MOVIMENTO

Acampamento abrigou mais de 15 mil pessoas

Após quatro dias de manifestações em Porto Alegre, militantes e movimentos sociais anunciam criação de comitês populares de resistência
Por Cristina Ávila / Publicado em 24 de janeiro de 2018
Espaço do acampamento junto ao anfiteatro Pôr-do-Sol abrigou entre 15 e 20 mil militantes de diversos estados desde domingo

Foto: Igor Sperotto

Espaço do acampamento junto ao anfiteatro Pôr-do-Sol abrigou entre 15 e 20 mil militantes de diversos estados desde domingo

Foto: Igor Sperotto

O acampamento pela democracia – que abrigou mais de 15 mil militantes a partir do último domingo em Porto Alegre – começou a ser desmanchado por volta das 17h desta quarta-feira, antes mesmo da conclusão da sessão do TRF4, que julgava a apelação do presidente Lula à condenação de primeiro grau. Imediatamente após o segundo voto pela condenação de Lula foi anunciada a criação de 4 mil comitês populares e ações de resistência nos municípios em todo o país. A Frente Brasil Popular divulgou uma nota na qual afirma que o resultado não surpreendeu e lamenta a postura do judiciário para imposição das políticas que retiram dos trabalhadores os seus direitos fundamentais. “Nossa luta não começou nem se encerra hoje”, afirma o comunicado, convocando para o desafio da “construção das saídas para a crise política e econômica nacional que atende a maioria do povo brasileiro”.

A presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann anunciou anunciou a criação dos comitês populares para a mobilização pela democracia no país

Foto: Igor Sperotto

A presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann anunciou a criação dos comitês populares para a mobilização pela democracia no país

Foto: Igor Sperotto

O dia acabou com chuva, mas durante a manhã e quase toda a tarde o sol escaldante maltratou os militantes no acampamento na orla do Guaíba. Muito calor para atravessar o dia de expectativa sobre o julgamento de Luiz Inácio Lula da Silva. A primeira informação veio da presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann, que falou do carro de som, por volta das 13h30. Ela relatou o pronunciamento do primeiro dos três desembargadores que votariam a sentença, João Pedro Gebran Neto. “De 400 páginas, ele gastou 200, mais de uma hora, para defender a sentença do juiz Sérgio Moro, que é seu compadre, e para justificar o power point do coordenador da força-tarefa da Lava Jato, Deltan Dallagnol, trazendo de volta a teoria do domínio do fato, usada para incriminar o ex-presidente por corrupção, mesmo sem provas, alegando que tinha conhecimento sobre irregularidades em seu governo.

“Os outros dois votos são de desembargadores mais técnicos”, expressou a senadora, lembrando que o mesmo TRF4 absolveu o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, de acusações da Lava Jato. Gleisi Hoffmann ainda levantou a possibilidade de que a sentença não chegasse ao fim nesta quarta-feira, se algum dos desembargadores pedisse vistas do processo. Ela acentuou a necessidade da militância se manter coesa na luta contra a condenação, e anunciou a criação dos comitês populares para a mobilização pela democracia no país.

Eleitor exibe foto com o conterrâneo que estava sendo julgado

Foto: Igor Sperotto

Eleitor exibe foto com o conterrâneo que estava sendo julgado

Foto: Igor Sperotto

Grande parte dos políticos de partidos de esquerda no país estiveram no acampamento dos militantes. As falas no carro de som confirmaram a presença de pessoas vindas das cinco regiões do país, como a senadora Regina Sousa, do Piauí, que lembrou da realização do Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça. Ela ironizou a presença de Michel Temer, que se pronunciaria no tradicional encontro com chefes de estado, de governo e empresários. “Vamos ver os números da economia brasileira que ele deverá apresentar ao mundo”, previu ela, referindo-se aos desgastes na economia nacional. Poucos minutos depois, a senadora potiguar Fátima Bezerra falou sobre a necessidade de unidade das instituições progressistas em defesa da democracia. A presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) do Paraná, Regina Cruz, relatou que o estado em que o ex-presidente Lula foi sentenciado pelo juiz Sérgio Moro trouxe 43 caravanas de militantes a Porto Alegre. “A república de Curitiba é a república da resistência”, enfatizou.

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