POLÍTICA

Procurador detalha esquema de corrupção descoberto pela Zelotes

Publicado em 13 de maio de 2015

O procurador do 6º Ofício de Combate à Corrupção da Procuradoria da República no Distrito Federal, Frederico Paiva – responsável pelas investigações da Operação Zelotes, da Polícia Federal –, detalhou nesta tarde o funcionamento do esquema de corrupção montado no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) para anular débitos tributários de empresas com a Fazenda Pública.

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Foto: Luis Macedo/Ag. Câmara

O promotor Frederico Paiva afirmou que o Carf é um órgão ineficiente, pouco transparente, burocrático, que precisa de reforma

Foto: Luis Macedo/Ag. Câmara

 

Em resposta ao deputado Paulo Pimenta (PT-RS), que propôs a realização da audiência pública, Paiva disse que empresas detentoras de débito eram abordadas por escritórios de advocacia, de contabilidade, etc, com uma conversa do tipo: ‘A gente sabe que senhor tem um processo no Carf e estamos dispostos a oferecer nosso serviço’.

Segundo Paiva, a partir daí, para demonstrar o poder de influência no Carf, as quadrilhas anunciavam que o processo teria um pedido de vista em determinado dia e hora, o que de fato ocorria.

“O próximo passo seria a empresa com débito fechar um contrato de consultoria com essas quadrilhas de manipulação de julgamentos no Carf para dar legalidade à transferência de recursos que alimentava o esquema”, explicou Paiva, ressaltando que há “tanto servidores do Carf quanto advogados sob investigação”.

Paiva disse ainda que havia pelo menos duas organizações criminosas atuando paralelamente na manipulação de julgamentos no Carf. “Inclusive havia concorrência entre elas para ver quem iria pegar os casos de débitos de grandes empresas”, observou.

Destacou o papel do poder judiciário como agente de combate à corrupção, ao autorizar medidas invasivas que possam elucidar o caso por meio de provas concretas.

SUSPEITAS – O Ministério Público entrou com uma representação na Corregedoria do Tribunal Regional Federal (TRF) da Primeira Região, em Brasília, contra o juiz responsável pela Operação Zelotes. Para os promotores, o juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal de Brasília, é conhecido por reter processos por longos períodos sem justificativas razoáveis e pedem que esse comportamento seja examinado pelos corregedores. O juiz será acionado ainda no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) por meio de uma representação de autoria do deputado Paulo Pimenta (PT-RS). O parlamentar lembra que Leite é titular de processos antigos contra investigados da Zelotes que nunca foram chamados a depor. O promotor Frederico Paiva disse à comissão que o Ministério Público irá apresentar à Justiça, entre junho e julho, denúncias por corrupção e lavagem de dinheiro contra investigados na Zelotes. (Com informações da Agência Câmara)

 

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