
Professores associados ao Sinpro/RS têm 20% de desconto na compra do livro Atuadores da paixão, de Sandra Alencar. São 320 páginas com depoimentos, fragmentos críticos e mais de cem fotografias, documentando a trajetória da tribo de atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz. O livro foi lançado na 43ª Feira do Livro de Porto Alegre, com o financiamento do Funproarte e o apoio do Coletivo Sindical de Cultura. Professores interessados podem entrar em contato com a Terreira da Tribo (José do Patrocínio, 527, bairro Cidade Baixa, Porto Alegre – fone 051 227-3575). Atuadores da paixão custa R$15,00 nas livrarias.

Museu do Trabalho
O Sinpro/RS está apoiando o Museu do Trabalho na divulgação de suas atividades, como exposições artísticas e seu tradicional consórcio de gravuras. Situado em Porto Alegre (Andradas, 230), o Museu do Trabalho abriga além de seu acervo de máquinas antigas, um teatro com capacidade para 200 pessoas, onde também funciona o Centro de Estudos Cênicos, que conta com cinco professores para atender seus setenta alunos. Também possui sala de exposições de artes plásticas, que apresenta durante cada temporada uma agenda de onze mostras de artistas nacionais e internacionais, e o Centro Gráfico, um completo atelier de gravura.

Escola e Família
Refletir sobre a importância da família integrada à escola na construção de limites e reavaliar os conceitos de disciplina e de limite na família e na escola foram os objetivos do seminário Escola e família construindo limites, promovido pela 11ª Delegacia Sindical do Sinpro/RS (Regional Santana do Livramento). O evento foi realizado nos dias 15 e 16 de abril e teve como palestrante o pesquisador em educação Celso Vasconcellos.

 

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