OPINIÃO

Tributo ao padre-cientista Landell de Moura

IVAN DORNELES / Publicado em 29 de novembro de 1998

Em 30 de junho passado transcorreu o septuagésimo aniversário da morte do padre-cientista Roberto Landell de Moura. Gaúcho de Porto Alegre, nasceu em 21 de janeiro de 1861 numa casa de esquina da antiga Praça do Mercado com a então rua Bragança – hoje Mal. Floriano Peixoto. Foi batizado na igreja do Rosário, onde mais tarde viria a ser vigário. Quarto filho de 14 irmãos, seus pais, Inácio José Ferreira de Moura e sua mãe Sara Mariana Landell de Moura, eram descendentes de tradicionais famílias rio-grandenses com ascendência inglesa.

Landell de Moura foi um dos pioneiros na descoberta do telefone sem fio, ou rádio. Foi o precursor da radiotelefonia, o bandeirante da própria televisão, o descobridor das Ondas Landeleanas. Em 1893, muito antes da primeira experiência realizada por Guglielmo Marconi, o padre gaúcho realizava em São Paulo, do alto da Av. Paulista para o alto de Sant’Ana, as primeiras transmissões de telegrafia e telefonia sem fio, com aparelhos de sua invenção, numa distância aproximada de uns oito quilômetros em linha reta, entre aparelhos transmissor e receptor. O fato foi presenciado pelo cônsul britânico em São Paulo, C. P. Lupton, autoridades brasileiras, povo e vários capitalistas paulistanos. Tratava-se da primeira radiotransmissão da qual se tem notícia. Só um ano depois Marconi iniciou as experiências com seu telégrafo sem fio. Em virtude do êxito brilhante de suas experiências inéditas em nível mundial, Landell obteve um patente brasileira, de nº 3.279, para um “aparelho destinado à transmissão phonética à distância, com fio ou sem fio, através do espaço, da terra e do elemento aquoso”. Era 9 de março de 1901. O mérito do padre Landell é ainda maior se considerarmos que desenvolveu tudo sozinho. Era dessas pessoas que, além do seu lado místico, integrava em sua personalidade o gênio teórico e o lado prático para a construção de seus aparelhos. Era cientista, engenheiro e operário ao mesmo tempo. Consciente do valor de sua invenções, quatro meses depois partiu para os EUA com o objetivo de patentear os seus aparelhos. Em Washington obtém três patentes: “Transmissor de ondas” – precursor do rádio – em 11 de outubro de 104, patente nº 771.917; “Telefone sem fio” e “Telégrafo sem fio”, em 22 de novembro de 1904, patentes de nº 775.337 e nº 775.846. Nas patentes agrega vários avanços técnicos como transmissão por ondas contínuas, por meio da luz, princípio da fibra ótica, e por ondas curtas; e a válvula de três eletrodos, peça fundamental no desenvolvimento da radiodifusão e para enviar mensagens. Também em 1904, o padre Landell começa a projetar, de forma precursora, a transmissão da imagem, ou seja televisão, de textos, teletipo, à distância

* Ivan Dorneles Rodrigues, corretor de imóveis, é radioamador, PY3IDR. Porto Alegre

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