MOVIMENTO

Cooperativa habitacional de professores completa 10 anos

Luis Gustavo Van Ondheusden / Publicado em 30 de janeiro de 2006

Completa 10 anos o início do projeto de cooperativa habitacional Comprometa, originalmente criada por professores do ensino privado. Um terreno foi comprado no bairro Belém Velho de forma cooperativada por 20 famílias, em Porto Alegre, dando começo à realização do sonho da casa própria. Atualmente, uma parte do projeto já está concluída: as propriedades já contam com rede elétrica, pluvial e de esgoto, além da pavimentação. As casas ainda não foram construídas, mas o envolvimento de todos tem sido fundamental para a continuidade do plano original, demonstrando que há vias alternativas para aquisição de moradia.

Há uma década começava, ainda que embrionariamente, a ser discutida a criação de uma cooperativa de moradia para os professores da rede privada do Estado. Foi com o objetivo de reunir professores interessados em formar grupos independentes que o Sinpro/RS incentivou esse projeto. A criação da cooperativa foi uma alternativa para a aquisição da casa própria, que chega a reduzir em 50% o custo da obra. Os trabalhos começaram com a conscientização dos docentes de que é acessível adquirir casa própria a partir da organização de cooperativas. Num segundo momento, professores passaram a se reunir em grupos para discutir a poupança para a aquisição do terreno, definindo também os interesses comuns dos associados.

A presidente da cooperativa, Ingrid Schneider, que já está há oito anos no projeto, afirma que a intenção, inicialmente, era reunir apenas docentes, mas com a desistência de alguns passou-se a abrir o projeto para outros interessados. “Aquelas pessoas que precisavam de uma solução urgente para a questão da moradia acabaram desistindo de participar, pois o trabalho da cooperativa é diferenciado das demais. Isso gerou uma mudança nos planos”, explica. Uma lista de espera foi criada com pessoas interessadas em entrar no projeto. De acordo com Ingrid, a cooperativa se diferencia das demais justamente pelo fato de não se preocupar muito com o tempo, ou seja, não há pressa para a construção das casas.

No momento, são 20 os cooperativados. A área, situada na rua Costa Gama, no bairro Belém Velho, em Porto Alegre, tem sete hectares, o que significa cerca de 70 mil metros quadrados de área. Estão reservados dois mil metros quadrados para cada morador, sendo obrigatório que em cada território seja preservado ao menos 50% da área. A medida é uma exigência da Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Porto Alegre (SMAM). “Cada território é delimitado por um pedaço de pedra”, explica o caseiro da cooperativa, Adão Arancibio de Medeiros Soleti, que está acompanhando as obras desde o início, em 1998, quando foi adquirida a primeira área. Logo que o terreno foi adquirido, os cooperativados já fizeram os investimentos. Parcelas mensais garantiram a construção e instalação de água, luz, pavimentação, cercamento e toda a infra-estrutura que hoje está pronta. O total de recursos investidos até agora soma mais de R$ 560 mil. O investimento para alguém entrar na cooperativa é, hoje, de R$ 44 mil.

Um estatuto deverá reger leis e normas dentro da área. Algumas já estão sendo definidas, como a proibição de muros e cercas nas propriedades. “Deverá haver no máximo algum muro mais baixo, que não impeça a visão da casa”, comenta Soleti.

O terreno já está com infra-estrutura pronta. Possui rede elétrica e de esgoto, caixa d’água e pavimentação ecológica. Uma guarita deverá, ainda, ser instalada próximo ao portão de acesso ao terreno. Quem arcou com todos os custos das obras foram os próprios proprietários. “Em alguns momentos difíceis o Sindicato nos ajudou, e isso foi determinante para a continuidade do projeto”, comenta Ingrid. Atualmente, com parte do terreno já preparado, a lista de espera é maior; no entanto o índice de pessoas que deixam a cooperativa é muito pequeno.

Iniciou-se a fase de construção das casas. Cada cooperativado está apresentando seu projeto para viabilizar o encaminhamento deste junto aos órgãos oficiais. Até o final de 2006, alguns membros já deverão estar morando no local.

Pedro Longi e Jorge Mario Comandulli, dois dos coope-rativados, elogiam a iniciativa do Sindicato ao promover a criação da Comprometa e apoiá-la. “A importância foi total. Sem esse apoio a cooperativa não existiria. A idéia foi sensacional”, afirma Longi. Ingrid também ressalta a importância do apoio da entidade sindical. “A ajuda foi muito importante, pois permitiu a concretização de uma idéia, de um objetivo”, explica. A noção de cooperativa abrange pessoas que tenham uma identidade ou algo em comum. Ingrid aponta que o Sinpro/RS é um lugar onde as pessoas estão reunidas, também, justamente por ter algo em comum.

Um dos momentos que mais surpreendeu a presidente da cooperativa foi o da distribuição de lotes. Os cooperativados decidiram, em assembléia, sem nenhum atrito ou problema, a distribuição dos terrenos. “Sabemos que as pessoas têm preferências por terrenos mais altos ou baixos, próximos ou longe da saída, enfim, vários fatores; entretanto, em nenhum instante houve problema para determinar a quem pertencia cada lote. Apenas um lote foi levado para discussão. Esse foi um momento muito legal”, contou.

INTERESSADOS – Na última assembléia dos coopera-tivados, ficou decidido renovar o cadastro dos interessados em aderir. O objetivo é manter a lista atualizada para o caso de algum cooperativado sair da cooperativa e assim poder ser substituído em curto espaço de tempo. Os que desejarem ingressar no projeto deverão marcar um horário com o professor Amarildo Cenci, do Sinpro/RS, para tratar do assunto. O telefone é (51) 4009.2990.

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