OPINIÃO

Amor e morte

Publicado em 6 de outubro de 2012

As políticas e a legislação de proteção às mulheres contra a violência levam grande parte dos agressores à prisão preventiva ou em flagrante todos os dias. Em Porto Alegre, por exemplo, a média é de uma prisão por dia. Desde a adesão do governo gaúcho ao Pacto Nacional pelo Enfrentamento à Violência Contra Mulheres do governo federal, em 2011, foram capacitados mais de 5 mil agentes multiplicadores para o combate à violência doméstica, e os registros de ocorrências feitos pelas vítimas não param de crescer.

Os avanços – que se traduzem também pelos níveis de mobilização da sociedade e das próprias vítimas, que devido às redes de proteção se sentem mais seguras para denunciar –, no entanto, não representam o fim da violência doméstica. Pesquisa inédita da Secretaria de Segurança do RS mostra que a maioria das 327 mulheres assassinadas por seus maridos ou companheiros entre 2006 e 2011 já havia sofrido agressões no ambiente doméstico e registrado ocorrência. Mais de 80% das vítimas fatais sofreram ameaças e lesões corporais prévias aos assassinatos que, assim, transformam-se em crimes premeditados.

Outro viés da violência contra mulheres, protagonizada pelos próprios companheiros, a contaminação pelo vírus HIV vem sendo descoberta por gestantes no momento da consulta do pré-natal. São mulheres dos 15 aos 60 anos, das mais variadas profissões, formações e classes sociais, que se julgavam seguras em seus relacionamentos estáveis, mas que descobrem terem sido contaminadas pelos próprios maridos ou namorados.

Na entrevista do mês, a médica do Trabalho Margarida Barreto faz uma alarmante análise das distorções impostas às relações de trabalho na modernidade, em que as jornadas intermináveis, a pressão por metas, o assédio moral e a desumanização esvaziam cada vez mais de sentido a vida pessoal e profissional dos trabalhadores – e se engana quem pensa que esse é um fenômeno restrito ao chão de fábrica.

A convergência de interesses da medicina e da religiosidade está salvando vidas, como defendem médicos e pacientes gaúchos, em matéria nesta edição. Ainda a utilização de videogames como material pedagógico e as questões do ensino privado gaúcho, livros e a programação da Ecarta completam a edição – ao lado dos colunistas do Extra Classe.

Cartas

Extra Classe na sala de aula 
Leitor assíduo do Extra Classe desde a primeira edição, gostaria de ressaltar que essa publicação vem aprimorando a cada mês a sua proposta de jornalismo sério, responsável, comprometido com os mais caros princípios da democracia e da justiça social. Por tudo isso e pela densidade das reportagens, esse é um veículo que merece ser dissecado em sala de aula como material didático, o que tenho feito sistematicamente com sucesso juntamente com meus alunos – e recomendo aos colegas professores. Parabéns à equipe!
João Idalino Reis, professor universitário.

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