CULTURA

Na linha do Equador

Dóris Fialcoff / Publicado em 5 de maio de 1998

República do Equador, capital Quito. Em 1980, quando a jornalista Sônia Zanchetta foi para lá, pensava em cumprir o seu estágio na Embaixada Brasileira no período máximo de dois anos. Voltou depois de 17 anos, disposta a divulgar o país que considera incrível. “Quando se ouve falar do Equador, aqui no Brasil, o máximo que nos vêm à cabeça é a linha que separa os hemisférios Norte e Sul”, brinca Sônia, lembrando que “não temos maiores referências desse país, cuja capital está a poucos quilômetros de um povoado denominado La Mitad del Mundo, por situar-se exatamente na latitude zero do globo terrestre”.

Ela assinala a beleza de Quito, cercada de montanhas, cujo centro é tombado pela Unesco como Patrimônio da Humanidade, pelo excelente estado de conservação de suas construções coloniais e igrejas folheadas a ouro. “Surpreende o contato com os indígenas, que eqüivalem a 40% da população, e preservam intactas as suas tradições e trajes típicos”, revela, acrescentando que o artesanato é produzido com as mesmas técnicas utilizadas por seus ancestrais.

Entusiasmada, Sônia lembra que “alguém se referiu às mãos das mulheres indígenas como as mãos incessantes, e entende-se essa imagem quando as encontramos pela rua, carregando às costas pesados vultos de mercadorias, ao mesmo tempo em que tecem artigos de palha ou fiam a lã da ovelha”. E, fora todas as possibilidades de compras nas feiras de arte popular — artigos de lã, cerâmica, metal, madeira, osso, sementes, couro, etc —, a jornalista destaca a natureza. “Em um território de apenas 270 quilômetros quadrados, pode-se encontrar tudo o que se necessita para construir um paraíso”, exagera. São montanhas nevadas, que chegam a superar os 6 mil metros de altura, a Selva Amazônica, que está a menos de três horas da capital e as Ilhas Galápagos, também consideradas Patrimônio da Humanidade pela fauna que fez Darwin viver aí durante algum tempo, para realizar investigações, enquanto escrevia A Origem das Espécies. “E praias, cobertas de palmeiras, nas quais a marca do homem ainda é quase imperceptível”, completa.

Em 97, pela primeira vez, o Equador participou da Feira do Livro de Porto Alegre — com a presença de seu maior escritor vivo, Jorge Enrique Adoun. O estande foi muito visitado e os livros de fotografias foram o maior atrativo. Algumas dessas pessoas per-guntaram a Sônia porque não organizava um tour: “Conversa vai, conversa vem, já está tudo armado”, confidencia. A saída será no dia 27 de agosto e a volta em 4 de setembro. A idéia de roteiro é a seguinte: Quito, montanhas nevadas, região dos lagos e as feiras de arte popular. “Mas não pretendo cansá-los com excesso de informações. Para mim, basta que voltem do Equador deslumbrados”, tranqüiliza Sônia. Contato pelos fones (051) 985.0045 ou (051) 280.2334.

Viagem no Stúdio

Cerca de cinco meses por ano o fotógrafo Flávio Del Mese passa conhecendo o mundo e colhendo imagens que, depois, transforma em audiovisuais para compartilhar com o público. A exibição acontece no Studio, um auditório para 150 pessoas, que Del Mese montou no bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre. As pessoas são recebidas na porta, pelo próprio autor, que oferece um folder sobre o assunto. As apresentações dos documentários são precedidas por uma conversa informal com o fotógrafo que, após a projeção dos slides, bate um papo, quando se pode fazer perguntas.

Está em cartaz no momento o Paris toujurs Paris: 560 fotos, feitas nos dois últimos verões franceses. Segundo ele, “apenas um pouquinho de Paris”, cidade que recomenda conhecer a pé.

Del Mese é fornecedor do Image Bank, para onde manda cerca de 3 mil fotos anualmente. O seu trabalho é, em parte, orientado pelos interesses dessa empresa. Este ano, por exemplo, o fotógrafo diz que a preferência está na ex-União Soviética.

Com 30 anos de estrada, ele se admira que o jovem brasileiro não viaje. “A minha curiosidade é justamente a falta de curiosidade deles. São mais atraídos pela namorada, pelo conforto da casa dos tios”, compara. “Com tanta coisa no mundo, eu me surpreendo que a pessoa vá dez anos para Capão da Canoa”.

Ele também presta assessoria para viajantes, só para lugares onde tenha estado recentemente. “Uma das coisas que torna a viagem mais barata é a boa informação”, garante. Mais informações pelo fone (051) 249.1875. Escolas também podem agendar sessões durante a semana, com preço especial. São vários títulos: A fantástica ilha de Páscoa; A China que eu vi; Tailândia – Jóia da Ásia; Erico conta o Rio Grande; Descobrindo Portugal; Alaska, a última fronteira; Oshkosh, Canadá e Hollywood; Egito, o olhar dos séculos; Estranha e maravilhosa Austrália. Sessões aos sábados, às 18 e às 20 horas e domingos às 16 e às 20 horas. (DÓRIS FIALCOFF)

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