JUSTIÇA

Odebrecht ganha tempo com recuperação judicial

Com a decisão da Justiça, passa de uma das maiores indústrias de infraestrutura nacional para a posição de maior caso de proteção contra credores na história do país
Por Marcelo Menna Barreto / Publicado em 18 de junho de 2019
Edificio Odebrecht em São Paulo

Foto: Acervo Odebrecht

Edificio Odebrecht em São Paulo

Foto: Acervo Odebrecht

As dívidas de cerca de R$ 98 bilhões superam as da então recordista Oi, que declarou em 2016, dívidas de R$ 64 bilhões. A crise da Odebrecht, cuja holding congrega mais vinte empresas, é a síntese da combinação de um país em recessão profunda e os efeitos da Operação Lava Jato que minou a credibilidade da organização. A Odebrecht tem 60 dias pra apresentar um plano de recuperação.

Segundo comunicado da Odebrecht S.A. (ODB),  não estão incluídas no perímetro do pedido de recuperação judicial as seguintes sociedades: Braskem S.A., Odebrecht Engenharia e Construção S.A., Ocyan S.A., OR S.A., Odebrecht Transport S.A., Odebrecht Defesa e Tecnologia S.A., Enseada Industria Naval S.A. (em conjunto denominadas “Negócios”), assim como alguns ativos operacionais na América Latina e suas respectivas subsidiárias. Também estão fora da recuperação judicial da ODB a Atvos Agroindustrial S.A. (que já se encontra em recuperação judicial) e a Odebrecht Corretora de Seguros, Odebrecht Previdência e Fundação Odebrecht.

O Grupo Odebrecht, que contava com cerca de 200 mil empregado há cinco anos, atualmente com 48 mil postos de trabalho. Consequência, segundo a empresa, da crise econômica que frustrou muitos dos planos de investimentos feitos pela ODB, do impacto reputacional pelos erros cometidos e da dificuldade pela qual empresas que colaboram com a Justiça passam para voltar a receber novos créditos e a ter seus serviços contratados”.

As críticas à Laja Jato

Walfrido Jorge

Foto: Divulgação/Leya

Walfrido Jorge

Foto: Divulgação/Leya

“A Lava Jato é importante, mas acabou instalando um clima de vingança entre a população”, afirma o presidente do Instituto para Reforma das Relações entre Estado e Empresa, Walfrido Warde, autor do livro O espetáculo da corrupção – Como um sistema corrupto e o modo de combatê-lo estão destruindo o país (Leya). “Nós temos que combater a corrupção, nós temos que combater as causas da corrupção, e nós temos que impedir que o combate à corrupção cause efeitos colaterais adversos às empresas do Brasil. Porque sem empresa não tem emprego, sem emprego não tem renda, não tem consumo, não tem tributação, não tem desenvolvimento para o país”, afirma.

Criticar a maneira que se combateu a corrupção entre agentes públicos e privados na Operação Lava Jato não significa, segundo ele, apologia ao crime. “Temos que refletir, nos unir para criar uma legislação, criar uma política de combate à corrupção que seja capaz de matar as células cancerosas e manter o paciente vivo”, explica

A declaração de Warde, sintetizando parte de seu livro, toma concretude ao se analisar que a Odebrecht, desde que foi envolvida nas investigações da Lava Jato em 2015, teve seu quadro funcional reduzido em 82%. Relatório da empresa publicado em 2015, registrava que o conglomerado empregava 276 mil trabalhadores, enquanto hoje, quatro anos após, o número mais recente é de cerca de 48 mil funcionários. A queda se verificou desde a prisão do então presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, que levou a receita bruta da empresa cair cerca de 20%.

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