GERAL

IBGE registra crescimento de uniões homoafetivas

De acordo com o estudo, o aumento foi influenciado especialmente pela alta de 15% do número de casamentos entre mulheres, superior ao de 3,7% verificados entre homens
Por Gilson Camargo* / Publicado em 31 de outubro de 2018
Emanuele Vitorino e Elaine Dalacosta formam a primeira união homoafetiva celebrada pelo Casamento Social – Edição Cuiabá, realizado em 2016 pela secretaria de Trabalho e Assistência Social (Setas) em parceria com o Núcleo de Ações Voluntárias (NAV) do governo do Mato Grosso

Foto: Setas/ Divulgação

Emanuele Vitorino e Elaine Dalacosta formam a primeira união homoafetiva celebrada pelo Casamento Social – Edição Cuiabá, realizado em 2016 pela secretaria de Trabalho e Assistência Social (Setas) em parceria com o Núcleo de Ações Voluntárias (NAV) do governo do Mato Grosso

Foto: Setas/ Divulgação

A pesquisa Estatísticas do Registro Civil divulgada nesta quarta-feira, 31, pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) mostra que houve um aumento de 10% no número de registros de união entre pessoas do mesmo sexo no país entre 2016 e 2017. Já o registro de união entre pessoas de sexo oposto teve queda de 2,3% no ano passado.

De acordo com o estudo, o aumento foi influenciado especialmente pela alta de 15% do número de casamentos entre mulheres, superior ao de 3,7% verificados entre homens.

Em 2017 foram registrados 2,5 mil casamentos entre homens e 3.387 entre mulheres. O aumento foi de 5.354, em 2016, para 5.887, no ano passado.

Os casamentos entre cônjuges femininos representaram 57,5% das uniões civis dessa natureza em 2017.

Enquanto os registros de casamento entre cônjuges masculinos cresceram 3,7%, os casamentos entre cônjuges femininos aumentaram 15,1%.

De acordo com o levantamento, o número de divórcios cresceu 8,3% em 2017, comparando com o ano anterior. É o equivalente a 2,48 divórcios para cada mil pessoas com 20 anos de idade ou mais no país. A Região Sudeste apresentou o maior percentual geral de divórcio (2,99%).

NASCIMENTOS – Os registros de nascimento cresceram 2,6% entre 2016 e 2017, ano em que o Brasil ganhou 2,87 milhões de bebês, de acordo com a pesquisa, que reúne dados sobre o número de brasileiros nascidos vivos, de casamentos, óbitos e óbitos fetais remetidos anualmente ao IBGE por cartórios de registro civil e pelas varas de família, foros, varas cíveis e tabelionatos de notas de todo o país. Importante instrumento de acompanhamento da evolução populacional do país, a pesquisa é um subsídio para a implementação de políticas públicas.

“O que os números indicam é que as notificações relativas aos totais de nascimento de crianças aumentaram, se aproximando mais da realidade; que os brasileiros estão casando menos e permanecendo casados cada vez por menos tempo; e que o número de divórcios é cada vez maior”, afirmou a coordenadora da pesquisa, Klivia Oliveira.

Segundo ela, o estudo demográfico mostra “a nova realidade do país, refletindo todas essas mudanças da sociedade: as mulheres tendo cada vez menos filhos e mais tarde, em geral depois dos 30 anos, além de alterações significavas no que diz respeito à inversão das faixas etárias de registros de óbitos, o que retrata, por um lado, o envelhecimento da população, e por outro, a redução das taxas de mortalidade infantil.”

Parlamentares da Frente Evangélica protestam na Câmara dos Deputados contra a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), em 2011, favorável à união civil entre casais homossexuais

Foto: Renato Araujo/ABr

Parlamentares da Frente Evangélica protestam na Câmara dos Deputados contra a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), em 2011, favorável à união civil entre casais homossexuais

Foto: Renato Araujo/ABr

Notificações de nascimentos cresce 2,6%

Em 2017, houve 2.867.711 nascimentos, um crescimento de 2,6% em relação a 2016, recuperando parte da queda nos nascimentos ocorrida em 2016.

O aumento decorre da redução dos chamados registros tardios, efetuados em anos posteriores ao do nascimento, que representaram 2,7% em 2017 contra 3,5% em 2016. Apenas o Rio Grande do Sul apresentou redução no total de nascimentos em 2017 em relação a 2016.

Na outra ponta, entre os estados que tiveram crescimento acima de 5% nos nascimentos figuram Tocantins (8%), Mato Grosso do Sul (6,3%), Acre (6,3%), Espírito Santo (5,9%), Rondônia e Rio de Janeiro (5,8%).

A pesquisadora do IBGE, ao falar do percentual de Tocantis, disse que a taxa de expansão nos estados do Norte é quantitativamente baixa quando comparada ao Sudeste.

“Nos estados da região Norte as mulheres têm filhos mais cedo e em maior número, diferentemente da região Sudeste onde elas têm menos filhos e mais tarde, geralmente depois dos 30 anos”, afirmou.

O estudo constatou, ainda, ao considerar o total de nascimentos cujas mães possuíam menos de 30 anos, que a proporção desses registros caiu de 74,3% para 64,9%, no período analisado.

“Em todas as grandes regiões do país, mas especialmente no Centro-Oeste, com redução de 11 pontos percentuais, houve queda na proporção de registros de nascimento de crianças cujas mães possuíam menos de 30 anos no período considerado”, disse Klivia.

A pesquisa também constatou que a taxa de fecundidade entre as mulheres mais jovens vem caindo. Entre 2007 e 2017, a proporção dos filhos de mães que tinham até 19 anos de idade na ocasião do parto passou de 20,22% em 2007 para 15,95% em 2017.

No grupo de 20 a 29 anos, passou de 54,1% para 48,98%, e no grupo de 30 a 39 anos, de 23,4% para 32,2%. Já na faixa de 40 anos ou mais, o percentual avançou de 2,2% para 2,9%.

*Com informações da Agência Brasil.

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