AMBIENTE

Pandemia força redução de poluição na atmosfera

Conforme avança a disseminação do novo coronavírus pelos continentes, o isolamento social forçado reduz as taxas de CO2 na atmosfera
Por Marcelo Menna Barreto / Publicado em 19 de março de 2020
Satélite mostra a redução de CO2 no planeta

Foto: Reprodução/Web

Satélite mostra a redução de CO2 no planeta

Foto: Reprodução/Web

A pandemia Covid-19 que se espalha no planeta está fazendo com que ao menos um milhão de toneladas de CO2 deixe de ser emitida no mundo por dia. Conforme dados internacionais, o fator principal é a drástica queda no consumo de petróleo. Se por um lado o aumento exponencial do consumo de materiais em plástico descartável, como luvas e máscaras é um fato negativo, por outro, alguns ambientalistas apontam possibilidades de ajudar na melhora do meio ambiente e até na redução do aquecimento global.

“O que os dados evidenciam é que temos um grande impacto ambiental na forma que a sociedade funciona hoje e vislumbramos uma oportunidade para discutir esse modelo”, diz Claudio Langone, diretor da Paradigma Gestão ambiental.

Estimativa do portal especializado Carbon Brief diz que se a redução do consumo de carvão se somar à queda de utilização do petróleo, as emissões mundiais de CO2 podem baixar este ano em cerca de 7%. O número se aproxima da meta de 7,6% de redução que o Acordo de Paris busca para atingir em 2020  e atenuar as alterações climáticas no planeta.

Claudio Langone, gestor ambiental e ex-Meio Ambiente do Rio Grande do Sul e ex-secretario-executivo do Ministério do Meio Ambiente

Foto: Acervo Pessoal

Claudio Langone, gestor ambiental e ex-Meio Ambiente do Rio Grande do Sul e ex-secretario-executivo do Ministério do Meio Ambiente

Foto: Acervo Pessoal

Essa redução proposta pelo Acordo de Paris se baseia em um relatório do Programa das Nações Unidas para o Ambiente. O documento diz que para limitar o aumento da temperatura global a 1,5 graus celsius “acima da média da era pré-industrial” é necessário a diminuição dos 7,6% por ano nas emissões de gases com efeito de estufa. A triste ironia é que esse número pode ser atingido este ano por conta da Covid-19.

Langone, que foi o primeiro secretario do Meio Ambiente do Rio Grande do Sul e secretario-executivo do Ministério do Meio Ambiente, no entanto é cético. “Hoje, certamente temos um ganho. No entanto em um cenário irreal de funcionamento da sociedade”, avalia. Para ele, seria fundamental entre outra coisas a requalificação dos sistemas de transporte, com novas alternativas. “Não é uma situação de quarentena, que vai propiciar mudanças estruturais”, acredita.

O ceticismo do especialista se justifica. Na crise financeira de 2008 também houve uma grande queda na emissão de CO2, mas após vieram medidas governamentais para estimular as economias que fizeram voltar com força as emissões. Fora isso, a evolução positiva da China indica que a crise da Covid-19 pode ser mais curta do que a crise de 2008.

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