EDUCAÇÃO

Professores da educação superior definem pauta para negociações 2019

Tratativas com representantes das instituições comunitárias de educação superior começam neste mês com vistas ao Acordo Coletivo de Trabalho Plúrimo do próximo ano
Publicado em 6 de setembro de 2018

 

Foto: Igor Speroto

Foto: Igor Speroto

O Sindicato dos Professores/RS realizou no último sábado, 1º de setembro, a Assembleia dos Professores de 14 instituições comunitárias de educação superior (Ices) – 13 universidades e um centro universitário. A assembleia ocorreu na sede estadual do Sindicato em Porto Alegre. Na ocasião, foi definida a pauta para as negociações coletivas com vistas ao Acordo Coletivo de Trabalho Plúrimo 2019. A antecipação foi acordada nas negociações deste ano e serão realizadas a partir de setembro.

A pauta de reivindicações dos professores foi orientada pela reposição da inflação, qualificação das relações de trabalho docente e pela manutenção do patrimônio histórico de direitos. Também foi discutida a sustentação financeira da luta dos professores e do Sindicato para o próximo ano. Foi aprovada a manutenção do mesmo índice de 3,5%, mas com indicativo de um teto a ser ainda definido para a contribuição assistencial/taxa negocial.

A primeira reunião com a Comissão das Ices ocorreu no dia 5 de setembro. Posteriormente, o Sinpro/RS realizará assembleias nas instituições para a divulgação do andamento das tratativas e definições complementares para o processo.

“Negociar com antecedência à data-base e, especialmente, à própria definição dos reajustes das mensalidades e a definição do orçamento das instituições, na verdade, integra o ideário do Sinpro/RS há muito tempo”, explica Marcos Fuhr, diretor do Sinpro/RS. Para ele, a acolhida desta demanda dos professores por parte de um segmento dos empregadores do ensino privado se deve aos seus próprios interesses. “É preciso termos, o Sinpro/RS e os docentes, muita cautela e o mesmo desempenho que sempre tivemos na defesa do patrimônio de direitos da categoria, além de buscar sempre a melhor qualificação possível das condições contratuais da categoria”, conclui Fuhr.

DISSIDÊNCIA – Desde 2015, o Sinpro/RS, com vistas à garantia dos direitos históricos dos professores, constantes das Convenções Coletivas de Trabalho (CCT), passou a realizar negociações com o segmento Ices, dissidente do Sinepe/RS, que reúne 13 universidades e um centro universitário, vinculados ao Comung, e que está empenhado no reconhecimento oficial de sua própria organização sindical patronal. “O rompimento desse segmento com o Sinepe/RS, sua exclusão das negociações anuais na Comissão da educação superior e a categórica negação de reconhecimento da Convenção Coletiva de Trabalho firmada pelo Sinepe/RS, exigiu do Sinpro/RS a instauração de outra interlocução e a definição de outro instrumento normativo – Acordo Coletivo de Trabalho Plúrimo”, explica Marcos Fuhr, dirigente do Sinpro/RS. “De um modo geral, no referido Acordo tem-se mantido todos os direitos históricos da categoria, da mesma forma que nas renovações das convenções coletivas de trabalho firmadas com o Sinepe/RS”.

FÓRUM DAS COMUNITÁRIAS
Mercantilização, EaD e redução de bolsas preocupam

Professores, funcionários técnicos administrativos e estudantes das instituições comunitárias de educação superior (Ices) de todo o estado realizaram no dia 1º de setembro, em Porto Alegre, a 11ª edição do Fórum pela Gestão Democrática das IES Comunitárias. No centro do debate, o avanço da educação a distância (EaD) com a consequente precarização do trabalho docente, o tensionamento das políticas mercantilistas nestas instituições, entre outros temas.

“A lógica da mercantilização na educação é a lógica capitalista”, explica Marcos Fuhr, coordenador do Fórum. Ele exemplificou as mudanças impostas pelo avanço das instituições mercantilistas no RS com a alteração no perfil dos que compõem a Reitoria nas Ices, cada vez mais administrativo em detrimento do acadêmico. Destacou ainda a ampliação da terceirização nas atividades técnico-administrativas e as dificuldades enfrentadas nas reuniões de negociação salarial como fatores preocupantes. Amarildo Cenci, diretor do Sinpro/RS, trouxe um relato sobre as negociações ocorridas neste ano, que qualificou como “intensas” e marcadas por “tentativas de retiradas de direitos”.

EAD – Sani Cardon, representante do Sindicado no CEEd, detalhou o funcionamento do EaD e a lógica padronizada das aulas. “Um professor elabora o material didático que é replicado em diferentes polos pelo país. O docente perde a autoralidade do material e é substituído por um tutor”, explicou. Sani relatou ainda o trabalho do Sindicato na luta pelo reconhecimento do professor na sua função plena, uma vez que o tutor exerce o mesmo trabalho, mas não tem amparo na convenção coletiva da categoria docente.

Representante dos estudantes, Camila Maranoski falou sobre a dificuldade enfrentada pelos alunos com o aumento de oferta de disciplinas fundamentais na modalidade EaD, além da queda no número de bolsas ofertadas pelas Ices através do financiamento estudantil (Fies), que prejudica a conclusão do curso de diversos alunos.

SITE – Durante a reunião, foi apresentado o site exclusivo do Fórum das Comunitárias. O espaço está adaptado para as mais diferentes plataformas digitais e dispositivos móveis, como celulares e tablets. Na página podem ser encontrados o histórico das resoluções, que resultam das reuniões plenárias do Fórum, as atividades realizadas, além de informações e espaço para contato. A página pode ser acessada no endereço www.forumdascomunitarias.org.br.

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