AMBIENTE

Pesquisadores desenvolvem algoritmo que projeta futuro de espécies da Amazônia

Se não forem reduzidas as emissões de gases de efeito estufa, a temperatura do planeta poderá aumentar 3,2ºC até 2100 , de acordo com as previsões do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas
Por César Fraga / Publicado em 8 de maio de 2023
Pesquisadores desenvolvem algoritmo que projeta futuro de espécies da Amazônia

Foto: João Marcos Rosa/Comunicação AmazonFACE/Divulgação

Pesquisadores do AmazonFACE em trabalho de campo: monitorando os impactos causados pelo aumento da concentração de gás carbônico atmosférico na floresta

Foto: João Marcos Rosa/Comunicação AmazonFACE/Divulgação

Com o objetivo de projetar as estratégias de sobrevivência de espécies amazônicas em vista de condições climáticas adversas, pesquisadores da Unicamp, em São Paulo, desenvolveram um algoritmo capaz de realizar previsões potencialmente úteis. Chamado Caetê, termo em tupi-guarani que significa “mata virgem” e sigla para CArbon and Ecosystem functional-Trait Evaluation model (modelo para avaliação de características funcionais de carbono e de ecossistema), a ferramenta tem a vantagem de considerar uma diversidade vegetal maior do que outros algoritmos do tipo, o que resulta em previsões mais próximas da realidade.

Se nada for feito para que as emissões de gases de efeito estufa sejam reduzidas, a temperatura do planeta poderá aumentar 3,2ºC até 2100, de acordo com as previsões do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês). Parece pouco para a sensação térmica cotidiana, mas a mudança nos padrões de chuvas deve afetar o funcionamento de ecossistemas, como a Amazônia, de forma irreversível. No entanto, não é possível apontar uma única consequência geral que as mudanças climáticas podem trazer à floresta. Cada uma das milhares de espécies vegetais desenvolve suas próprias estratégias de sobrevivência, dando origem a uma nova configuração da vegetação.

“A maioria dos algoritmos desenvolvidos até o momento simplifica a diversidade da Amazônia a cerca de três tipos de plantas. Nós incluímos 3 mil tipos em nosso sistema”, explica Bianca Rius, doutoranda do Instituto de Biologia (IB) da Unicamp e uma das desenvolvedoras do Caetê. O sistema cruza dados referentes a condições climáticas, como precipitação, incidência de luz solar e níveis de gás carbônico na atmosfera, com diferentes características e estratégias de sobrevivência desenvolvidas pelas diversas espécies.

Assim, o algoritmo oferece respostas sobre como o ecossistema se adaptaria em diferentes condições e o que nele se alteraria, como as taxas de fotossíntese e os locais em que as plantas passariam a estocar mais carbono. A partir da combinação de diferentes dados, o algoritmo pode simular o ponto em que a Amazônia não conseguiria mais recuperar suas características originais.

 

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