EDUCAÇÃO

Aulas presenciais devem reiniciar somente em setembro no RS

Novo planejamento do governo estadual prepara retorno gradual para escolas públicas e privadas, mas somente com atividades remotas em junho
Por Gilson Camargo / Publicado em 27 de maio de 2020
Leite detalhou plano para retomada das atividades letivas no estado, na modalidade remota em junho

Foto: Gustavo Mansur / Palácio Piratini

Leite detalhou plano para retomada das atividades letivas no estado, na modalidade remota em junho

Foto: Gustavo Mansur / Palácio Piratini

O reinício das atividades letivas nos sistemas público e privado de ensino do Rio Grande do Sul ocorrerá de forma gradual e na modalidade remota a partir de 1º de junho para manter o distanciamento físico entre professores, alunos e trabalhadores da educação em virtude da pandemia de Covid-19. O retorno integral das aulas presenciais em todos os níveis de ensino nas escolas e universidades gaúchas é projetado somente para o mês de setembro.

A decisão foi anunciada em telecoletiva de imprensa pelo governador Eduardo Leite (PSDB), com a participação dos secretários de Educação, Faisal Karam, e de Planejamento, Leany Lemos, na tarde desta quarta-feira, 27.

As aulas presenciais no ensino público e privado no estado estão suspensas desde 13 de março e a projeção era de retorno gradual em junho, após a antecipação do recesso letivo para que as instituições permanecessem fechadas em maio. Parte das instituições do ensino privado mantém atividades em EaD validadas pelo Conselho Estadual de Educação (CEEd/RS) para o cumprimento do ano letivo.

Arte: SES/SEDUC/SEPLAG

Arte: SES/SEDUC/SEPLAG

A regulamentação sobre o reinício das aulas de forma não presencial em junho será publicada no Diário Oficial do Estado (DOE) até a próxima sexta-feira, 29. O modelo para a retomada das atividades letivas remotas será por etapas.

Foram definidas fases divididas por períodos de 15 dias para a análise do sucesso da fase anterior.  “Por ora, prioridade é fortalecer as aulas remotas e a aprendizagem em casa”, explicou o governador ao apresentar a Fase 1 do modelo.

As atividades serão aplicadas por meio da plataforma Google for Education. De acordo com o secretário de Educação, serão criadas cerca de 37 mil salas de aula virtuais, inclusive salas dos professores e para recreio virtual.

A segunda fase do planejamento, ainda em elaboração pelo governo, deverá ser divulgada no dia 15 de junho e contará com um protocolo de saúde para vigorar quando do retorno de atividades presenciais específicas a partir de 1º de julho. Na Fase 2 iniciam as atividades práticas do ensino superior, como o trabalho de laboratórios, calendário acadêmico de pesquisas e estágios superiores.

Ainda sem definição, a Fase 3 projeta o retorno prioritário das aulas presenciais nas escolas de educação infantil e ainda a possibilidade de restabelecer o ensino infantil presencial junto ao ensino fundamental. A secretária estadual de Planejamento, Leany Lemos, explicou que o planejamento do retorno das crianças às escolas leva em conta a complexidade dessa modalidade de ensino e a realidade das famílias.

Segundo ela, 80% dos inscritos no Cadastro Único do RS são mães solteiras. “Sempre olhando a curva da pandemia, sempre nos guiando por ela. Mas também olhando para toda essa complexidade”, disse. Os cenários projetados pela equipe de governo de acordo com a análise do controle da pandemia não descartam o retorno do ensino médio. Enquanto isso, ressaltou Leite, a orientação é para que “as crianças permaneçam em casa”, mesmo com o reinício das atividades da educação infantil. Conforme o planejamento do governo, as aulas presenciais em todos os níveis de ensino deverá ser autorizada somente no mês de setembro.

Pesquisa aponta estabilidade de infectados por coronavírus

Quarta fase da pesquisa da UFPel foi apresentada em teleconferência

Imagem: Reprodução

Quarta fase da pesquisa da UFPel foi apresentada em teleconferência

Imagem: Reprodução

A pesquisa de prevalência da Covid-19 na população gaúcha, divulgada nesta quarta-feira, revela que o estado vem alcançando resultados positivos no enfrentamento da pandemia. A quarta etapa do levantamento aponta para uma estabilidade no número de pessoas que já foram infectadas pelo novo coronavírus.

“Observamos que a estabilidade apurada pela pesquisa também está nas internações hospitalares. No dia 9 de maio, tínhamos 220 pacientes internados suspeitos ou confirmados para Covid. Ontem, 26 de maio, eram 225. Ou seja, do início do mês pra cá, temos praticamente o mesmo número de pacientes internados. O que confirma o resultado da pesquisa: uma efetiva estabilidade no quadro de contágio no RS”, destacou Leite.

Pelos testes aplicados nesta fase, a estimativa é que seriam 20.226 pessoas já com os anticorpos, o que representa 0,18% da população. Na rodada anterior, as projeções eram de 24.860 pessoas infectadas pelo vírus (0,22% da população). De acordo com o reitor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e coordenador da pesquisa, Pedro Hallal, a diferença é estatisticamente baixa, indicando estabilidade no contágio do vírus, e está dentro da margem de erro. Isso indica que o RS pode ter de 8.736 a 39.819 pessoas com anticorpos.

“Não existe a possibilidade de diminuir o percentual de pessoas com anticorpos, o que acontece é que, como estamos lidando com números pequenos, a margem de erro da pesquisa explica essa diferença. Se fosse um problema com a metodologia ou com os testes, não teríamos encontrado os resultados que encontramos no Acre, em São Paulo e em outros lugares do país para onde estamos levando a pesquisa. O que acontece no RS é que a prevalência é tão baixa que pode haver essa variação dentro da margem de erro”, explicou Hallal.

Arte: Governo RS/ UFPel

Arte: Governo RS/ UFPel

Nesta etapa, concluída na segunda-feira, 25, novamente foram aplicados 4,5 mil testes rápidos nas nove cidades escolhidas pelo estudo. Foram oito pessoas que testaram positivo, das quais quatro em Passo Fundo. O município repete os quatro positivados da etapa anterior e vem apresentando números de casos e mortes elevados nas estatísticas oficiais.

Uruguaiana registrou dois casos positivos e os demais foram em Porto Alegre (1) e Pelotas (1). Nas outras cidades – Caxias do Sul, Santa Cruz do Sul, Santa Maria, Canoas e Ijuí –, não houve registro de casos positivos. Os nove municípios representam 31% da população do RS. Na terceira etapa, realizada há 15 dias, o estudo identificou 10 testes com resultado positivo.

Os novos dados do estudo de Epidemiologia da Covid-19 no RS (Epicovid19) estimam que haja um infectado a cada 562 gaúchos – na testagem anterior, havia um caso positivo a cada 454 pessoas; na segunda, um a cada 769 e na rodada inicial, um a cada 2 mil.

Devido à projeção de que o estado apresenta três vezes mais casos de coronavírus do que o total de notificados, a quarta fase da pesquisa também aponta que seriam 1.778 infectados reais para cada grupo de 1 milhão de habitantes.

Arte: Governo RS/ UFPel

Arte: Governo RS/ UFPel

“Os dados desta quarta fase indicam que não há um avanço descontrolado da pandemia no RS. Ao contrário, confirmam os resultados das fases anteriores, de que a proporção da população gaúcha já exposta ao vírus é baixo.

Mas é importante que a população entenda que esse é um resultado positivo e que indica que estamos tomando decisões corretas no RS, mas não devemos pensar que a epidemia terminou aqui. Precisamos seguir tomando todas as medidas de prevenção”, afirmou Hallal.

Serão realizadas quatro novas rodadas de testagem – de 13 a 15 junho, de 4 a 6 de julho, de 25 a 27 de julho e de 15 a 17 de agosto. Com previsão de 4,5 mil testes em cada fase, a pesquisa deve atingir um total de 36 mil pessoas nas nove regiões do estado.

DISTANCIAMENTO – Na comparação com os resultados de duas semanas atrás, o número de pessoas que respeitam as orientações de distanciamento social registrou pequena oscilação. O percentual da população que relatou sair de casa diariamente agora está em 31,5% dos pesquisados. Na terceira fase era de 30,4%, o que indica uma influência mínima por conta da retomada das atividades prevista pelo modelo de Distanciamento Controlado. A nova política está em vigor desde o dia 11 de maio.

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