EDUCAÇÃO

“Mais valorização!”

Caminhada em Porto Alegre alertou sobre condições de trabalho que comprometem a qualidade do ensino privado gaúcho
Publicado em 30 de abril de 2013
Foto: Igor Sperotto

Igor Sperotto

Porto Alegre: docentes e funcionários protestaram no dia 24 de março por melhores condições
de trabalho e remuneração

Igor Sperotto

A Caminhada pela Valorização Profissional no Ensino Privado, realizada pelo Sindicato dos Professores do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (Sinpro/RS) e demais sindicatos de técnicos administrativos, no domingo, 24, em Porto Alegre, reuniu mais de 400 professores e funcionários de várias regiões do estado. A caminhada saiu do Parcão e foi até o Brique da Redenção, e contou também com a participação de pais e estudantes.

A manifestação chamou a atenção da opinião pública para questões como o excesso de alunos por turma, o excesso de trabalho extraclasse, a falta de valorização e de apoio profissional e os salários defasados no ensino privado. Professores e funcionários alertaram para a diferença entre o reajuste das mensalidades escolares e o proposto para os salários. “A sociedade precisa saber destas contradições”, expõe Marcos Fuhr, diretor do Sindicato. “E cobrar das instituições os diferenciais de qualidade propagandeados”.

NEGOCIAÇÃO – Os sindicatos estão em negociação salarial desde o dia 5 de março. Até o fechamento desta edição, já haviam sido realizadas quatro reuniões, em câmaras específicas (educação básica e educação superior). Nova rodada estava marcada para o dia 9 de abril.

Os professores reivindicam: reposição da inflação (INPC do período) mais 3% de aumento real, limitação do número de alunos por turma, preservação do direito ao descanso, política e estratégias de preservação da saúde docente, entre outros pontos. “O Sindicato patronal está resistindo em atender as demandas dos trabalhadores. Isso é uma contradição. O setor está bem, os balanços das instituições demonstram isso. Em conjunturas desfavoráveis houve sensibilidade dos professores. Agora, não faz sentido esta resistência e argumentação patronal”, diz Amarildo Cenci.

Na educação básica, os dirigentes do Sinepe concordam com o argumento do Sinpro/RS de que é preciso reduzir o trabalho extraclasse, preservando o direito ao descanso dos docentes e de que os professores com alunos deficientes em sala de aula precisam de assessoria profissional. “Também há concordância patronal em relação à vedação da dupla escrituração”, observa Cecília Farias, diretora do Sinpro/RS.

ESTUDO – Na última reunião com o Sinepe, ocorrida em março, o Sinpro/RS apresentou estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) sobre o impacto da folha de pagamento nas receitas das instituições de ensino. “O estudo tem como base os dados disponibilizados pelo Ministério da Educação (MEC) e demonstra que o comprometimento da folha de pagamento com as receitas é inferior aos 70% projetados pelo MEC. Além disso, esse comprometimento diminuiu entre 2011 e 2010”, explica Ecléia Conforto, economista do Dieese.

Tendo em vista que a dinâmica da negociação salarial será em câmaras específicas e simultâneas, os professores aprovaram de forma separada nas assembleias regionais as pautas de reivindicações da Educação Básica e da Educação Superior. A negociação em separado foi aceita pelo Sinepe/RS em 2012 e atende uma reivindicação histórica do Sinpro/RS com o objetivo de um debate mais aprofundado, que contemple a realidade de trabalho desenvolvido pelos professores de cada nível.

Também foi pauta nos encontros a definição da Contribuição Assistencial que será descontada de todos os professores, entre outros pontos de interesse da categoria, bem como foram eleitos os delegados do Sinpro/RS para o Congresso da Federação dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino Privado do RS (Fetee/Sul), que ocorrerá nos dias 15 e 16 de dezembro, em Porto Alegre.

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