EDUCAÇÃO

Problemas de gestão levam colégio a fechar as portas

Publicado em 23 de setembro de 2003

Mesmo depois das negociações entre o Sinpro/RS, professores e a mantenedora do Colégio Cruzeiro do Sul, em busca de solução para parte dos problemas financeiros da instituição, a escola anunciou, no dia 19 de agosto, o seu fechamento. “Apesar do empenho dos docentes, que aceitavam reduções salariais para manter a escola funcionando (20% na Educação Infantil, 15% no Ensino Fundamental e 10% no Ensino Médio), a mantenedora não aceitou esses percentuais, mantendo proposta de redução em torno de 50%”, declarou o diretor do Sinpro/RS Celso Stefanoski. Segundo ele, a escola também não ofereceu qualquer garantia aos professores em caso de fechamento. Conforme Stefanoski, mesmo que os professores aceitassem o percentual sugerido pela escola, ela continuaria na iminência de fechar. “Trata-se de uma crise de vários anos, em função de uma precária gestão da mantenedora”, declarou.

Há dois anos, a instituição vendeu um terreno pertencente à mantenedora, para pagar os valores atrasados de INSS e FGTS aos professores. “Isso não aconteceu e até hoje não sabemos o destino do dinheiro”, declarou a presidente do Centro de Professores do Cruzeiro, Diamel Morolzczuk. De lá para cá, a situação veio se agravando, culminando, em julho deste ano, com o pagamento de apenas parte do salário dos professores. Durante o mês de agosto, foi criada ainda uma comissão de pais, que também se mobilizou contra o fechamento da escola, que, dos 1.800 alunos de 1994, contava com apenas 300.

No dia 22 de agosto, foi realizada uma audiência na Comissão de Educação da Assembléia Legislativa, oportunidade em que ficou explícita a omissão da mantenedora no acompanhamento da gestão. Também foi feito um apelo para que a escola regularizasse a situação trabalhista dos professores e funcionários, pagando as verbas rescisórias.

O sindicato notificou a escola, dando prazo de 10 dias para efetuar as rescisões de contrato. Caso isso não ocorra, entrará com ação na justiça para garantir o direito dos professores. O Sinpro/RS também encaminhou uma ação pedindo antecipação de tutela para garantir o pagamento do restante do salários de julho dos professores.

Crise em outras escolas – Assim como o Colégio Cruzeiro, outras escolas poderão ter o mesmo desfecho, caso não trabalhem com uma proposta séria e dinâmica de gestão. Segundo Celso Stefanoski, não basta ter uma boa proposta pedagógica, mas tornar a instituição viável. “Temos exemplos de escolas que não inovam e acabam perdendo espaço. Outras ainda desempenham administrações artesanais beneficiando e empregando muitas vezes os membros da própria família”, afirmou. Também é importante destacar outras causas que favorecem esse quadro, como a redução do número de filhos nas famílias de classe média, a melhor qualidade das escolas públicas e o aumento do número de estabelecimentos particulares de ensino.

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