MOVIMENTO

Centrais em estado de greve contra a reforma da Previdência

Mobilização pressiona deputados em suas bases e promete parar o país no dia em que a Câmara colocar o projeto em votação
Por Gilson Camargo / Publicado em 11 de dezembro de 2017
Representantes da CUT, Força Sindical, CTB, UGT, Nova Central, Intersindical, Conlutas e CGTB definiram estratégias para pressionar parlamentares e por greve caso a proposta vá a plenário

Foto: Roberto Parizotti/ CUT/ Divulgação

Representantes da CUT, Força Sindical, CTB, UGT, Nova Central, Intersindical, Conlutas e CGTB definiram estratégias para pressionar parlamentares e por greve caso a proposta vá a plenário

Foto: Roberto Parizotti/ CUT/ Divulgação

Representantes das principais centrais sindicais do país – CUT, Força Sindical, CTB, UGT, Nova Central, Intersindical, Conlutas e CGTB – definiram, em reunião realizada na última sexta-feira, 8, entrar em estado de greve contra a reforma da Previdência. O final de semana foi de pressão de sindicalistas e trabalhadores aos deputados em suas bases para que, caso o PLC 38/17 vá a plenário, votem contra. Os parlamentares também foram advertidos pelos sindicalistas de que haverá forte campanha nos estados para que aqueles que votarem a favor da reforma não se reelejam. “Diante dessa lógica do governo Temer de liberar R$ 3 bilhões para os prefeitos, o final de semana foi o momento de pegar os deputados em visitas aos seus estados para alertar: se votar a favor da reforma, não volta”, diz o presidente da CUT/RS, Claudir Nespolo.

A ferramenta de web NA PRESSÃO criada pela CUT permite contatar os parlamentares por e-mail, mensagens, telefone ou redes sociais e conferir quais parlamentares são favoráveis ou contrários ao PLC 38/17 e quais estão indecisos. “Sou totalmente contrário às reformas da Previdência e Trabalhista. Vou votar contra e estou trabalhando para que não seja aprovada. Votei contra a reforma Trabalhista e votarei contra em toda e qualquer proposta que visa retirar direitos dos trabalhadores”, enfatizou o deputado Sérgio Vidigal (PDT-ES) por e-mail.

No domingo, Michel Temer (PMDB) manifestou a decisão do governo de aprovar a reforma na Câmara nos próximos dias, contabilizando votos do PMDB, PTB, PPS e articulções com o PP, PSD e PRD. “Confio que até o dia 18 teremos os votos necessários para que seja colocado em votação”, afirmou, repetindo a expectativa que já havia sido anunciada pelo líder do governo na Câmara, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP/PB). A votação no Senado já estava prevista para ocorrer somente em 2018. Pela agenda da Câmara desta semana, o relatório elaborado pelo deputado Arthur Maia (PPS-BA) deve ser lido em plenário na quinta-feira, 14, pela manhã, seguida da defesa da proposta pelos líderes e da aberta para discussão para que a votação ocorresse nos dias 18 e 19. De acordo com o dirigente, as centrais deliberaram por greve geral no dia em que o projeto entrar na pauta. “Se marcarem a votação irão encontrar o país parado”, afirma Nespolo.

Nova reunião das centrais sindicais foi agendada para o dia 14 para avaliar as movimentações na Câmara dos Deputados e a possível colocação da reforma em pauta. Durante todo o mês de dezembro, as centrais realizarão com seus sindicatos, federações e confederações uma jornada de luta para mobilizar, aquecer e preparar a greve em todo o Brasil. No RS, foi realizado encontro com a categoria dos rodoviários para explicar como a categoria será atingida pela reforma.

Ferramenta permite pressionar diretamente os deputados para que votem contra a reforma

Imagem: Reprodução

Ferramenta permite pressionar diretamente os deputados para que votem contra a reforma

Imagem: Reprodução

NA PRESSÃO – A estratégia é impedir a votação da nova reforma da Previdência, utilizando todo o tipo de pressão, como abordagem aos parlamentares nos aeroportos, idas aos gabinetes dos deputados e deputadas, denunciar em suas bases eleitorais, assembleias com os trabalhadores e panfletagens à população. No dia 13, quarta-feira, haverá atos em todas as capitais e grandes cidades, visitas às bases dos parlamentares e panfletagens. “Tudo isso é um aquecimento para greve que faremos no dia em que a Câmara colocar a proposta em votação”, destaca o presidente nacional da CUT, Vagner Freitas. “Eles não votaram porque nós conseguimos disputar a opinião pública e vencer. O povo entendeu que não é reforma, é desmonte, é o fim do direito de se aposentar”, alerta.

Segundo Vagner, a pressão nas bases eleitorais dos parlamentares e a mobilização das categorias em todo o Brasil estão surtindo efeito. “Não podemos ter dúvidas disso. Precisamos intensificar as ações na próxima semana e, se for necessário, a greve será mais um instrumento da nossa luta”, explica o dirigente.

De acordo com levantamento feito pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP), 167 deputados declararam que vão votar a favor da reforma. Outros 152 disseram que vão votar contra e 198 estão indecisos. Uma das formas de pressionar os deputados e deputadas é utilizar o site Na Pressão, uma ferramenta da CUT lançada em junho deste ano e que permite contatar os parlamentares por e-mail, mensagens, telefone ou redes sociais. O Na Pressão possibilita enviar, de uma só vez, e-mail para todos os parlamentares indecisos ou a favor do governo pelo link “Ativar Ultra Pressão”. Ao clicar na foto individual do parlamentar, é possível acessar informações completas do deputado, como partido, estado e até mesmo contato para envio de mensagens por meio do whatsapp.

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