POLÍTICA

Adiada votação de Lei que criminaliza movimentos sociais

Emendas que tipificam como terrorismo ações com “motivação política, ideológica ou social” devem ser previamente debatidas com a sociedade em audiência pública
Da Redação / Publicado em 31 de outubro de 2018
Os senadores progressistas Humberto Costa, Gleisi Hoffmann, Lindbergh Farias, Fátima Bezerra e Vanessa Grazziotin barraram votação e pressionaram pela aprovação de audiência pública

Foto: Agência Senado

Os senadores progressistas Humberto Costa, Gleisi Hoffmann, Lindbergh Farias, Fátima Bezerra e Vanessa Grazziotin barraram votação e pressionaram pela aprovação de audiência pública

Foto: Agência Senado

A proposta que modifica a Lei Antiterrorismo (Lei 13.260) será discutida em audiência pública prevista para ocorrer em até duas semanas. O requerimento para o debate foi aprovado nesta quarta-feira, 31, na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ).

PLS 272/2016, do senador Lasier Martins (PSD-RS), pretende inserir na legislação contra o terrorismo condutas que foram vetadas pela ex-presidente Dilma Rousseff no projeto de lei original, sancionado em 2016. Com isso, volta a ser considerado terrorismo incendiar, depredar, saquear, destruir ou explodir meios de transporte ou qualquer bem público ou privado, além dos atos de interferir, sabotar ou danificar sistemas de informática ou bancos de dados. A pena estipulada para todas essas condutas será de 12 a 30 anos de reclusão.

O relator do projeto, senador Magno Malta (PR-ES), apresentou emenda para modificar o dispositivo que conceitua o terrorismo, ao estabelecer a caracterização da prática também por “motivação política, ideológica ou social”. Os parlamentares contrários à proposta alertaram que essa mudança representa a criminalização dos movimentos sociais, como o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) ou de movimentos estudantis que ocupem uma reitoria, por exemplo. Eles lembraram que na segunda-feira, 29, o presidente eleito afirmou que não irá dialogar com o movimento e que faria uma “faxina”.

Senadores progressistas que integram a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) obtiveram o adiamento da votação das emendas relatadas por Malta. Vanessa Grazziotin (PCdoB/AM), Lindbergh Farias (PT/RJ) e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, também pressionaram pela aprovação de um requerimento de convocação de audiência pública para debater o tema antes das emendas serem colocadas em votação.

“Peço que a gente discuta com mais propriedade o projeto, pois esse é um passo gigantesco para tornar esse país autoritário”, propôs o senador Lindbergh Farias (PT-RJ). A senadora Simone Tebet (MDB-MS) alertou que a mudança sugerida poderá, inclusive, tornar a proposta inconstitucional e, por isso, o debate precisa ser aprofundado.

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