GERAL

PF confirma que os sem-terra foram assassinados por policiais

Publicado em 13 de setembro de 2017

Concluídas em agosto, tanto a perícia realizada pela Polícia Federal quanto a reconstituição do massacre de dez trabalhadores rurais sem-terra na Fazenda Santa Lúcia, em Pau D’Arco (PA), ocorrido no dia 24 de maio, confirmam que os policiais assassinaram a sangue-frio os camponeses. Depois das execuções, alteraram deliberadamente a cena do crime e forjaram a versão de que houve confronto com tiroteio.

De acordo com a Promotoria, o inquérito apura indícios que apontam para possíveis mandantes de um crime encomendado, o que pode estabelecer a conexão entre a polícia e fazendeiros locais.  A reconstituição contou também com o testemunho de dois policiais que participaram das execuções e decidiram colaborar com a Justiça. Um deles confessou ter atirado em um dos sem-terra, que estava no chão ferido, mas ainda vivo, e que os policiais executores usaram picapes para retirar os corpos do local antes da chegada da primeira perícia realizada. Depois a área foi periciada novamente pela PF que constatou a fraude.  De acordo com a Promotoria, os policiais fizeram uma espécie de pacto para mentir que houve confronto.

Sem Terra

Foto: CPT Nacional

Enterro das vítimas da chacina de Pau D’Arco no Pará, em maio

Foto: CPT Nacional

Policiais civis e militares envolvidos
No final de julho, a Justiça estadual do Pará decretou a prisão de 13, dos 29 policiais que participaram da operação em Pau D’Arco. Entre os presos, 11 são policiais militares. Um deles é o subcomandante da Polícia Militar de Redenção, Carlos Kened Gonçalves de Sousa. Segundo informações de jornais locais, ele e o delegado da Delegacia de Conflitos Agrários, Valdivino Miranda, que comandou a ação na fazenda, buscaram a Polícia Federal para negociar um acordo de delação premiada.

200 famílias seguem na área de conflito
Cerca de 200 famílias de sem-terra continuam na região após o massacre de Pau D’Arco e estão vivendo em condições precárias. As terras da fazenda Santa Lúcia, onde ocorreu a chacina, são alvo de disputa há quatro anos. Houve tentativa dos proprietários para vender as terras para o Incra, mas a avaliação realizada pelo Estado constatou que parte da fazenda ocupa terras públicas. A outra parte é herança de Honorato Babinski para sua esposa Maria Inez Resplande de Carvalho e os três filhos do casal. A fazenda Santa Lúcia está no nome de um deles, Honorato Babinski Filho.

Líder dos acampados foi executado em julho
No dia 7 de julho houve mais um assassinato relacionado à fazenda Santa Lúcia, da família Babinski. Rosenildo Pereira de Almeida levou três tiros na cabeça na cidade de Rio Maria, a cerca de 60 quilômetros de Pau D’Arco. Ele era uma das lideranças do acampamento montado na fazenda Santa Lúcia depois da chacina e vinha sofrendo ameaças.

Comentários