OPINIÃO

Injustiça fiscal, educação mercantil e o fantasma da ditadura

Publicado em 9 de março de 2018

Injustiça fiscal, educação mercantil e o fantasma da ditadura

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Em nossa entrevista desta edição, o professor Pedro Rossi, do Instituto de Economia da Unicamp e diretor do Centro de Estudos de Conjuntura e Política Econômica da Unicamp, afirma que uma reforma tributária no Brasil é uma reengenharia, que mais que formulações matemáticas, precisa de vontade política e um amplo debate que explicite e altere a profunda desigualdade do sistema atual, que afeta a produtividade das empresas e gera desigualdades sociais, fazendo com que os pobres paguem muito mais impostos do que os ricos.  Ele explica que o Brasil é um dos países mais desiguais do mundo e a questão tributária contribui fortemente para isso. Segundo ele, o tema da justiça fiscal é espinhoso, e justamente por isso há vários governos e legislaturas no Congresso são adiadas as decisões nessa área, tanto pelo enfrentamento político, quanto pela complexidade de mexer num emaranhado de impostos e taxas, um verdadeiro quebra-cabeças que envolve União, estados e municípios, em que nenhum ente federado quer perder tributos.

No Campo da Educação, o governo federal silenciosamente vem promovendo uma série de alterações na educação superior que transformam a estrutura do marco legal do setor, flexibilizam normas e impactam a qualidade do ensino e na produção de conhecimento no país. No conjunto, essas medidas incentivam ainda mais o avanço dos grandes grupos privados comerciais assessorados e/ou administrados por fundos de investimentos e investidores nacionais e estrangeiros do mercado de capitais, que há alguns anos ‘apostam’ na rentabilidade do negócio da educação no Brasil, transformando o meio educacional em cada vez mais mercantilista.

Em nossa matéria-capa estabelecemos a relação entre intervenção federal/militar no Rio de Janeiro, com emprego de tropas em ações ainda pouco claras, e a ressureição da ameaça militarista à democracia brasileira, reforçando a crença de que a sociedade civil só conseguirá se livrar de suas mazelas tutelada por lideranças militares. O mito, de que o último período de ditadura parecia ter se encarregado de enterrar, foi reavivado entre parte da população nos últimos anos, ganhando fôlego na esteira da popularidade do discurso de extrema-direita.

Esses e muitos outros temas iniciam este vigésimo terceiro ano de Extra Classe. E ainda: Verissimo, Fraga, Rolim, Weissheimer, Edgar Vasques, Rafael Corrêa e Santiago. Boa Leitura!

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