EDUCAÇÃO

Itapuã será referência em educação ecológica

Publicado em 16 de julho de 2000

ambienteA Divisão de Conservação do Departamento de Recursos Naturais Renováveis (DRNR) do Estado pretende reabrir o Parque Estadual de Itapuã, em Viamão, na primavera e transformá-lo em referência na área de educação ambiental. Fechado à visitação pública desde 1991 por não possuir a infra-estrutura necessária, voltará a receber visitantes dentro desta nova proposta. Para a diretora do Itapuã, Jane Vasconcelos o maior desafio é justamente, em se tratando de uma área de conservação, conseguir equacionar todos os objetivos, que vão da preservação dos ecossistemas até projetos de educação, pesquisa e visitação. Para que o último não interfira nos demais, haverá limites nas áreas de acesso público e o número de visitantes nunca excederá 1.400 pessoas/dia. Mas para quem pensa que o lugar vai voltar a ser um balneário, melhor esquecer. “O objetivo do Parque agora é outro: educar e conscientizar as pessoas de um ponto de vista ecológico”, afirma Jane.

A primeira iniciativa foi a criação de uma rede utilizando 10 escolas municipais e estaduais da região. São elas que estão construindo o Programa de Educação Ambiental do Parque. “Queremos ter atividades diversas e com participação ativa da comunidade. Não existe uma proposta fechada”, justifica a coordenadora. Além disso, ela garante que está sendo realizado um trabalho com os diversos setores da comunidade para que haja maior inserção dos cidadãos locais, já que até então a conservação se restringia ao policiamento e pouco se trabalhou a conscientização tanto dos moradores como dos visitantes. O objetivo é que exista estrutura fora do parque para comportar o excedente de público que ficará inevitavelmente do lado de fora. Para se ter uma idéia apenas 300 pessoas poderão visitar de uma só vez as praias da Pedreira e das Pombas e 700 a Praia de Fora.

A discussão nas reuniões promovidas pelo pessoal do parque e membros da comunidade passa por uma questão de fundo que é o tipo de desenvolvimento que Itapuã quer, se é de repetir as grandes estruturas urbanas ou manter as características do lugar e se voltar para o turismo ecológico. Para Rosângela Carrano Nunes, 35 anos, moradora do local e secretária da Cooperativa de Trabalho Produção e Consumo, é importante que a comunidade participe do processo para que o desenvolvimento local não se suceda à base de exclusões. Por isso, está sendo criado um conselho com integrantes da comunidade que deverá atuar trocando informações com a administração do parque. O grupo se reúne com a administração do parque semanalmente. “Queremos funcionar como um elemento multiplicador de informação na sociedade. Teremos de estar bem preparados para que o excedente de pessoas que ficarão no entorno não depredem o local e a sua permanência esteja dentro dos objetivos de conservação”, garante a moradora.

Ao ser criado em 1973 o parque possuía um caráter exclusivamente turístico e passou a ser administrado por uma série de instituições que acabaram por nunca levar a cabo os projetos estruturais, que previam até a implantação de teleféricos e hotéis. “Graças a Deus nada disso se consolidou”, diz Jane aliviada. Com o abandono vieram as invasões. Em um determinado momento chegou a ter 800 casas de veraneio no local. Mas foi só em 1991 que o Governo do Estado conseguiu na Justiça a retirada destas casas e transformou o local em unidade de preservação, abandonando definitivamente seu caráter turístico. Foi aí que DRNR assumiu a administração, ampliando também os limites do parque, que passou a incluir também o local conhecido por Lagoa Negra. São mais de 5 mil hectares.

Quanto ao acesso, apenas três locais poderão receber o público comum: praia das Pombas, Pedreira e de Fora, que compreendem as zonas de uso intensivo, de acordo com a convenção do plano de manejo – funciona como um regulamento interno. A região que fica em torno da Lagoa Negra e Lagoa do Meio em parte é considerada Zona Intangível, com uso apenas para conservação sem acesso público e a Primitiva, onde serão permitidas trilhas acompanhadas para estudantes e pesquisadores.

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