EDUCAÇÃO

Professores do ensino médio remanejados para evitar demissões

Publicado em 8 de março de 2016

A implantação do 9º ano em 2016 trouxe grande repercussão no ensino privado gaúcho, pois uma das consequências é que muitas escolas não ofertarão o 1º ano do ensino médio, visto que alunos do 8º ano irão para o 9º, o que gera preocupação com a ma­nutenção dos empregos de seus professores. “Com isso, muitos professores do 1º ano do ensino médio ficaram sem turma”, expõe a diretora do Sinpro/RS, Cecília Farias. Conforme ela, a novidade não acarreta tantas preocupações no ensino público, que sofre com falta de pessoal, e, portanto, se torna mais fácil remanejar. Porém, causa temor na rede privada.

“Por isso, no ano passado, es­pecialmente a partir do segundo semestre, o Sindicato passou a promover reuniões com professores atingidos, bem como com a direção do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino Privado (Sinepe/RS) e direções de escolas”, conta. Como resultado das negociações foi as­sinado um Termo de Compromis­so visando ao aproveitamento dos professores do ensino médio nesta nova etapa do ensino fundamental e/ou em atividades e projetos nas escolas para reduzir os impactos da implantação do 9º ano.

AJUSTES – “Nosso objetivo é manter os empregos, evitar demis­sões, especialmente em instituições que possuem muitas turmas”, expli­ca Cecília. Para atender ao Termo de Compromisso, muitas escolas da rede privada estão tendo de remanejar docentes e cortar carga horária de trabalho para manter seus profissionais em sala de aula. “Mesmo com o valor da hora/aula menor, é defensável que o quadro de professores do 1º ano seja ab­sorvido no ensino fundamental”, avalia Cecília.

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Fotos: Igor Sperotto

Fotos: Igor Sperotto

O remanejo de professores foi adotado pelo Colégio Bom Con­selho, tradicional instituição de ensino privado de Porto Alegre. A diretora, irmã Mônica de Azevedo, explica que, na escola, houve um processo de discussões sobre as mudanças que envolveram docen­tes, alunos e pais. Neste ano não haverá 1º ano de ensino médio no Colégio. “Na medida do possível, promovemos remanejo de profes­sores para o 9º ano. Alguns tive­ram que reduzir a carga horária, mas não há demissões”.

Para minimizar o impacto (dimi­nuição substancial de alunos) no 1º ano do ensino médio em 2016, o Colégio Anchieta, outra instituição tradicional de ensino privado de Porto Alegre, tentou implantar, já em 2013, o 7º ano do ensino funda­mental de 9 anos. Com a implanta­ção do 8º ano e, consequentemen­te, do 9º ano em 2015, com apenas uma turma, respectivamente de 23 e 34 alunos em cada ano letivo, con­firmou-se a previsão da diminuição de alunos e turmas, além dos pro­blemas decorrentes para o quadro de professores. Processo que irá re­petir-se no 2º ano do ensino médio, em 2017, e no 3º ano em 2018.

ENSINO MÉDIO – Para o 1º ano do ensino médio, em 2016, consi­derando a importante redução de matrículas, a expectativa do Colé­gio Anchieta era de apenas uma turma, no entanto, através de mí­dia específica e com renúncia de alguns critérios de ingresso ado­tados pela instituição, foi possível efetivar mais algumas matrículas, o que possibilitou duas turmas, ambas com 25 alunos. Os profes­sores, como a equipe de serviços, foram reaproveitados no 9º ano do ensino fundamental e na 2ª e 3ª sé­ries do ensino médio. “Demissões, se ocorreram, não foram devido ao remanejo e à redução de turmas, assegura o diretor-geral do Colé­gio, padre João Claudio Rhoden.

No interior do estado, os refle­xos são os mesmos. Na Regional Sinpro/RS de Santa Cruz do Sul, por exemplo, das 20 escolas de ensino privado com ensino médio, quatro delas não terão 1º ano. O Colégio Bom Jesus, de Venâncio Ai­res, teve apenas oito alunos inscri­tos e não abriu turma. Os colégios Totem e Roque, de Cachoeira do Sul, bem como o São Luiz, de Santa Cruz do Sul, não terão o 1º ano. “A rede Marista nem abriu inscrições”, diz o professor Flávio Miguel Henn, diretor do Sinpro/RS. Ele aponta que não houve demissões em razão disto, pois os estabelecimentos op­taram pelo remanejo de profissio­nais, tanto para o 9º ano do ensino fundamental quanto para outras atividades pedagógicas, como pro­jetos e aulas de reforço. Em função disto, alguns docentes tiveram redução da carga horária de trabalho.

TERMO – O Sindicato dos Es­tabelecimentos de Ensino Priva­do (Sinepe/RS) informa que está orientando que as instituições de ensino deem prioridade para os professores que teriam turmas no 1º ano do ensino médio – e que não vão ocorrer – a fim de que eles assumam as turmas do 9º ano do ensino fundamental, conforme Ter­mo de Compromisso assinado com o Sinpro/RS. A entidade não tem um levantamento do número de es­colas que não terão alunos no iní­cio do ensino médio, mas conside­ra possível que muitas vivam esta realidade em 2016.

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